Por vezes somos surpreendidos por peças jornalísticas noticiosas, ou que obedecem a interesses clientelares, ou que têm por objectivo o aumento das vendas, explorando cirurgicamente o quadro emocional da opinião pública.
Não sei qual foi a motivação do Expresso ao noticiar espalhafatosamente um facto verídico, mas destituído de interesse relevante, para que fosse decidida a sua publicação, já que os actos de compra e venda de acções por um qualquer cidadão, e a obtenção das respectivas mais valias, não estão feridos de nenhuma ilegalidade, nem podem ser, sequer, considerados imorais. Cavaco Silva tem pois todo o direito de comprar e vender o que muito bem entender, desde que as operações se insiram num quadro de licitude. E a divulgação pública destes seus actos violentaram o direito da sua privacidade.
Com esta notícia, o que alegadamente se pretendeu, numa grosseira manobra subliminar, foi a tentativa de associar aa figura do Presidente da República ao escândalo do BPN, tentando levar o leitor a poder pensar se não haveria por ali algum comportamento irregular e ilegal por parte do titular do mais alto cargo do Estado.
Com este comportamento, a indiciar má fé, o Expresso prestou um mau serviço à imprensa portuguesa. E, curiosamente, a notícia surge no preciso momento em que Vital Moreira e alguns dirigentes do PS resolveram, num claro oportunismo mediático, inserir na campanha eleitoral o tema BPN, esquecendo-se já das exigências feitas no caso do Freeport, ao reprovarem o seu aproveitamento político, e remetendo para os tribunais o apuramento da verdade. Ao politizar o caso do BPN, nos termos em que o fez, lançando a suspeita generalizada sobre todos os dirigentes do PSD, Vital Moreira entrou em clamorosa contradição com o que escreveu no seu blogue em defesa da inocência de José Sócrates, e onde não se poupou a esforços em vergastar acintosamente todos aqueles que, na imprensa, escreviam fundamentadamente sobre o caso.
Seria interessante que o Expresso começasse a investigar também a origem dos recursos financeiros que estão a sustentar a faraónica campanha eleitoral do PS e tentasse descobrir as conexões de eventuais redes de cumplicidades nascidas em recentes negócios bancários, envolvendo instituições dependentes do Estado e uns certos figurões do mundo da alta finança, que se dedicam à gloriosa especulação bolsista.
Declaração de interesses: Fui e sou um anti-cavaquista militante.
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