domingo, 31 de maio de 2009
Um Poema ao Acaso (3) - Esplanada - Manuel António Pina
ESPLANADA
Naquele tempo falavas muito de perfeição,
da prosa dos versos irregulares
onde cantam os sentimentos irregulares.
Envelhecemos todos, tu, eu e a discussão,
Agora lês saramagos & coisas assim
e eu já não fico a ouvir-te como antigamente
olhando as tuas pernas que subiam lentamente
até um sítio escuro dentro de mim.
O café agora é um banco, tu professora do liceu;
Bob Dylan encheu-se de dinheiro, o Che morreu.
Agora as tuas pernas são coisas úteis, andantes,
e não caminhos por andar como dantes.
Manuel António Pina
Um mau serviço do Expresso
Por vezes somos surpreendidos por peças jornalísticas noticiosas, ou que obedecem a interesses clientelares, ou que têm por objectivo o aumento das vendas, explorando cirurgicamente o quadro emocional da opinião pública.
Não sei qual foi a motivação do Expresso ao noticiar espalhafatosamente um facto verídico, mas destituído de interesse relevante, para que fosse decidida a sua publicação, já que os actos de compra e venda de acções por um qualquer cidadão, e a obtenção das respectivas mais valias, não estão feridos de nenhuma ilegalidade, nem podem ser, sequer, considerados imorais. Cavaco Silva tem pois todo o direito de comprar e vender o que muito bem entender, desde que as operações se insiram num quadro de licitude. E a divulgação pública destes seus actos violentaram o direito da sua privacidade.
Com esta notícia, o que alegadamente se pretendeu, numa grosseira manobra subliminar, foi a tentativa de associar aa figura do Presidente da República ao escândalo do BPN, tentando levar o leitor a poder pensar se não haveria por ali algum comportamento irregular e ilegal por parte do titular do mais alto cargo do Estado.
Com este comportamento, a indiciar má fé, o Expresso prestou um mau serviço à imprensa portuguesa. E, curiosamente, a notícia surge no preciso momento em que Vital Moreira e alguns dirigentes do PS resolveram, num claro oportunismo mediático, inserir na campanha eleitoral o tema BPN, esquecendo-se já das exigências feitas no caso do Freeport, ao reprovarem o seu aproveitamento político, e remetendo para os tribunais o apuramento da verdade. Ao politizar o caso do BPN, nos termos em que o fez, lançando a suspeita generalizada sobre todos os dirigentes do PSD, Vital Moreira entrou em clamorosa contradição com o que escreveu no seu blogue em defesa da inocência de José Sócrates, e onde não se poupou a esforços em vergastar acintosamente todos aqueles que, na imprensa, escreviam fundamentadamente sobre o caso.
Seria interessante que o Expresso começasse a investigar também a origem dos recursos financeiros que estão a sustentar a faraónica campanha eleitoral do PS e tentasse descobrir as conexões de eventuais redes de cumplicidades nascidas em recentes negócios bancários, envolvendo instituições dependentes do Estado e uns certos figurões do mundo da alta finança, que se dedicam à gloriosa especulação bolsista.
Declaração de interesses: Fui e sou um anti-cavaquista militante.
Não chegaram para as encomendas!
sábado, 30 de maio de 2009
Verdadeiros irmãos siameses
Manuela Ferreira Leite já esgotou o seu prazo de validade, e sente-se mais vocacionada para fazer o papel de Madre Teresa Calcutá. O seu esqueleto já não aguentaria o enorme peso do cargo de primeiro-ministro.
Vital avisa que não se calará até Ferreira Leite falar
2- Questionar os grandes empreendimentos (continuação)
sexta-feira, 29 de maio de 2009
Provedor da Justiça: um falhanço escandaloso
O calculismo político do PS, na sua afincada obsessão de abocanhar tudo o que é cargo público importante, e que, pela eventual acção desalinhada do seu titular, possa ser incómodo para os interesses do governo, conduziu a uma situação insustentável e gravosa para os interesses do cidadão.
A Provedoria da Justiça, embora não tenha poder de coacção efectivo, tem, todavia, um grande poder de influência, ajudando, através dos seus pareceres, a amplificar o eco das injustiças praticadas pelo Estado e a refrear as pulsões autoritaristas dos governos, que, por vezes, sobrepõem o interesse particular de alguns ao interesse geral de todos. Veja-se o vergonhoso caso da recente legislação, que vai permitir a libertação de solos da Reserva Agrícola Nacional para a construção de infra-estruturas industriais, e que reflecte claramente uma ausência total de escrúpulos, em relação à agressão e à violação de um conjunto de valores: alimentares, ambientais, paisagísticos e culturais.
Durante um ano, o país vai ficar sem a acção vigilante e protectora da Provedoria da Justiça, amputando-se, assim, mais um direito do cidadão, consignado na Constituição da República.
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1383833&idCanal=22
Lello repreende Maria de Belém
Crónica: Uma guerra civil quase anunciada
quinta-feira, 28 de maio de 2009
Um Poema ao Acaso (2) - Epígrafe- Mário Sá Carneiro
ERCS- advertência exemplar a Manuela Moura Guedes
A postura assumida por Manuela Moura Guedes, na condução do "'Jornal Nacional de 6ª Feira", da TVI, é jornalisticamente condenável, porque, na realidade, viola os deveres de isenção, consignados nas normas deontológicas da profissão.
Enquanto espaço noticioso, a sua função deve cingir-se à prestação de uma informação objectiva, rigorosa e isenta, e sempre apoiada em fontes fundamentadas e credíveis, e, ao mesmo tempo, assumir uma posição independente (sem tomar partido), perante as questões colocadas aos seus entrevistados e comentadores, a quem compete a tarefa do exercício de opinião. Se Manuela Moura Guedes pretende emitir opiniões públicas num programa informativo, deve passar para o outro lado da cadeira, e deixar o lugar de pivot para outro jornalista, que lhe faça as perguntas necessárias sobre um qualquer assunto.
No jornalismo, a separação entre a notícia, a opinião pessoal e publicidade, encapotada ou não, é essencial e obrigatória, a fim de não ludribiar as expectativas e a credulidade do leitor ou do telespectador.
E teria de ser nestes termos, numa forma clara e sem ambiguidades, que a Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERCS) deveria ter centrado a sua condenação, e não, como manifestamente fez, ter enveredado pela deriva sub-reptícia de questionar implicitamente os critérios editoriais de um órgão de informação. Ao insistir habilmente na tónica da perseguição ao primeiro ministro, a ERCS foi inspirar-se nos argumentos da "cabala" e da "campanha negra", colocando-se, também ela, numa posição pouco cómoda, em relação à sua isenção na mediação deste conflito de interesses, onde a pertinência da crítica reside na forma e não no conteúdo.
http://www.correiomanha.pt/noticia.aspx?contentid=33183200-99CE-430F-84AA-E1AA686B29A6&channelid=00000021-0000-0000-0000-000000000021
BPN quer ser indemnizado
terça-feira, 26 de maio de 2009
Um Poema ao Acaso - Para o Ernesto Veiga de Oliveira no dia da sua morte- Sophia de Mello Breyner Andresen
PARA O ERNESTO VEIGA DE OLIVEIRA NO DIA DA SUA MORTE
Àquele que hoje morreu
tendo sido
Fiel a cada hora do vivido
Trago o poema desse tempo antigo:
Irisado cintilar dos areais
Na breve eternidade desse instante
Que não pode jamais ser repetido
Foi nesse tempo o tempo:
Longas tardes conversas demoradas
No extático fervor adolescente
Das grandes descobertas deslumbradas
Versos dança música pintura
Um mundo vivo em canto e em figura
Que a vida inteira ficará comigo
Agradecendo a graça do ter sido
Assim pudesse o tempo regressar
Recomeçarmos sempre como o mar
Sophia de Mello Breyner Andresen
segunda-feira, 25 de maio de 2009
O incómodo de usar o apelido "Pau"
O Registo Civil de Beja recebeu o seguinte requerimento:
Beja, 5 de Fevereiro 2006.
Em resposta, a requerente recebeu a seguinte mensagem:
Cara Senhora Pau:
Se o Pau tiver sido adquirido após o casamento, a remoção é mais fácil, pois, afinal de contas, ninguém é obrigado a usar o Pau do cônjuge se não quiser. Se o Pau for do seu pai, torna-se mais difícil, pois o Pau a que nos referimos é de família e tem sido utilizado há várias gerações.
domingo, 24 de maio de 2009
Economia subterrânea - alterne e prostituição
A prostituição e o negócio das casas de alterne movimentam uma quantidade colossal de dinheiro, juntando-se a outras actividades da economia subterrânea, que, no seu conjunto, representam em Portugal, cerca de 22 por cento do PIB anual.
Começa a saber-se também que não são as mulheres, que se dedicam à prostituição e ao alterne, quem mais beneficia dos avultados rendimentos gerados. Nestas actividades, existem situações claras de escravatura e de tráfico de mulheres, que as autoridades têm dificuldade em identificar e desmantelar.
O congresso do Sindicato das Carreiras de Investigação e Fiscalização do SEF, realizado este fim de semana em Bragança, traçou um quadro negro desta situação, bem caracterizada quando se afirmou que "O dinheiro ilegal realizado pelas casas de alterne durante um ano dava para pagar uma nova auto-estrada entre Amarante e Bragança".
Esclarecedor!
1-Questionar os grandes empreendimentos
A importância do novo aeroporto e do TGV
O TGV, ao colocar-nos na rota ferroviária europeia, e tal como já acontece com as auto-estradas, diminuiria os efeitos negativos da condição periférica do país, aumentando o potencial da sua integração no espaço europeu, com visíveis benefícios no domínio económico, social e cultural. E todos sabemos que, para além da herança histórica recebida, o atraso secular de Portugal só poderá ser explicado pelo seu afastamento em relação aos centros mais dinâmicos da Europa. As ideias, as modas, as técnicas, a tecnologia, as novidades culturais, e tudo o mais, aterram em Portugal, quando na Europa desenvolvida já estão em fim de ciclo, num desfazamento temporal que lhes encurta o prazo de validade, e condicionando os seus potenciais benefícios para o progresso e para o desenvolvimento . Para caracterizar bem esta asserção, poder-se-ia dizer que Portugal anda sempre em contra-ciclo, ou, utilizando outra metáfora,compra tudo em segunda mão, embora a situação actul não possa comparar-se à estagnação e ao estiolante isolamento, vivido antes do 25 de Abril.
sábado, 23 de maio de 2009
Belmiro desmente ministro
O poder político, as instituições reguladoras e os comentadores, quer aqui, quer noutros países, já nos habituaram ao movimento pendular das suas opiniões, obedecendo a uma centralizada estratégia de tentar ocultar da opinião pública a verdadeira natureza da profunda crise e os seus estragos colatrais, assim como as suas verdadeiras causas . De manhã, ao acordar, dizem-nos que a economia já apresenta sinais animadores; ao almoço, dizem-nos que a crise já tocou no fundo; e à noite, para adormecermos sem pesadelos, afirmam, a medo, que, afinal, ainda existem sinais preocupantes.
Vou inverter o meu ciclo biorítimico, dormindo durante o dia e estando vigil durante a noite, para não ser enganado. AC
http://www.jornaldenegocios.pt/index.php?template=SHOWNEWS&id=369314
Novo perdão?
Penhor público de activos de clientes do BPP "não tem impacto" nas contas
23.05.2009-PÚBLICO
O Banco de Portugal (BdP) está a notificar os clientes do Banco Privado Português (BPP) sobre a existência de uma penhora realizada pelo Estado sobre os seus activos. No entanto, "a medida não tem qualquer impacto nas contas dos clientes", disse ao PÚBLICO fonte oficial do Banco Privado Português (BPP), instada a comentar uma notícia da agência Lusa, segundo a qual o Banco de Portugal (BdP) está a notificar os clientes da instituição financeira a recordar-lhes que estão obrigados a pagar juros e amortizações de empréstimos que tenham contraído e que sobre eles foi constituído penhor a favor do Estado. Em causa esteve o aval público dado à banca a operar em Portugal para sustentar um empréstimo de 450 milhões de euros concedido ao BPP em Dezembro. A Lusa revelou que o BdP decidiu recordar aos clientes do retorno de absoluto "que estão obrigados a pagar juros e amortizações de empréstimos que tenham contraído e que sobre eles foi constituído penhor a favor do Estado". A iniciativa surge seis meses depois de vários bancos terem avançado com um empréstimo ao BPP de 450 milhões de euros. Este financiamento, que vence a 6 de Junho (não renovável), foi sustentado num aval público que tem por base um contrapenhor de activos do balanço do BPP no valor de 672 milhões de euros. Entre os activos penhorados estão os investimentos directos realizados por clientes com aplicações de capital garantido, que têm as suas contas cativas. C.F.
Moralização da vida política
Deputado trabalhista poderá ser obrigado a abandonar cargo por ter apresentado despesas da casa da filha
23.05.2009, Isabel Gorjão Santos-PÚBLICO
O deputado britânico Ian Gibson poderá perder o direito de continuar a ser candidato pelo Partido Trabalhista após ser acusado de apresentar despesas relativas a um apartamento onde vivia a filha e o namorado. Gibson alegou que, durante algum tempo, ficou naquela casa três vezes por semana, mas depois vendeu o apartamento à filha por um montante muito abaixo do preço de mercado. O caso de Gibson, ontem divulgado pelo diário Daily Telegraph, segue-se a várias outras situações de deputados que abusaram das despesas com a segunda habitação pagas pelo erário público e que têm sido divulgadas desde 8 de Maio. Isto está a causar uma crise que afecta o Governo trabalhista de Gordon Brown e a oposição conservadora de David Cameron. Os trabalhistas estão com uma considerável desvantagem nas sondagens.Ao todo, Gibson apresentou nos últimos quatro anos 80 mil libras (cerca de 90.800 euros) em despesas relacionadas com a hipoteca e outras contas relativas a um apartamento em Londres. No entanto, adiantou o Telegraph, a filha do deputado, Helen Gibson, viveu naquele apartamento com o namorado vários anos, com a renda e as contas pagas pelos contribuintes, até comprar em Junho a casa por um preço muito abaixo do mercado. Segundo o próprio Gibson, o apartamento foi comprado por 195 mil libras e depois vendido à sua filha por 162 mil, numa altura em que o imóvel estaria avaliado num montante entre 250 mil e 300 mil libras.O caso de Gibson foi agora submetido a uma comissão do Comité Executivo Nacional do Partido Trabalhista. O deputado disse à BBC que o apartamento foi a sua casa durante muitos anos e que, quando a vendeu, porque queria mudar para uma casa arrendada junto a Westminster, "os preços estavam a baixar".O escândalo das despesas está também a afectar deputados conservadores, como Anthony Steen, que ontem foi repreendido pelo líder do partido por dizer que os que criticaram as suas despesas têm "inveja" da sua casa. Cameron disse ao deputado que poderá ser expulso se voltar a dizer algo semelhante. "É completamente inaceitável", disse à BBC. Steen pediu desculpa pelo comentário, que considerou "impróprio".A deputada conservadora Nadine Dorries defendeu que os políticos britânicos estão a ser vítimas de uma "caça às bruxas" e disse recear que algum deputado cometa o suicídio. Um porta-voz dos conservadores disse que essa opinião "não reflecte a visão do partido". Gibson alegou que morou naquela casa e que a vendeu mais barata "porque os preços estavam a baixar".
Óbito
O General Lemos Pires (na foto, o segundo a contar da esquerda, a meu lado) morreu na última sexta-feira, vítima de doença prolongada. Concedeu-me a honra de ter sido ele a apresentar o meu livro «O Bando do Liceu», na sessão de lançamento, realizada no Liceu de Lamego, que ambos frequentámos.
Foi um oficial distinto das Forças Armadas, que se notabilizou em Timor, tendo sido o último governador daquela colónia. Perante a invasão indonésia e a negligente indiferença do governo central de Lisboa, apanhado de surpresa pelos acontecimentos na sua última colónia e a braços com uma revolução no país, Lemos Pires conduziu com discernimento e coragem a retirada das tropas portuguesas para a ilha de Ataúro, evitando assim uma humilhação perante o exército invasor, desproporcionadamente muito mais numeroso e muito melhor equipado.
A história dessa conturbada época naquela longínqua ilha do Pacífico recebeu um notável contributo com o livro que publicou, «A descolonização de Timor- Missão», e que é uma obra de referência importante e de consulta obrigatória para os historiadores interessados neste tema específico.
O General Lemos Pires também dedicou um carinho especial pelo renascido movimento dos antigos alunos do Liceu de Lamego, que anualmente realiza um grande encontro naquela cidade, no dia 1º de Dezembro.