Resposta a uma pergunta sobre
o texto “A bivalência da coisa”
Num Grupo do facebook, um leitor interessado,
reagiu ao meu texto, A bivalência da
coisa, também aqui publicado, deixando a seguinte pergunta: Qual a solução?
Respondi assim:
Há várias soluções, A T:
1ª - Se eu tivesse uma bomba atómica, lançava-a
no edifício da sede da UE. Cortava-se o mal pela raiz.
2ª - Forçar, da parte do governo português, a
renegociação da dívida e a sua reestruturação, perdoando-se parte do seu
montante e alongando o prazo da sua total liquidação, para dar folga a
Portugal, que assim poderia aumentar o investimento público, de forma a fazer
crescer a economia para os quatro e cinco por cento, o que não está a ser
conseguido, nem pode estar, porque a dívida contraída às entidades da troika,
tal como está estruturada, constitui um verdadeiro garrote para a economia
portuguesa.
Não está a pedir-se nada que a então Alemanha
Ocidental não tenha pedido aos países vencedores da Segunda Guerra Mundial, em relação ao pagamento das
indemnizações de guerra, entretanto transformadas em dívida
Recorde-se que, quando o governo da nossa
desgraça assinou o acordo com a troika,
o cálculo então feito - para que Portugal conseguisse pagar a dívida até ao
prazo estabelecido (2035 para a dívida do FMI e 2036 para a dívida ao BCE e à
Comissão Europeia) - apontava para a necessidade da economia portuguesa crescer
os tais quatro a cinco por cento, ao ano. Ora, nos últimos três exercícios anuais, o
crescimento da economia nem sequer chegou a metade dessa percentagem, nem nunca
vai chegar, se não houver dinheiro para mais investimento público.
A não se negociar nada, o esforço orçamental do
Estado português terá de ser muito maior, em prejuízo dos salários, das pensões
e do Serviço Nacional de Saúde, como, aliás, já está a acontecer com o
Orçamento de Estado deste ano. E, com excepção dos anos eleitorais, os
orçamentos serão cada vez mais apertados, o que se vai repercutir na descida
gradual do nível de vida dos portugueses, no aumento da pobreza e na degradação
do Estado Social.
Pergunto: É isto que os portugueses querem? É
desta forma cruel que a Europa é amiga de Portugal? É a isto que se chama virar
a página, como António Costa anda sempre a dizer?
3ª– Se a primeira hipótese é inviável,
impraticável e impossível e a segunda é rejeitada pelos partidos europeístas nacionais,
então o melhor é ir à bruxa.
É o que eu também vou fazer.
É o que eu também vou fazer.
Alexandre
de Castro
2018 04 12