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quinta-feira, 12 de abril de 2018

Resposta a uma pergunta sobre o texto “A bivalência da coisa”


Resposta a uma pergunta sobre
o texto “A bivalência da coisa”


Num Grupo do facebook, um leitor interessado, reagiu ao meu texto, A bivalência da coisa, também aqui publicado, deixando a seguinte pergunta: Qual a solução?

Respondi assim:

Há várias soluções, A T:

1ª - Se eu tivesse uma bomba atómica, lançava-a no edifício da sede da UE. Cortava-se o mal pela raiz.

2ª - Forçar, da parte do governo português, a renegociação da dívida e a sua reestruturação, perdoando-se parte do seu montante e alongando o prazo da sua total liquidação, para dar folga a Portugal, que assim poderia aumentar o investimento público, de forma a fazer crescer a economia para os quatro e cinco por cento, o que não está a ser conseguido, nem pode estar, porque a dívida contraída às entidades da troika, tal como está estruturada, constitui um verdadeiro garrote para a economia portuguesa.

Não está a pedir-se nada que a então Alemanha Ocidental não tenha pedido aos países vencedores da Segunda Guerra Mundial, em relação ao pagamento das indemnizações de guerra, entretanto transformadas em dívida

Recorde-se que, quando o governo da nossa desgraça assinou o acordo com a troika, o cálculo então feito - para que Portugal conseguisse pagar a dívida até ao prazo estabelecido (2035 para a dívida do FMI e 2036 para a dívida ao BCE e à Comissão Europeia) - apontava para a necessidade da economia portuguesa crescer os tais quatro a cinco por cento, ao ano. Ora, nos últimos três exercícios anuais, o crescimento da economia nem sequer chegou a metade dessa percentagem, nem nunca vai chegar, se não houver dinheiro para mais investimento público.

A não se negociar nada, o esforço orçamental do Estado português terá de ser muito maior, em prejuízo dos salários, das pensões e do Serviço Nacional de Saúde, como, aliás, já está a acontecer com o Orçamento de Estado deste ano. E, com excepção dos anos eleitorais, os orçamentos serão cada vez mais apertados, o que se vai repercutir na descida gradual do nível de vida dos portugueses, no aumento da pobreza e na degradação do Estado Social.

Pergunto: É isto que os portugueses querem? É desta forma cruel que a Europa é amiga de Portugal? É a isto que se chama virar a página, como António Costa anda sempre a dizer?

3ª– Se a primeira hipótese é inviável, impraticável e impossível e a segunda é rejeitada pelos partidos europeístas nacionais, então o melhor é ir à bruxa.
É o que eu também vou fazer.

Alexandre de Castro
2018 04 12