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domingo, 8 de abril de 2018

Prisão de Lula da Silva: quando a verdade é uma agulha num palheiro


Prisão de Lula da Silva: quando a verdade é uma agulha num palheiro


Léo Pinheiro, à altura presidente da OAS, começou por ser interrogado pelas autoridades no âmbito da Operação Lava Jato em 2014, tendo sido logo preso. Negociou um acordo de delação premiada com os investigadores mas, em 2016, o acordo caiu por terra. Tudo porque a Procuradoria acusou-o de quebra de confidencialidade, depois de ter surgido uma notícia sobre o acordo na revista Veja. Apesar disso, Pinheiro quis colaborar na mesma com a investigação, na esperança de que tal ajudasse a reduzir a sua pena, o que veio a acontecer: Sérgio Moro, no final do julgamento, reduziu a pena que lhe aplicou de 10 anos e oito meses de prisão para uma pena de apenas 2 anos e seis meses em regime fechado, passando o resto da pena a regime aberto. Léo Pinheiro está ainda condenado a outros 42 anos de prisão, por outras duas sentenças também aplicadas por Moro, relacionadas com a Lava Jato.


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Lendo o artigo do OBSERVADOR, que segue a linha de pensamento da narrativa do juiz Sérgio Moro, até parece que, na realidade, Lula da Silva foi corrompido, tal é a força das provas trazidas para o processo.

No entanto, na narrativa da acusação, há uma nebulosa opaca, como são todas nebulosas, e, ao mesmo tempo, intrigante, que não deixa ver toda a verdade, escondida que está no meio de tantas assumidas certezas. Refiro-me a Léo Pinheiro, director, à altura dos factos, da OAS, a dona do célebre Triplex, e que começou a ser investigado pelas autoridades, ainda no âmbito da Operação Lava Jato, em 2014, tendo sido imediatamente preso. E é na prisão que ele propõe (ou aceita?) um acordo de delação premiada, uma figura jurídica controversa, que muitos juristas contestam e condenam, pois, a partir desse momento, o arguido diz, afirma, subscreve (e põe-se de joelhos, se necessário for) tudo o que os investigadores quiserem, caso o objectivo da investigação esteja inquinado (por motivos políticos ou por motivos de outra natureza) pela tentação de atribuir a culpa a quem a não tem e, noutros casos, de absolver quem a tem.

E, no final do julgamento de Lula da Silva, o juiz Sérgio Moro foi magnânimo para com Léo Pinheiro. A generosidade da clemência fala por si, e levanta alguma suspeição, embora eu, da minha parte, não queira promover nenhum processo de intenções. Sérgio Moro, que condenou Léo Pinheiro a dez anos e oito meses de prisão, premiou a delação, reduzindo-lhe a pena para, apenas, “dois anos e seis meses, em regime fechado, passando o resto da pena a regime aberto”, o que prova que a delação compensa, mesmo que seja comprada pela investigação, em muitos casos.

Entretanto, eu, por mim, neste texto, consegui dizer tudo o que tinha a dizer, sem me comprometer com nada, uma vez que a verdade nem sempre vem à tona da água.

Alexandre de Castro
2018 04 08