As Portas Que Abril Abriu
Não posso deixar de emocionar-me até às lágrimas
e com um grande nó a atar-me a garganta, ao ouvir a vigorosa voz de Ary dos
Santos, a declamar, com força e emoção, o seu grandioso poema, "As Portas Que
Abril Abriu", que é o grande poema da Revolução de Abril e, revolução
essa, que o povo, com toda a sua criatividade, logo baptizou como a Revolução
dos Cravos, tal foi a profusão de cravos que alastrou pelas ruas de Lisboa,
como se tratasse de um fenómeno de geração espontânea, e que começaram a
engalanar os canos das espingardas e as coberturas dos tanques.
Fica-nos na memória todo o romantismo que esta
revolução inspirou à minha geração, que a viveu em profundidade, com muito amor
e com muita convicção, alimentando aquela esperança de que, com o derrube do
caduco regime fascista, iríamos construir um país novo.
E essa esperança ainda não morreu, nem pode
morrer.
[Por motivos de força maior, não poderei estar
presente no desfile da avenida, que, por sinal, se chama da Liberdade. Cantem
por mim a "Grândola, Vila Morena".
Alexandre
de Castro
2018 04 25