O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa,
afirmou hoje, no Porto, que o manifesto subscrito por 70 personalidades é
"tardio", mas vem confirmar a necessidade "urgente" da
renegociação da dívida e a rutura com o atual rumo político.
No comício comemorativo do 93.º aniversário do
partido, o líder comunista salientou que o manifesto conclui a necessidade
"imediata" do país renegociar a sua dívida pública, reconhecendo a
natureza insustentável da dívida e as consequências devastadoras que lhe estão
associadas.
"Uma renegociação que, para o PCP, deve ser
assumida por iniciativa do Estado português, na plenitude do direito soberano
da salvaguarda dos interesses do país e do povo, assente num serviço de dívida
compatível com o crescimento económico e a promoção do emprego, tendo como
objetivo a sustentabilidade da divida no medio e longo prazo", referiu.
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O Manifesto dos 70 é tardio e opta por uma
solução minimalista. Perante o gigantismo da dívida do Estado português, a sua “reestruturação”
(alongamento das maturidades e abaixamento de juros) já é insuficiente. Neste
momento, em que a perspetiva futura de bancarrota se apresenta como provável, a
solução também passa pelo perdão de parte dessa dívida, através da sua “renegociação”,
tal como propôs o PCP, já em 2011, e que não é nenhuma novidade nas relações
financeiras entre Estados soberanos. A própria Alemanha beneficiou da
benevolência dos seus credores, onde constava a Grécia, que lhe perdoaram cerca
da metade da dívida soberana e lhe alongaram os prazos de maturidade.
Mas, apesar destas insuficiências, o manifesto
teve o mérito de mostrar as brechas que já estão a abrir-se no setor da direita
e a ampliar na opinião pública o ceticismo em relação à política de austeridade
seguida pelo governo. Embora tardiamente, as pessoas começam a perceber que os
sacrifícios vieram para ficar, e com a agravante de não conduzirem a lado nenhum,
a não ser à pobreza endémica da maior parte da população.
O manifesto, uma vez que cruza subscritores de
vários quadrantes ideológicos, tem dois tempos com marcas identitárias
diferentes. O primeiro, o da análise económica, aliás, bem sucedida, tem a
marca das personalidades mais à esquerda, onde se vislumbra a mão dos
economistas neo-Keynesianos. O segundo, o das soluções propostas, tem a
influência das personalidades de direita, que evitaram qualquer referência
explícita ao governo, que apenas implicitamente é criticado.
3 comentários:
Sinceramente já não acredito na salvação....o acordar está a ser demasiado tardio.....e mesmo assim, falta muita gente,deixar o seu estado hipnótico...e com jeito eles vão parar todos ao poleiro novamente....Claro, que a parcela que surge da direita nunca iria criticar os seus comparsas diretamente...são todos uns covardes....E, a Alemanha a nós nunca perdoará coisa alguma....o dinheiro vai entrando à custa do desgraçado...Enfim, vamos ver o que nos espera...mais corte com toda a certeza.......
Ana: Não desanime. A História não acabou.
Na verdade
um dia será luz
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