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Cuidado
com as cabalas do imperialismo…
Andou bem o governo português em não alinhar com
a histeria colectiva da expulsão de embaixadores russos nos países ocidentais,
com base no argumento da tentativa de assassinato, por envenenamento, de um ex-espião
russo, no Reino Unido, tentativa essa rapidamente atribuída, com uma grande
ligeireza, à maldade de Putin, mas sem que fosse apresentada uma qualquer prova
material e objectiva. Quem me diz a mim, que o antigo espião não foi vítima de
uma operação levada a cabo pelos serviços secretos britânicos, num esquema
combinado pelo governo britânico e pelo governo dos EUA, para assim, através
deste incidente mediático, explorado até ao limite da infâmia, dar o pontapé de
saída a uma nova guerra fria, que, nos tempos actuais, poderá transformar-se
numa guerra quente?
Não tenho nenhuma prova para fazer esta
presunção de culpa, é certo. Mas também a primeira-ministra britânica não
possui nenhuma prova (pelo menos não a publicitou) de que aquela tentativa de
assassinato tenha o dedo de Putin.
Por outro lado, uma campanha destas,
mediaticamente bem programada e também bem executada e ampliada pela
comunicação social do sistema, serve perfeitamente para desviar as atenções da
opinião pública, em relação aos crimes de guerra que os EUA, através da CIA, e
a França e o Reino Unido, através de destacamentos militares especializados,
andam impunemente a cometer no território da Síria, repetindo o modelo que os
EUA e a França aplicaram na Líbia, com os resultados que se conhecem: metade do
mundo árabe, em vinte anos, foi devastado por guerras sanguinárias, levadas a
cabo pelos EUA, como foi o caso da invasão do Iraque, ou com o seu apoio e
patrocínio, como foi nos restantes casos. E disto ninguém fala, porque tudo foi
feito em nome dos supremos valores da civilização ocidental.
Alexandre
de Castro
2018 03 28
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MEU COMENTÁRIO NO
FACEBOOK
Percorri alguns blogues progressistas da minha
preferência e verifiquei uma grande sintonia de posições em relação a este caso
do antigo espião russo.
No entanto, em alguns desses blogues também se
refere a necessidade que a primeira-ministra-ministra, Theresa May, teria tido para
construir uma narrativa empolgante, à maneira das tragédias gregas, para
desviar a atenção da opinião pública britânica da discussão sobre o Brexit, que
está a aquecer, como é natural.
Ao mesmo tempo, e isto já é da minha lavra, os
países ocidentais aproveitaram a ocasião para mostrar ao mundo que estão
unidos, o que é uma outra narrativa para tentar esconder as profundas divisões
que estão a minar o bloco euro-americano.
A situação começa a ficar preocupante. A
tentação do Trump de querer carregar o botão nuclear é enorme. Isto remete-me
para os períodos antes das duas guerras mundiais, do século passado, em que os
futuros beligerantes alternavam nas provocações, a fim de medir forças e
intenções.
Os EUA chegaram a uma situação desesperada.
Perderam a hegemonia militar, em relação à Rússia, e estão também a perder a
posição dominante, a nível económico, em relação à China. Estes dois motivos
ponderosos são suficientes para levar Trump a carregar no botão, antes que seja
tarde, a fim de eliminar de vez os dois adversários. E é disto que eu tenho
medo, pois as consequências para a Humanidade (aquela que viesse a sobreviver),
seriam incalculáveis e nem sequer temos capacidade para as imaginarmos.
O Hitler não soube ponderar os riscos de uma
guerra... E basta um doido, para fazer deflagrar a guerra,
que todos nós tememos.