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sábado, 28 de outubro de 2017

Não há nenhuma ilegalidade na luta pela liberdade de ser independente


Não há nenhuma ilegalidade na luta pela liberdade de ser independente

Não foi através de um Estado de Direito que a Catalunha foi anexada pela Espanha, em 1714, através de uma guerra atroz e violenta. Portanto, há na Catalunha um direito histórico, de temporalidade próxima, que é necessário respeitar. E, por outro lado, a Catalunha nunca teve afinidades políticas, sociais, culturais e linguísticas com Espanha. E não me venham falar da ilegalidade deste forte movimento independentista, pois as lutas dos povos, pela sua liberdade e independência, têm de ser sempre contra a legalidade instituída, pelo ocupante. E é por isto que as revoluções não vão a votos, pois, caso contrário, nenhuma revolução se realizaria.

E é escandaloso que os países europeus, incluindo Portugal (ver aqui), neguem injustamente aos catalães, de uma forma cínica e hipócrita, aquilo, que - e também injustamente, para o povo palestiniano - concederam a Israel, reconhecendo a sua condição de Estado, pelo facto da Palestina ter sido o território do Reino Judaico, Reino este que se desmembrou com a ocupação dos romanos, há dois mil anos, existindo pois, aqui, uma temporalidade muito remota, que invalida o argumento histórico invocado pelos sionistas.
Alexandre de Castro
2017 10 28

3 comentários:

Alexandre de Castro disse...

De Estêvâo Filipe Mussuku Mihimpu, recebi no Facebook o seguinte comentário:

Estou a aprender muito com os comentários de gente conhecedora da história . Será que a Galiza , o país Basco e a Andaluzia têm o mesmo histórico da Catalunha ? Por outro , Córsega na França , Flandres na Bélgica , Milano e Nápoli na Itália , também reivindicam. O senhor Alexandre pode dar - me um subsídio acerca?

Alexandre de Castro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Alexandre de Castro disse...

Caro Estêvâo Filipe Mussuku Mihimpu :

Em relação à Catalunha e ao país basco, não tenho dúvidas sobre a pulsão nacionalista e independentista dos respectivos povos, nos quais existe uma maioria que deseja separar-se do Estado espanhol. E se na Catalunha existe uma significativa franja de catalães contra a independência, isso deve-se às duas gerações, a segunda e a terceira, que hereditariamente sucederam aos castelhanos, que Franco estimulou, concedendo generosas benesses, a instalarem-se definitivamente na Catalunha, num processo idêntico, que ocorreu paralelamente, ao adoptado pelo lobie sionista, em relação ao povoamento da Palestina, por judeus.

Em relação às outras regiões europeias, onde existem tendências secessionistas, no seu seio, julgo que os respectivos adeptos são minoritários. Mas, sobre isto, não tenho informação suficiente para emitir juízos de valor, não podendo, pois, elucidá-lo, o que lamento.

No entanto, posso dizer-lhe, e sem falsear a História, no seu processo evolutivo, que a Europa é um continente de nações e não um continente de Estados, como actualmente existe, e que é o resultado da beligerância de cada época, com os vencedores a traçarem as linhas das fronteiras, de acordo com os seus interesses, e sem respeitarem as idiossincrasias de cada nacionalidade e de cada povo. Com uma Europa assim desenhada, não é de admirar que, actualmente, as forças centrífugas comecem a manifestar-se no continente europeu, contrariando o projecto centrípeto da UE, que tem já em marcha o processo faseado de transferir a soberania dos Estados para as instâncias comunitárias, processo este com o qual não me identifico nem me conformo.

Espero que o meu texto lhe seja útil.