O SIM, na
Catalunha, já ganhou…
O SIM do referendo já ganhou, mesmo sem contar
os votos (o que é impossível, devido à intervenção selvagem dos gorilas
policiais, enviados por Madrid). E ganhou, porque até os aborígenes
tasmanianos, no outro extremo do mundo, já sabem que na Europa existe um povo,
o catalão, que quer sacudir a canga de trezentos anos de ocupação,
historicamente ilegítima. O mundo já sabe, e não vai faltar aos catalães a
solidariedade dos povos.
Quem residiu em Barcelona, tal como eu, embora
por um curto período de tempo, e ainda nos tempos duros do franquismo, sabe que
a alma catalã não morreu, e que o sonho de recuperar a sua soberania, usurpada
pela guerra, continua a ter a sua matriz original.
Tal como o martirizado povo palestiniano tem o
direito inalienável ao seu território, que lhe foi usurpado, pela manha e pela
guerra, pela seita do sionismo internacional, também a Catalunha anseia e luta
pela reconquista da sua plena soberania, que o actual governo de Madrid,
chefiado por um pós-franquista, e que agora está a revelar-se um pós-fascista,
lhe quer negar.
Os legalistas de todos os matizes, esquecendo a
História da Catalunha e a cultura da nação catalã, refugiam-se no falacioso
argumento de que o referendo é ilegal. E é, na realidade, ilegal. Mas nenhuma
revolução foi e é legal. Todas elas são desencadeadas, infringindo a lei do
sistema instituído, que se pretende derrubar. E a Catalunha está a viver um
período pré-revolucionário, que tem de desafiar a lei do dominador. Os capitães
de Abril não pediram licença a Marcelo Caetano nem efectuaram um referendo para
desencadear o golpe mortal contra um regime decrépito e odiado pelo povo.
Por outro lado, esses legalistas de ocasião, os
indígenas e os de fora, nunca exigiram que se consultasse o povo palestiniano
sobre a constituição do Estado sionista de Israel, no seu território.
Também a maioria dos países ocidentais se
agarram à legalidade, quando isso convém aos seus interesses. Caso contrário,
mandam-a às urtigas, como aconteceu
recentemente com a Ucrânia, em que a UE (leia-se Alemanha) se empenhou a fundo
na queda de um governo eleito. No entanto, na recente reunião dos líderes
europeus, de há dias, o tema da Catalunha, estrategicamente (pelo que se sabe)
não foi abordado, como
se não fosse importante para a UE, a braços com a emergência de muitas forças
centrífugas no seu seio.
Alexandre
de Castro
2017 10 01
Sem comentários:
Enviar um comentário