A propósito da morte de Júlio Pomar.
Vão morrendo os ícones da cultura portuguesa
contemporânea, que a minha geração "aprendeu" a admirar. Morremos um
pouco por cada um deles, que nos deixa, e somos invadidos por um indelével
sentimento de "perda" e de "orfandade".
E esse sentimento de "perda"
aprofunda-se dramaticamente, quando verificamos que se vai formando, à nossa
volta, um assustador vazio cultural, pois eu não vislumbro os sucessores que,
mesmo em ruptura com o passado, ao nível dos paradigmas (o que é normal
acontecer), assegurem a continuidade da cultura herdada.
E esta fractura cultural profunda talvez se
explique pelas rápidas mudanças, a todos os níveis, geradas, para o bem e para
o mal, no ventre da globalização e sustentadas pela vertigem das novas
tecnologias.
Talvez estejamos em presença da maior revolução
da Humanidade, que vai impor um novo modelo para o que, actualmente, entendemos
por "cultura".
Alexandre
de Castro
2018 05 23