Ainda tenho a memória desse tempo sem futuro.
Era o país de Salazar, um campónio doutorado,
que odiava o progresso e dele desconfiava, e que, da Cultura, tinha apenas a
visão distorcida de um seminarista da província.
Era o país do "Livro Único", onde os
portugueses aprendiam a ser "obedientes, pobres, honestos e
trabalhadores", e em que se legislava sobre o comprimento das saias das
mulheres, que tinham de esconder os joelhos, para evitar os seus perversos
efeitos eróticos.
Era o país em que só se deveria
"foder", às escuras, embora os portugueses estivessem sempre a ser
"fodidos", às claras. (*)
Era o país que até tinha um Portugal dos
Pequeninos.
Alexandre
de Castro
2018 05 08
(*) Desculpem o calão utilizado, que não é dos
meus hábitos, na escrita. Mas, desta vez, tinha de vos escandalizar, tal como,
certamente, se escandalizaram com a visualização deste vídeo. E, oxalá, que uma
grande crise, que, segundo alguns economistas de renome, vem aí a caminho, não
nos ponha novamente a comer, ao pequeno- almoço, caldo de couves e pão com
toucinho.