Mário Centeno, o coordenador do programa
macroeconómico do PS, vai ser mesmo orador convidado na Conferência
Internacional sobre os Jovens, organizada pela Presidência no próximo fim de
semana, no âmbito dos Roteiros do Futuro. E já tinha sido convidado para esta
iniciativa, anunciada ainda no final do ano passado, muito antes de vir a
público o citado programa.
O Expresso sabe que o economista e funcionário
do Banco de Portugal é muito respeitado em Belém pela sua competência, tendo
aliás participado em outras iniciativas da Presidência. Foi, por exemplo, um do
participantes da conferência de 30 economistas de várias áreas ideológicas e
políticas, que o Presidente reuniu em julho de 2013 no palácio presidencial,
para discutir as alternativas económicas que se colocavam ao país, numa altura
em que em plena troika o debate estava muito extremado.
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Começa a ficar provado. Centeno é uma carta do
mesmo baralho. Está já a fazer o tirocínio para ser o Vítor Gaspar do PS, numa
versão recauchutada. Para já, com aquele estudo económico, que orientou, destinado a servir de base programática para um futuro governo do PS, ele apenas procurou
tapar o Sol com uma peneira. Nem uma palavra, sequer, sobre a dívida pública
externa e o seu pagamento, nem sobre a necessidade da sua reestruturação.
Também nada disse sobre o Tratado Orçamental, que é um autêntico travão à
aplicação de uma séria política de crescimento económico. Olimpicamente,
ignorou os avisos, que brevemente se transformarão em ordens, da Comissão
Europeia e do FMI, que pretendem uma nova desvalorização salarial e mais cortes
nas pensões. Esta falha propositada, referente àqueles parâmetros, deixou
margem de manobra a António Costa para vir dizer "que não iria prometer
que não venha a ter de reduzir salários e pensões", uma promessa feita
pela negativa, o que vai permitir-lhe, quando estiver no governo, afirmar que não
quebrou nenhuma promessa eleitoral.
A hipocrisia e a demagogia continuam a ser base
argumentativa dos políticos do sistema.
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