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domingo, 25 de março de 2012

Notas do meu rodapé: A globalização foi o sucedâneo natural do colonialismo

A globalização foi o sucedâneo natural do colonialismo. Politicamente esgotado o sistema da exploração dos recursos naturais e do trabalho escravo ou mal remunerado, através da ocupação dos territórios coloniais, que se operou desde o século XVI até meados do século XX, a liderança mundial do capitalismo criou um novo modelo, que lhe pudesse garantir a hegemonia na economia mundial. O modelo criado foi a globalização, sustentado por uma teoria económica, o neoliberalismo, e por uma estratégia, que defendia dogmaticamente o comércio livre, sem restrições de espécie alguma. Ao nível ideológico, operou-se a apropriação abusiva do conceito de liberdade e de democracia (a liberdade do mais forte e uma democracia viciada no topo), e glosou-se até à exaustão, como se tratasse de uma religião, a legenda desta trindade de elementos: liberdade de movimentos do capital, de mercadorias e de pessoas, o que, através de uma leitura acéfala ou descuidada, a tornava atraente e convidativa.
Na realidade, a globalização apoia-se no poder do mais forte, que é a lei da selva, podendo, pois, dizer-se que representa um retrocesso civilizacional em relação aos ideais do iluminismo, da Revolução Francesa e do marxismo. A deslocalização do processo produtivo para os países de mão de obra barata permitiu aos países mais desenvolvidos uma enorme acumulação de capitais, que acabou, através da financeirização da economia, por constituir a lenha da grande fogueira especulativa, que desencadeou a atual crise mundial. No entanto, durante os últimos cinquenta anos, e de uma forma paulatina, devidamente sistematizada e estruturada, o capitalismo conseguiu com êxito transferir a riqueza dos países mais pobres e menos desenvolvidos para os países mais ricos, e, dentro de cada país, transferir os rendimentos do trabalho para os rendimentos de capital, o que conduziu a uma gritante desigualdade redistributiva, que já começa a ser percetível e melhor compreendida pelas vítimas deste perverso modelo.
http://economia.publico.pt/Opiniao/Detalhe/as-mascaras-do-comercio-livre-1538444

3 comentários:

olimpio pinto disse...

LIBERDADE, é agir de acordo com aquilo que se considera ser o DEVER, contra a influência da autoridade e das maiorias, do costume e da opinião.

olimpio pinto disse...

LIBERDADE, é agir de acordo com aquilo que se considera ser o DEVER,contra a influência da autoridade e das maiorias, do costume e da opinião.

Ricardo disse...

E Portugal é exemplo das gritantes desigualdades dentro dos países,quem o pode desmentir?'