O Ditador não tinha esporas
nem botas de montar,
mas montou um povo inteiro…
Não tinha espada
nem desfilava em marchas marciais,
mas foi o general da tropa amansada…
O Ditador não dormia,
vigiava…
Tinha medo que o apanhassem distraído
e o matassem…
Por isso, inventou a polícia secreta,
que desenhou a geografia das esquinas
de todas as ruas das cidades, vilas e aldeias…
O Ditador não tinha afectos…
O poder era o seu único e verdadeiro amor,
que se lhe conhecia…
Da sua cabeça saíam possantes tentáculos,
que apertavam as gargantas como tenazes,
a quem ousava discordar…
O Ditador julgou-se eterno,
mas esqueceu-se do equilíbrio instável das
cadeiras
(ele não percebia nada das leis da Física)…
Caiu e desmaiou, e depois morreu,
mas sempre a acreditar
que governaria o país, para além da sua morte…
Alexandre de Castro
Lisboa,
Maio de 2008