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sábado, 23 de dezembro de 2017

A estafada teoria do partido mais votado


Em resposta à proposta de diálogo emitida por Puigdemont, desde Bruxelas, onde está exilado, Rajoy disse que apenas está disposto a conversar com quem venceu as eleições na Catalunha "que é a senhora [Inés] Arrimadas", a cabeça de lista do partido anti-independência Cuidadanos que garantiu mais deputados no parlamento catalão.
Diário de Notícias

A estafada teoria do partido mais votado

Perante os resultados das eleições da Catalunha - em que, politicamente, e segundo o jornal PÚBLICO, o grande vencedor foi  Carles Puigdemont (ver aqui) - a declaração do primeiro-ministro de Espanha, Mariano Rajoy, parece querer reeditar a teoria conspirativa de Passos Coelho, sobre o partido mais votado, teoria que não se enquadra nas leis eleitorais dos dois respectivos países ibéricos e que os partidos que lideram aprovaram há meio século, consagrando o sistema proporcional, no apuramento dos resultados.
Quando os resultados não lhes são favoráveis, recorrem à batota do falacioso argumento do número de votos.
É certo que, aritmeticamente, o partido Cidadanos (anti-independência) obteve mais votos  (25,3%) e elegeu mais deputados (37), resultados estes muito pouco superiores aos obtidos pela coligação “Juntos pela Catalunha”, de Puigdemont (21,6% de votos e 32 deputados.
Mas o que realmente importa, para formar um governo, é encontrar o partido que consiga uma maioria estável no parlamento, negociando o apoio de outros partidos com identidades políticas próximas. E, no rescaldo destas eleições da Catalunha, é a formação política de Puigemont que está em melhores condições de alcançar este desiderato. Ao aglutinar o apoio da Esquerda Republicana Catalã e do CUP, Puigdemont assegura uma maioria parlamentar, com 70 deputados. Por sua vez, os partidos anti-independência apenas podem contar com 65 deputados. Por isso, foi  Puigdemont o vencedor destas eleições.
Alexandre de Castro
2017 12 22 

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Eva devia ter sido mais ou menos assim...


Eva devia ter sido mais ou menos assim...

Eva deveria ter sido mais ou menos assim, não sendo, pois, de admirar que Adão resvalasse para a tentação da carne, tentação esta representada pudicamente no texto bíblico por uma maçã. Só não sei por que razão Deus se terá arrependido de criar a criatura e de não ter tido o divino atrevimento de a eliminar da face da Terra, construindo assim um mundo muito mais desinteressante, mais a seu gosto.
Alexandre de Castro
2007 Julho

domingo, 17 de dezembro de 2017

Carta particular

Caros camaradas:

Estou a proceder, no meu blogue, Alpendre da Lua, à publicação de muitos poemas meus. Devido aos processo de cooptação automática, eles vão directamente para o Abril de Novo Magazine, processo que não posso controlar. 
Assim, peço que os eliminem, uma vez que o Abril de Novo Magazine é um espaço de informação política e não de divulgação de poesia. No entanto, se houver interesse, pelo tema abordado, em publicar alguns, têm o meu acordo.
Em Janeiro, regressarei à escrita de textos de índole política e económica.
Saudações,
Alexandre de Castro

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Jerusalém deveria ser uma cidade internacional, administrada pela ONU


Jerusalém deveria ser uma cidade internacional, administrada pela ONU

Mexer em Jerusalém, é mexer numa ferida que ainda sangra. Ela pertence ao mundo do imaginário das três grandes religiões monoteístas, e não pode ser reivindicada, em exclusividade, como capital de um qualquer Estado, cujos fundamentos assentem numa das doutrinas dos Livros Sagrados (Antigo Testamento, Evangelhos e Alcorão).

Jerusalém deveria ter um estatuto único, universal e independente, sob a administração da ONU, que garantiria a liberdade de culto e o acesso dos crentes aos seus lugares sagrados.
...
Vai fazer um século, que a Palestina, pela Declaração de Balfour, sofreu um rude golpe, ao permitir que o sionismo internacional lançasse a primeira pedra do seu plano, de longo prazo, de recuperar para os judeus o Estado e o território que perderam há dois mil anos, em consequência da sua integração no Império Romano. Se o mundo todo começasse a reivindicar direitos históricos milenares, o caos, a desordem e a guerra surgiriam por todo o lado.

Quem poderá invocar o direito histórico, em relação à Palestina, será o povo palestiniano, um povo que resultou da natural evolução demográfica da região, depois da época do Império Romano, e que foi traído, em 1948, pela comunidade internacional, quando esta aprovou, na ONU, e ainda sob o efeito emocional dos crimes do nazismo alemão sobre os judeus, a constituição do Estado de Israel, naquele território, entretanto islamizado, ao longo de sete séculos. Foi a mesma coisa que lançar gasolina para o meio do fogo. E a gasolina foi oferecida pelo poderoso lobie sionista, que os grandes banqueiros judeus, dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha, sustentam, alimentam e estimulam.
Alexandre de Castro
2017 12 08

domingo, 3 de dezembro de 2017

Aristóteles dixit... (*)

(*) CANAL TOP 10+
2017 12 03

Costa quer mudar a Europa, a começar pelo euro


Costa quer mudar a Europa, a começar pelo euro

Numa altura em que se discute a eleição de presidente do Eurogrupo, o primeiro-ministro defendeu, em frente a socialistas europeus, que tem de haver uma reforma da união económica e monetária para que deixe de haver “uma moeda do Sul e outra do Norte”.
***«»***

Se Costa acredita no que disse, é um ingénuo. Se não acredita, é um malabarista.
Inclino-me para a segunda hipótese, em que se debita o discurso que Angela Merkel vai gostar de ouvir. Mais Europa, até ao sufoco total, mais integração, até à perda de soberania, e mais dependência em relação ao imperialismo financeiro europeu, que tem as suas agências políticas em Bruxelas, em Berlim e em Paris.
Em relação ao euro, tenho de contar ao Costa aquela minha história da criança que vestiu o casaco do pai, Era grande demais, o que lhe dificultava os movimentos.
É dos livros de economia e de finanças: o valor cambial da moeda da economia de um país deve seguir em linha com o nível da produtividade, bem como com o nível do seu PIB per capita. E estes dois indicadores económicos são muito baixos, em Portugal, o que o coloca no último grupo dos países europeus, onde apenas se encontram os países de Leste.
Não nos contem a história do Capuchinho Vermelho, porque o lobo mau está ali, ao dobrar a esquina.
Alexandre de Castro
2017 12 03

sábado, 2 de dezembro de 2017

Ideal monárquico está a seduzir simpatizantes do Bloco e do PCP - diz o Diário de Notícias


Ideal monárquico está a seduzir simpatizantes do Bloco e do PCP – diz o Diário de Notícias

O feriado de hoje traz uma novidade: há muitos militantes de esquerda dos principais partidos a frequentar as academias de formação monárquica e deputados que defendem a família real no protocolo de Estado.
...
Não é preciso investigar muito para confirmar que os ideais monárquicos sempre seduziram bastante os que em Portugal votam CDS, ligeiramente menos os do PSD e um pouco os do PS, mas o que surpreende é que atualmente militantes de esquerda se interessem pelos ideais monárquicos: do PCP e do Bloco de Esquerda, por exemplo.
João Céu e Silva
Diário de Notícias 
2017 12 01
***«»***

O jornalista João Céu e Silva não obedeceu ao princípio do contraditório, um princípio sagrado no jornalismo, e que consiste em recolher os depoimentos de todas as partes visadas pelos interlocutores entrevistados. A peça centra-se apenas em depoimentos de pessoas ligadas à Causa Monárquica, não tendo havido a preocupação de ouvir os tais militantes e simpatizantes comunistas e bloquistas, que frequentam as tais academias de formação monárquica, ou a opinião das respectivas direcções partidárias. Faltou, pois, a nível deontológico, a isenção necessária e obrigatória, que sustentasse a credibilidade da notícia, o que só envergonha o seu autor, assim como o próprio jornal.

Julgo que o PCP e o Bloco de Esquerda não irão deixar passar em claro esta aleivosia e este rasteiro e ignóbil estratagema.

Por outro lado, a extensão do texto, manifestamente exagerada para o seu relativo interesse mediático, e o seu tom, a resvalar, embora indirectamente, para um discurso apologético, levantam outras suspeitas, que prefiro não referir. E esta minha reserva mental surgiu, logo no início da leitura do texto, quando João Céu e Silva opina [trata-se de uma opinião pessoal, pois não é identificado nem referido nenhum interlocutor, e, numa reportagem, o jornalista não pode emitir nenhuma opinião nem quaisquer juízos de valor] o seguinte: "O que se passa com os ideais republicanos e o que ganham os defensores da monarquia com a descrença dos portugueses num sistema político democrático em que os escândalos surgem em catadupa no Portugal"...

A não ser que ignore a História, João Céu e Silva omitiu, na sua comparação entre os dois regimes, os grandes escândalos da monarquia, em que se destaca a questão dos Adiantamentos à Casa Real, o que, então, enfureceu os republicanos.
Alexandre de Castro
2017 12 01