Em resposta à proposta de diálogo emitida por
Puigdemont, desde Bruxelas, onde está exilado, Rajoy disse que apenas está
disposto a conversar com quem venceu as eleições na Catalunha "que é a
senhora [Inés] Arrimadas", a cabeça de lista do partido anti-independência
Cuidadanos que garantiu mais deputados no parlamento catalão.
Diário de
Notícias
A estafada
teoria do partido mais votado
Perante os resultados das eleições da Catalunha
- em que, politicamente, e segundo o jornal PÚBLICO, o grande vencedor foi Carles Puigdemont (ver aqui) - a declaração do
primeiro-ministro de Espanha, Mariano Rajoy, parece querer reeditar a teoria
conspirativa de Passos Coelho, sobre o partido mais votado, teoria que não se
enquadra nas leis eleitorais dos dois respectivos países ibéricos e que os
partidos que lideram aprovaram há meio século, consagrando o sistema
proporcional, no apuramento dos resultados.
Quando os resultados não lhes são favoráveis,
recorrem à batota do falacioso argumento do número de votos.
É certo que, aritmeticamente, o partido Cidadanos (anti-independência) obteve
mais votos (25,3%) e elegeu mais
deputados (37), resultados estes muito pouco superiores aos obtidos pela
coligação “Juntos pela Catalunha”, de Puigdemont (21,6% de votos e 32
deputados.
Mas o que realmente importa, para formar um
governo, é encontrar o partido que consiga uma maioria estável no parlamento, negociando
o apoio de outros partidos com identidades políticas próximas. E, no rescaldo
destas eleições da Catalunha, é a formação política de Puigemont que está em
melhores condições de alcançar este desiderato. Ao aglutinar o apoio da
Esquerda Republicana Catalã e do CUP, Puigdemont assegura uma maioria
parlamentar, com 70 deputados. Por sua vez, os partidos anti-independência
apenas podem contar com 65 deputados. Por isso, foi Puigdemont o vencedor destas eleições.
Alexandre
de Castro
2017 12 22