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segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Santa Teresa d' Ávila


«(...) Neste estado, agradou ao Senhor dar-me a visão que aqui descrevo. Vi um anjo perto de mim, do meu lado esquerdo; não era grande, mas sim pequeno e muito belo; o seu rosto afogueado parecia indicar que pertencia à mais alta hierarquia, aquela dos espíritos incendiados pelo amor. Vi nas suas mãos um longo dardo de ouro com uma ponta de ferro na extremidade da qual ardia um pouco de fogo. Às vezes, parecia-me que ele me trespassava o coração com esse dardo, até me chegar às entranhas. Quando o retirava, parecia-me que as levava consigo, e ficava em chamas, totalmente inflamada de um grande amor por Deus. Era tão grande a dor, que me fazia dar gemidos, mas ao mesmo tempo era tão excessiva a suavidade que me punha essa enorme dor, que não queria que terminasse, e a alma não se podia contentar com nada menos do que Deus. Este sofrimento não é corporal, mas sim espiritual, e no entanto o corpo participa, e não participa pouco.»

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Este admirável texto foi escrito por Teresa d’ Ávila, mais tarde santa, e que se fez freira apenas com dezasseis anos, no século XVI. Com estas inflamadas visões não admira que tivesse subido ao céu várias vezes, motivo este mais do que suficiente para fundamentar a sua canonização pela Igreja Católica Apostólica Romana.
Alguns historiadores admitem que Teresa d’Ávila seria uma ninfomaníaca e que teria orgasmos quando, em intensa meditação, se concentrava mentalmente em visionários encontros com o anjo enviado pelo Senhor. Eu, que não me atrevo a avançar com nenhuma justificação para este fenómeno místico-erótico, apenas quero deixar uma pergunta: Aquilo seria mesmo um anjo?

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