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quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Jornal acusa Alemanha de ser o "quarto reich"


A capa do "Il Giornale" de sexta-feira não precisa de tradução. "Quarto reich", pode ler-se em letras garrafais, em cima de uma fotografia da chanceler Angela Merkel a fazer um gesto com a mão direita, normalmente associado à saudação nazi. O "Il Giornale" é detido por Paolo Berlusconi, irmão de Silvio Berlusconi, ex-primeiro-ministro italiano. O artigo foi publicado na sexta-feira, contribuindo para aquecer ainda mais o tom do debate em torno da crise da zona euro. O jornal argumenta que Berlim colocou Itália e toda a Europa de joelhos. "No Primeiro Reich, a Alemanha também queria o título de Imperador de Roma e nos dois [reichs] seguintes usaram os seus meios contra os outros estados da Europa, duas guerras mundiais e milhões de mortos não foram obviamente suficientes para acalmar o ego alemão", escreve o "Il Giornale", dizendo que, em vez de "usar canhões", desta vez Berlim está a usar o euro. "Desde ontem [quinta-feira] que Itália já não está na Europa, está no Quarto Reich."
Diário de Notícias
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Por diversas vezes, aqui, no Alpendre da Lua, nos temos referido a Angela Merkel como sendo a Hitler de saias, ao mesmo tempo que, também por diversas vezes, temos afirmado sem rebuços que a Alemanha de Merkel pretende fazer com o euro aquilo que Hitler não conseguiu fazer com os canhões. É confrangedor assistir à impávida passividade dos nossos políticos e comentadores que, por atávico pudor e obedecendo ao exercício da linguagem do politicamente correto, não se atrevem a chamar os bois pelos nomes, ao mesmo tempo que se mostram incapazes de classificar a submissão de Portugal ao memorando da troika como um ato de alta traição à Pátria e de vergonhosa capitulação perante os interesses estrangeiros. Esperemos que o gratificante exemplo do "Il Giornale" os torne mais corajosos e contundentes. Já não existem dúvidas de que está instalada uma guerra financeira na Europa, capitaneada pela Alemanha contra os países do sul, os mais débeis economicamente. 

3 comentários:

olimpio pinto disse...

Também me parece não haver dúvidas quanto à "instalada guerra financeira na Europa." Mas tenho fortíssimas dúvidas que seja "capitaneada" pela Alemanha. Demais - julgo que a dita "guerra financeira" não é "capitaneada" por ninguém em especial,mas sim resultado táctico e prático de uma estratégia global definida por um "almirantado internacional" constituído por uns poucos milhares de indivíduos - os que têm, em maior ou menor "dose", o verdadeiro poder. Só uma situação pode, por um lado,continuar a "manter"(?) uma certa "fervura lenta", se, não houver... ; pelo outro lado,desencadear uma verdadeira "vaporização"- se,sim, houver, um desequilíbrio nas cobiças, invejas, gulas,megalomanias...e loucuras dos "compadres" do dito "almirantado.

olimpio pinto disse...

"Si è vero" - "...os países do Sul, os mais débeis economicamente."

Deixo a eterna pergunta - PORQUÊ?

Alexandre de Castro disse...

A natureza macrocéfala do capitalismo financeiro internacional (assim como a sua organização devidamente hierarquizada, atuando em rede) já foi aqui devidamente referida. Um exército de civis, uns alienados, outros comprados e alguns ainda ingénuos e crédulos, trabalham como as formigas para essa elite muitimilionária, que não tem rosto. À Alemanha, nessa rede, cabe-lhe o papel de organizar o saque da Europa. E a estratégia, como também aqui já foi referido, baseia-se no princípio de criar esquemas que promovam a transferência da riqueza dos países pobres e dos menos ricos para os países mais ricos, e, dentro de cada país, procurar transferir os rendimentos do trabalho para os do capital.
A razão por que os países do Sul da Europa são os economicamente mais débeis, entre os países mais desenvolvidos, tem raízes na História e na Cultura. Uma elas, e que cada vez ganha mais consenso entre os historiadores, prende-se com a eclosão da Reforma e da Contra Reforma, que mudou a face da Europa, no se. XVI. Enquanto a igreja de Roma, com o seu enorme poder, pactuava com as aristocracias parasitáris, o protestantismo introduziu na sua praxis a valorização do trabalho e do mérito, a todos os níveis. Na Europa, a divisão entre o Norte, rico e desenvolvido, e o Sul, pobre e desorganizado, passa pela fronteira entre os países predominantemente protestantes e os países católicos. Claro que a História não é linear ao estudar o passado e a sua evolução. Existem muitas outras teses, que se entrecruzam, umas com as outras, para explicar a pobreza e o sub-desenvolvimento.