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terça-feira, 26 de junho de 2012

Estou-me cagando para todos!...

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Quando fui submetido ao primeiro exame rectal, a incomodidade foi muito grande. Rodeado pelo médico e pelas enfermeiras, senti-me humilhado por ter de exibir o cu, este buraco anatómico por onde despejamos toda a merda que produzimos, mas, que, por ancestrais sentimentos de pudor e por razões culturais, o homem mantém reservado, ocultando-o de olhares alheios. Compreendo, pois, o sentimento desta muulher, que acabou por dar a resposta certa à equipa médica que a observava, maandando todos os seus elementos à merda.

sábado, 23 de junho de 2012

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Poder & Associados - por Paulo Morais*

As grandes sociedades de advogados adquiriram uma dimensão e um poder tal que se transformaram em autênticos ministérios-sombra.
É dos seus escritórios que saem os políticos mais influentes e é no seu seio que se produz a legislação mais importante e de maior relevância económica.
Estas sociedades têm estado sobre-representadas em todos os governos e parlamentos.
São seus símbolos o ex-ministro barrosista Nuno Morais Sarmento, do PSD, sócio do mega escritório de José Miguel Júdice, ou a centrista e actual super-ministra Assunção Cristas, da sociedade Morais Leitão e Galvão Teles.
Aos quais se poderiam juntar ministros de governos socialistas como Vera Jardim ou Rui Pena.
Alguns adversários políticos aparentes são até sócios do mesmo escritório. Quando António Vitorino do PS e Paulo Rangel do PSD se confrontam num debate, fazem-no talvez depois de se terem reunido a tratar de negócios no escritório a que ambos pertencem.
Algumas destas poderosas firmas de advogados têm a incumbência de produzir a mais importante legislação nacional. São contratadas pelos diversos governos a troco de honorários milionários. Produzem diplomas que por norma padecem de três defeitos.
São imensas as regras, para que ninguém as perceba, são muitas as excepções para beneficiar amigos; e, finalmente, a legislação confere um ilimitado poder discricionário a quem a aplica, o que constitui fonte de toda a corrupção.
Como as leis são imperceptíveis, as sociedades de jurisconsultos que as produzem obtêm aqui também um filão interminável de rendimento.
Emitem pareceres para as mais diversas entidades a explicar os erros que eles próprios introduziram nas leis. E voltam a ganhar milhões. E, finalmente, conhecedoras de todo o processo, ainda podem ir aos grupos privados mais poderosos vender os métodos de ultrapassar a Lei, através dos alçapões que elas próprias introduziram na legislação.
As maiores sociedades de advogados do país, verdadeiras irmandades, constituem hoje o símbolo maior da mega central de negócios em que se transformou a política nacional.
Paulo Morais
Professor universitário
In Correio da Manhã
Sugestão do João Fráguas

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Agradecimento

O editor do Alpendre da Lua manifesta o seu agradecimento à "Eu... Suzana" e ao Heleno de Paula, pela sua decisão de se inscreverem como amigos/seguidores deste blogue.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Conto: Quem nasce torto nunca se endireita

Na minha aldeia, no Alto Douro Vinhateiro, houve um homem, um pobre camponês, que enriqueceu subitamente com o negócio do volfrâmio, um negócio altamente lucrativo, que floresceu durante o período da Segunda Guerra Mundial. Liberto da miséria, que lhe enegrecera a vida, e com arca e a carteira a abarrotar de notas de conto, resolveu vingar-se do destino, e começou a exibir com estudada e exuberante ostentação, o que agora se designa por sinais exteriores de riqueza. Mandou fazer fatos por medida no alfaiate da vila de Carrazeda de Ansiães e, pela primeira vez, começou a usar sapatos engraxados. Fazer o nó da gravata era para ele uma autêntica tortura, que só era compensada, a seguir, com o prazer lúdico de colocar no bolso da lapela do casaco a caneta de tinta permanente, que lhe custara os olhos da cara, mas que viera a revelar-se completamente inútil na sua mão, quando manobrada canhestramente pelos dedos grossos e nodosos, já calejados pelo duro trabalho da enxada.
Nas feiras da vila, passeava-se de maneira ostensiva, copiando os tiques dos ricaços. Ficou célebre o seu enorme arroto, depois de um lauto almoço no melhor restaurante da vila.
Para fazer sobressair a sua notoriedade, fez constar que iria fazer uma viagem ao Porto, cidade mítica no seu imaginário, embora não fizesse a mínima ideia da sua localização geográfica. Nem sequer sabia se era longe ou se era perto. Apenas sabia que a viagem não podia ser feita a pé, o que obrigava a utilizar o comboio. E assim foi. Num belo dia, meteu-se num carro de aluguer, que o transportou até à estação do Tua. Comprou o bilhete de 1ª classe, que era a classe preferida pela gente abastada, e, quando pousou o pé no estribo da carruagem, pensou para os seus botões que também estava a subir mais um degrau na escala social.
Dentro da carruagem, o silêncio era absoluto, ao contrário do que acontecia nas carruagens de 3ª classe, que até galinhas levavam debaixo dos bancos de madeira, devidamente atadas pelos pés. Sentou-se ao lado de um passageiro, que lia atentamente o jornal, e dando uma olhadela de relance por toda a carruagem, apercebeu-se de que a maioria dos restantes passageiros também se entregava ao prazer da leitura. Tal como a ideia lhe veio de repente à cabeça, também o impulso de se levantar para ir lá fora comprar um jornal foi instantâneo. Já de regresso, voltou a sentar-se no seu lugar, e empinou o jornal na frente dos seus olhos, para o começar a ler.
O passageiro do lado, entre um olhar de espanto e um sufoco reprimido para dominar o riso, resolveu amavelmente intervir:
- Desculpe, cavalheiro, por interrompê-lo. Verifico que está a ler o jornal às avessas!
O homem, apanhado assim de surpresa, por tal interpelação, fechou repentinamente as folhas do jornal, como se estivesse a dar uma palmada, estremeceu num pequeno esticão do corpo e das pernas, sinal que nele significava arrojada determinação, e retorquiu, sem gaguejar:
- Pois, o difícil é lê-lo às avessas. Lê-lo direito, toda a gente o lê...
Alexandre de Castro
Lisboa, Junho de 2012

domingo, 17 de junho de 2012

a crise da democracia europeia - por Amartya Sen

Amartya Sen
Se fosse necessária uma prova de que o caminho para o inferno se faz de boas intenções, a crise económica na Europa estaria aí para o demonstrar. As esforçadas, mas estreitas, intenções dos decisores europeus têm-se revelado desajustadas para uma consolidação da economia e produziram, em vez disso, um mundo de miséria, caos e confusão.
Há duas razões para que assim seja.
Primeiro, porque as intenções podem ser respeitáveis, sem que isso signifique que sejam lúcidas. E porque os fundamentos da actual política de austeridade, combinados com a rigidez da união monetária da Europa (dada a ausência de uma união fiscal), raramente têm sido um modelo de coerência e sagacidade. Em segundo lugar, porque uma intenção, mesmo que boa em si mesma, pode entrar em conflito com uma prioridade mais urgente - neste caso, a preservação de uma Europa democrática, que se preocupa com o bem-estar social. E estes são os valores pelos quais a Europa tem lutado, ao longo de muitas décadas.
Era certamente necessário que alguns países europeus tivessem assumido, desde há muito, uma maior responsabilidade económica e uma melhor gestão da economia. O tempo, contudo, é crucial; uma reforma assente num calendário bem pensado distingue-se de uma reforma feita à pressa. A Grécia, apesar de todos os seus problemas de prestação de contas, não estava em crise económica antes da recessão global de 2008 (de facto, a economia grega cresceu 4,6% em 2006 e 3% em 2007, isto é, antes de começar a contrair-se de forma continuada).
A causa da reforma, independentemente da sua urgência, não fica bem servida pela imposição unilateral de cortes súbitos e selvagens nos serviços públicos. Porque estes cortes violentos e indiscriminados são uma estratégia contraproducente, dado o gigantesco desemprego e a falência e subaproveitamento das capacidades produtivas das empresas que a quebra da procura provoca. Na Grécia, um dos países que está a ser deixado para trás pelo aumento de produtividade verificado noutros lugares, o estímulo económico através da política monetária (desvalorização cambial), tornou-se impossível pela existência da união monetária europeia, ao mesmo tempo que o pacote fiscal exigido pelos líderes do continente europeu contraria de forma severa o crescimento. Os resultados económicos da zona euro continuaram a diminuir no quarto trimestre do ano passado e as previsões, na altura, foram tão terríveis que a estimativa de crescimento zero no primeiro trimestre deste ano, inscrita num relatório recente, foi amplamente saudada como sendo uma boa notícia.
Há, de facto, plena evidência histórica que o caminho mais efecaz para cortar nos défices é aquele que combina a redução do défice com rápido crescimento económico, capaz de gerar mais receitas. Os enormes défices do pós-guerra desapareceram em grande medida graças a um rápido crescimento económico e algo semelhante ocorreu durante a presidência de Bill Clinton. A tão aclamada redução do défice da Suécia, entre 1994 e 1998, ocorreu de facto com um crescimento relativamente elevado. Em contraste, hoje exige-se aos países europeus que cortem os seus défices enquanto se mantém aprisionados a um crescimento nulo ou negativo.
Há aqui seguramente lições a tirar de John Maynard Keynes, que compreendeu que o Estado e o mercado são interdependentes. Mas Keynes tinha pouco a dizer sobre justiça social, incluíndo os compromissos políticos com que a Europa emergiu depois da Segunda Grande Guerra. Foi isso que conduziu ao nascimento do moderno Estado Providência e dos sistemas nacionais de saúde - não para sustentar uma economia de mercado mas sim para proteger o bem-estar humano.
Embora Keynes não se tivesse envolvido profundamente com estas questões sociais há, na Economia, uma velha tradição, a que combina mercados eficientes com provisão pública de serviços que o mercado não é capaz de assegurar. Como Adam Smith (tantas vezes simplisticamente encarado como o primeiro guru da livre economia de mercado) escreveu, na «Riqueza das Nações», há «dois objectos distintos» numa economia: «primeiro, garantir recursos abundantes ou de subsistência para as pessoas, isto é, mais precisamente, que lhes permitam assegurar um rendimento ou uma forma de subsistência para elas próprias; e, em segundo lugar, dotar o Estado ou a comunidade com uma receita suficiente para serviços públicos.»
Talvez o aspecto mais perturbador da actual doença europeia seja a substituição do compromisso democrático pela ditadura financeira - imposta pelos líderes da União Europeia e do Banco Central Europeu e, indirectamente, pelas agências de rating do crédito, cujas decisões se têm revelado manifestamente infundadas.
Um debate público participado - o «governo através da discussão» como propõem teóricos democratas como John Stuart Mill e Walter Bagehot - podia ter identificado reformas apropriadas para um período de tempo razoável, sem ameaçar os fundamentos do sistema europeu de justiça social. Pelo contrário, os cortes drásticos nos serviços públicos, efectuados com uma discussão mesmo muito escassa quanto à sua necessidade, eficácia ou equilíbrio, conduziram à revolta de amplos segmentos da população europeia e caíram nas mãos de extremistas de ambos os limites do espectro político.
A Europa não poderá renascer se não encarar dois domínios da legitimidade política. Em primeiro lugar, a Europa não pode entregar-se às visões unilaterais - ou boas intenções - de peritos sem capacidade de pensar nos termos de uma racionalidade pública e sem o consentimento informado dos seus cidadãos. Perante o claro desdém pela opinião pública, não surpreende que, eleição após eleição, as pessoas mostrem a sua insatisfação ao votar em soluções não convencionais.
Em segundo lugar, tanto a democracia como a oportunidade de gerar boas soluções saem prejudicadas quando políticas ineficazes e flagrantemente injustas são impostas pelos líderes. O fracasso óbvio dos mandatos austeritários, impostos até agora, minou não apenas a participação pública - um valor em si mesmo - mas também a possibilidade de chegar a uma sensata, e razoavelmente calendarizada, solução.
Este é certamente um grito muito distante, vindo da «união democrática europeia», que os pioneiros da União Europeia procuraram seguir.

(Amartya Sen, laureado com o Prémio Nobel e professor de Economia e Filosofia em Harvard, é o autor do recente livro «A Ideia de Justiça»)
Retirado do blogue A ESTANTE
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Amartya Sen é o paladino da economia do bem estar. A sua posição crítica, em relação às políticas de austeridade não é de agora. Neo-keinesiano como é, ele defende que o problema da dívida e do desequilíbrio orçamental só pode ser resolvido com o crescimento económico. E é isto que Angela Merkel egoistamente não aceita, já que a pobreza, que está a invadir os países do sul da Europa, vai contribuir para o enriquecimento das elites financeiras alemãs.

sábado, 16 de junho de 2012

Teolinda Gersão a escrever sobre a lingua portuguesa


Tempo de exames no secundário,os meus netos pedem-me ajuda para estudar português. Divertimo-nos imenso,confesso.E eu acabei por escrever a redacção que eles gostariam de escrever. As palavras são minhas,mas as ideias são todas deles.
Aqui ficam,e espero que vocês também se divirtam.E depois de rirmos espero que nós,adultos, façamos alguma coisa para libertar as crianças disto.

Redacção – Declaração de Amor à Língua Portuguesa

Vou chumbar a Língua Portuguesa, quase toda a turma vai chumbar, mas a gente está tão farta que já nem se importa. As aulas de português são um massacre. A professora? Coitada, até é simpática, o que a mandam ensinar é que não se aguenta. Por exemplo, isto: No ano passado, quando se dizia “ele está em casa”, ”em casa” era o complemento circunstancial de lugar. Agora é o predicativo do sujeito.”O Quim está na retrete” : “na retrete” é o predicativo do sujeito, tal e qual como se disséssemos “ela é bonita”. Bonita é uma característica dela, mas “na retrete” é característica dele? Meu Deus, a setôra também acha que não, mas passou a predicativo do sujeito, e agora o Quim que se dane, com a retrete colada ao rabo.

No ano passado havia complementos circunstanciais de tempo, modo, lugar etc., conforme se precisava. Mas agora desapareceram e só há o desgraçado de um “complemento oblíquo”. Julgávamos que era o simplex a funcionar: Pronto, é tudo “complemento oblíquo”, já está. Simples, não é? Mas qual, não há simplex nenhum,o que há é um complicómetro a complicar tudo de uma ponta a outra: há por exemplo verbos transitivos directos e indirectos, ou directos e indirectos ao mesmo tempo, há verbos de estado e verbos de evento,e os verbos de evento podem ser instantâneos ou prolongados, almoçar por exemplo é um verbo de evento prolongado (um bom almoço deve ter aperitivos, vários pratos e muitas sobremesas). E há verbos epistémicos, perceptivos, psicológicos e outros, há o tema e o rema, e deve haver coerência e relevância do tema com o rema; há o determinante e o modificador, o determinante possessivo pode ocorrer no modificador apositivo e as locuções coordenativas podem ocorrer em locuções contínuas correlativas. Estão a ver? E isto é só o princípio. Se eu disser: Algumas árvores secaram, ”algumas” é um quantificativo existencial, e a progressão temática de um texto pode ocorrer pela conversão do rema em tema do enunciado seguinte e assim sucessivamente.

No ano passado se disséssemos “O Zé não foi ao Porto”, era uma frase declarativa negativa. Agora a predicação apresenta um elemento de polaridade, e o enunciado é de polaridade negativa.

No ano passado, se disséssemos “A rapariga entrou em casa. Abriu a janela”, o sujeito de “abriu a janela” era ela,subentendido. Agora o sujeito é nulo. Porquê, se sabemos que continua a ser ela? Que aconteceu à pobre da rapariga? Evaporou-se no espaço?

A professora também anda aflita. Pelo vistos no ano passado ensinou coisas erradas, mas não foi culpa dela se agora mudaram tudo, embora a autora da gramática deste ano seja a mesma que fez a gramática do ano passado. Mas quem faz as gramáticas pode dizer ou desdizer o que quiser, quem chumba nos exames somos nós. É uma chatice. Ainda só estou no sétimo ano, sou bom aluno em tudo excepto em português,que odeio, vou ser cientista e astronauta, e tenho de gramar até ao 12º estas coisas que me recuso a aprender, porque as acho demasiado parvas. Por exemplo,o que acham de adjectivalização deverbal e deadjectival, pronomes com valor anafórico, catafórico ou deítico, classes e subclasses do modificador, signo linguístico, hiperonímia, hiponímia, holonímia, meronímia, modalidade epistémica, apreciativa e deôntica, discurso e interdiscurso, texto, cotexto, intertexto, hipotexto, metatatexto, prototexto, macroestruturas e microestruturas textuais, implicação e implicaturas conversacionais? Pois vou ter de decorar um dicionário inteirinho de palavrões assim. Palavrões por palavrões, eu sei dos bons, dos que ajudam a cuspir a raiva. Mas estes palavrões só são para esquecer. Luisa Fortes da Cunhao um trabalhão e depois não servem para nada, é sempre a mesma tralha, para não dizer outra palavra (a começar por t, com 6 letras e a acabar em “ampa”, isso mesmo, claro.)

Mas eu estou farto. Farto até de dar erros, porque me põem na frente frases cheias deles, excepto uma, para eu escolher a que está certa. Mesmo sem querer, às vezes memorizo com os olhos o que está errado, por exemplo: haviam duas flores no jardim. Ou : a gente vamos à rua. Puseram-me erros desses na frente tantas vezes que já quase me parecem certos. Deve ser por isso que os ministros também os dizem na televisão. E também já não suporto respostas de cruzinhas, parece o totoloto. Embora às vezes até se acerte ao calhas. Livros não se lê nenhum, só nos dão notícias de jornais e reportagens,ou pedaços de novelas. Estou careca de saber o que é o lead, parem de nos chatear. Nascemos curiosos e inteligentes, mas conseguem pôr-nos a detestar ler, detestar livros, detestar tudo. As redacções também são sempre sobre temas chatos, com um certo formato e um número certo de palavras. Só agora é que estou a escrever o que me apetece, porque já sei que de qualquer maneira vou ter zero.

E pronto, que se lixe, acabei a redacção - agora parece que se escreve redação.O meu pai diz que é um disparate, e que o Brasil não tem culpa nenhuma, não nos quer impôr a sua norma nem tem sentimentos de superioridade em relação a nós, só porque é grande e nós somos pequenos. A culpa é toda nossa, diz o meu pai, somos muito burros e julgamos que se escrevermos ação e redação nos tornamos logo do tamanho do Brasil, como se nos puséssemos em cima de sapatos altos. Mas, como os sapatos não são nossos nem nos servem, andamos por aí aos trambolhões, a entortar os pés e a manquejar. E é bem feita, para não sermos burros.

E agora é mesmo o fim. Vou deitar a gramática na retrete, e quando a setôra me perguntar: Ó João, onde está a tua gramática? Respondo: Está nula e subentendida na retrete, setôra, enfiei-a no predicativo do sujeito.

João Abelhudo, 8º ano, turma C (c de c…r…o, setôra, sem ofensa para si, que até é simpática).
Enviado por email pelo leitor José Sousa-Dias

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Mia Couto -- "Há quem tenha medo que o medo acabe"

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Existe uma Geografia do medo, povoada de novos e velhos fantasmas, e que limita a capacidade crítica dos cidadâos e as suas opções de escolhas políticas.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Discurso do reitor Sampaio da Nóvoa, proferido nas comemorações do 10 de Junho


"As palavras não mudam a realidade. Mas ajudam-nos a pensar, a conversar, a tomar consciência. E a consciência, essa sim, pode mudar a realidade.
As minhas primeiras palavras são, por inteiro, para os portugueses que vivem situações de dificuldade e de pobreza, de desemprego, que vivem hoje pior do que viviam ontem.
É neles que penso neste 10 de Junho.
A regra de ouro de qualquer contrato social é a defesa dos mais desprotegidos. Penso nos outros, logo existo (José Gomes Ferreira). É o compromisso com os outros, com o bem de todos, que nos torna humanos.
Portugal conseguiu sair de um longo ciclo de pobreza, marcado pelo atraso e pela sobrevivência. Quando pensávamos que este passado não voltaria mais, eis que a pobreza regressa, agora, sem as redes das sociedades tradicionais.
Começa a haver demasiados “portugais” dentro de Portugal. Começa a haver demasiadas desigualdades. E uma sociedade fragmentada é facilmente vencida pelo medo e pela radicalização.
Façamos um armistício connosco, e com o país. Mas não façamos, uma vez mais, o erro de pensar que a tempestade é passageira e que logo virá a bonança. Não virá. Tudo está a mudar à nossa volta. E nós também.
Afinal, a História ainda não tinha acabado. Precisamos de ideias novas que nos dêem um horizonte de futuro. Precisamos de alternativas. Há sempre alternativas.
A arrogância do pensamento inevitável é o contrário da liberdade. E nestes estranhos dias, duros e difíceis, podemos prescindir de tudo, mas não podemos prescindir nem da Liberdade nem do Futuro.
O futuro, Minhas Senhoras e Meus Senhores, está no reforço da sociedade e na valorização do conhecimento, está numa sociedade que se organiza com base no conhecimento.
Há a liberdade de falar e há a liberdade de viver, mas esta só existe quando se dá às pessoas a sua irreversível dignidade social (Miguel Torga).
Gostaria de recordar o célebre discurso de Franklin D. Roosevelt, proferido num tempo ainda mais difícil do que o nosso, em 1941. A democracia funda-se em coisas básicas e simples: igualdade de oportunidades; emprego para os que podem trabalhar; segurança para os que dela necessitam; fim dos privilégios para poucos; preservação das liberdades para todos.
Numa situação de guerra, Roosevelt sabia que os sacrifícios têm de basear-se numa forte consciência do social, do interesse coletivo, uma consciência que fomos perdendo na vertigem do económico; pior ainda, que fomos perdendo para interesses e grupos, sem controlo, que concentram a riqueza no mundo e tomam decisões à margem de qualquer princípio ético ou democrático. É uma “realidade inaceitável”.
Em mar de águas revoltas, é preciso manter o rumo, ter a sabedoria de separar o acessório do fundamental. A Europa não é uma opção, é a nossa condição. Uma Europa com uma nova divisa: liberdade, diversidade, solidariedade.
A Europa é o nosso futuro, mas não nos iludamos. Ou nos salvamos a nós, ou ninguém nos salva (Manuel Laranjeira). Falemos, pois, de Portugal e dos portugueses.
Pelo Tejo fomos para o mundo… mas quantas vezes estivemos ausentes dentro de nós? Preferimos a Índia remota, incerta, além dos mares, ao bocado de terra em que nascemos (Teixeira de Pascoaes).
A Terra ou o Mar? Portugal ou o Mundo? A pergunta foi feita por todos aqueles que pensaram Portugal.
No final do século XIX, um homem da Geração de 70, Alberto Sampaio, explica que as nossas faculdades se atrofiaram para tudo que não fosse viajar e mercadejar. Nunca nos preocupámos com a agricultura, nem com a indústria, nem com a ciência, nem com as belas-artes. As riquezas que fomos tendo “mal aportavam, escoavam-se rapidamente, porque faltava uma indústria que as fixasse”, e o património da comunidade, esse, “em vez de enriquecer, empobrecia”.
Nos momentos de prosperidade não tratámos das duas questões fundamentais: o trabalho e o ensino. Nos momentos de crise é tarde: fundas economias na administração aumentariam os desempregados, e para a reorganização do trabalho falta o capital; falta o tempo, porque a fome bate à porta do pobre. Então a emigração é o único expediente: silenciosa e resignadamente cada um vai partindo, sem talvez uma palavra de amargura.
Este texto foi escrito há 120 anos. O meu discurso poderia acabar aqui. Em silêncio.

Senhor Presidente da República,
Minhas Senhoras e Meus Senhores,

É esta fragilidade endémica que devemos superar. O heroísmo a que somos chamados é, hoje, o heroísmo das coisas básicas e simples – oportunidades, emprego, segurança, liberdade. O heroísmo de um país normal, assente no trabalho e no ensino.
Parece pouco, mas é muito, o muito que nos tem faltado ao longo da história.
Porque Portugal tem um problema de organização dentro de si:
- Num sistema político cada vez mais bloqueado;
- Numa sociedade com instituições enfraquecidas, sem independência, tomadas por uma burocracia e por uma promiscuidade que são fonte de corrupção e desperdício;
- Numa economia frágil e sem uma verdadeira cultura empresarial.
Estão a surgir, é certo, sinais de uma capacidade de adaptação e de resposta, de baixo para cima. Precisamos de transformar estes movimentos numa ação sobre o país, numa ação de reinvenção e de reforço da sociedade.
Chegou o tempo de dar um rumo novo à nossa história.
Portugal tem de se organizar dentro de si, não para se fechar, mas para se abrir, para alcançar uma presença forte fora de si.
Não conseguiremos ser alguém na Europa e no mundo, se formos ninguém em nós.
Não é por sermos um país pequeno que devem ser pequenas as nossas ambições. O tamanho não conta; o que conta, e muito, é o conhecimento e a ciência.

Senhor Presidente de República,

O convite de V. Ex.ª, que muito agradeço, é um gesto de reconhecimento das universidades e do seu papel no futuro de Portugal.
Em Lisboa, na célebre Conferência do Casino (1871), Antero disse o essencial: A Europa culta engrandeceu-se, nobilitou-se, subiu sobretudo pela ciência: foi sobretudo pela falta de ciência que nós descemos, que nos degradámos, que nos anulámos.
Antero tinha razão e o século XX ainda mais razão lhe veio dar. O drama de Portugal, do nosso atraso e da nossa dependência, tem sido sempre o afastamento de sociedades que evoluíram graças ao conhecimento e à ciência.
Nas últimas décadas, realizámos um esforço notável no campo da educação (da escola pública), das universidades e da ciência.
Pela primeira vez na nossa história, começamos a ter a base necessária para um novo modelo de desenvolvimento, para um novo modelo de organização da sociedade.
É uma base necessária, mas não é ainda uma base suficiente.
Existe conhecimento. Existe ciência. Existe tecnologia. Mas não estamos a conseguir aproveitar este potencial para reorganizar a nossa estrutura social e produtiva, para transformar as nossas instituições e empresas, para integrar uma geração qualificada que, assim, se vê empurrada para a precariedade e para o desemprego.
É este o nosso problema: a ligação entre a universidade e a sociedade. É esta a questão central do país: uma organização da sociedade com base na valorização do conhecimento.
Insisto. Apesar de todos os contratempos, Portugal tem hoje uma capacidade instalada, nas universidades e na ciência, que nos permite sair de uma posição menor, periférica, e superar o fosso tecnológico que se cavou entre nós e a Europa.
Não temos tempo para hesitações. As universidades vivem de liberdade, precisam de ser livres para estarem à altura do que a sociedade lhes pede.
É por aqui que passa o nosso futuro, pela forma como conseguirmos ligar as universidades e a sociedade, pela forma como conseguirmos que o conhecimento esteja ao serviço da transformação das nossas instituições e das nossas empresas.
É por aqui que passa o nosso futuro, um outro futuro para Portugal.

Minhas Senhoras e Meus Senhores,

Também Lisboa se está a transformar graças à criação, à energia da cultura e da ciência, graças aos estudantes que aqui chegam de todas as partes do mundo.
Lisboa é dos poetas. Em Abril, a poesia esteve na rua e fez-nos emergir da noite e do silêncio. A poesia volta sempre à rua, através desta língua que é a nossa mátria, desta língua que nos permite estar connosco e com os outros, nas comunidades que nos multiplicaram pelo mundo e nos países que são parte de nós.
25 anos depois, não esqueço José Afonso: Enquanto há força, cantai rapazes, dançai raparigas, seremos muitos, seremos alguém, cantai também.
Cantemos todos. Por um país solidário. Por um país que assegura o direito às coisas básicas e simples. Por um país que se transforma a partir do conhecimento.
Não podemos ser ingénuos. Mas denunciar as ingenuidades não significa pôr de lado as ilusões, não significa renunciar à busca de um país liberto, de uma vida limpa e de um tempo justo (Sophia).
Foi esta busca que me trouxe ao Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas."
&&&
Este texto do ilustre académico Sampaio da Nóvoa, reitor da Universidade de Lisboa, do qual eu já tinha anotado referências na imprensa, mas que, só agora, pude ler na íntegra, tinha, obrigatoriamente, de me ter sido enviado por uma "poeta", já que, e ultrapassando intencionalmente a dominante ortodoxia discursiva oficial, a maior parte das vezes com sabor a ranço, ele constitui-se num verdadeiro "poema", além de, por outro lado, o autor ousar nele afirmar que "Lisboa é dos poetas". 
Sampaio da Nóvoa, despojado de uma qualquer mácula patrioteira, comum aos políticos que mais têm atraiçoado o nosso sonho redentor, coloca a centralidade do problema de Portugal no conhecimento e no trabalho, onde a universidade, se constitui  numa alavanca fundamental. E tem razão. A ignorância e a  iliteracia são a matriz do subdesenvolvimento. Os avanços civilizacionais fizeram-se à custa da aquisição do conhecimento. E o trabalho, por ser  base da realização individual e coletiva, tem de ser valorizado e dignificado em todas as suas múltiplas dimensões. Limitar o conhecimento e reduzir o trabalho à mera condição de mercadoria é a melhor maneira de escravizar um povo, sem que esse povo, disso tome consciência. Mas isto não basta. Em Portugal, é necessário cavar mais fundo. A imobilidade da sociedade só pode ser vencida quando forem erradicadas as atuais classes possidentes, herdeiras dos vícios e da arrogância das elites aristocráticas do passado e, posteriormente, das burguesias endinheiradas, que sempre se confundiram com o próprio Estado. O povo português sempre foi uma coutada dessas elites predadoras e ociosas, que nunca tiveram um projeto coerente e ambicioso para Portugal.  

segunda-feira, 11 de junho de 2012

GUARDAR E FAZER GUARDAR - por David Martelo*


O Estatuto dos Militares das Forças Armadas (EMFAR) é um Decreto-Lei da República Portuguesa (DL 239/99, com alterações posteriores) que, no seu artigo 7.º, determina que cada militar, em cerimónia pública, preste juramento de bandeira perante a Bandeira Nacional, mediantea fórmula seguinte:
«Juro, como português e como militar, guardar e fazer guardar a Constituição e as leisda República, servir as Forças Armadas e cumprir os deveres militares. Juro defendera minha Pátria e estar sempre pronto a lutar pela sua liberdade e independência, mesmo com o sacrifício da própria vida.»
Este juramento, de carácter individual, coloca a guarda da Constituição e das Leis da República logo no primeiro lugar das tarefas juradas pelos militares, o que é o mesmo que dizer que os obriga a ter os olhos e os ouvidos bem abertos para o que se vai passando na vida pública do país.A actividade política portuguesa vem-se caracterizando por sucessivos sinais de que o regime democrático está profundamente afectado por anomalias que, no seu conjunto,consubstanciam uma das mais graves crises da história de Portugal. Podem apontar-se como sintomas de grave doença do sistema político nacional, desde há muitos anos a esta parte, os seguintes exemplos de todos bem conhecidos:
• O sistema partidário, colocando os partidos políticos alternadamente no poder e na oposição, não consegue fazer deles máquinas sérias de fiscalização, na oposição, e de aparelhos aptos a, rapidamente, tomarem conta da governação do país quando legitimamente para tal eleitos. Deste modo, vem-se repetindo o cenário de um partido ou uma coligação de partidos chegar ao poder e, poucas semanas depois, declarar que a situação é muito pior do que tinham imaginado. Todavia, quando em campanha eleitoral, atacam veementemente os partidos a quem disputam o poder e são capazes de considerar “um disparate” uma medida que, passado pouco tempo, logo vão pôr emprática. Assim sendo, parece que quem está no poder consegue, sistematicamente,esconder a realidade do país a quem está na oposição, pelo que as eleições redundam numa simples aposta, para não dizer numa fraude, em que as políticas anunciadas raramente são postas em prática.
• A Justiça tem-se destacado pela sua lentidão, pelas obstruções que a actual legislação consente e pela imoralidade de muitas decisões. No meio do maior escândalo nacional, os tribunais vêm servindo, em muitos casos, para absolver a maior parte dos casos de corrupção – sobretudo os relacionados com personalidades da vida política – e tornou-se patente que, havendo dinheiro, arranja-se um bom advogado e ele tratará de tirar todo o partido da imperfeição das nossas leis, logrando obter a absolvição ou a muito conveniente prescrição.
• As nossas leis são imperfeitas e, na Assembleia da República, não se vislumbram vontades que levem a alterar o que tem vindo a permitir o triunfo dos corruptos e a actividade política em circunstâncias de patente incompatibilidade moral.
• A violação da Lei na acção governativa tornou-se uma prática corrente, de que a confiscação dos Subsídios de Férias e de Natal a uma parte dos portugueses e adesigualdade de sacrifícios impostos aos diversos cidadãos são o exemplo mais forte e penalizante. E, o cenário de far west assentou arraiais de tal feição no panorama político português que a própria governante titular da Justiça, maltratando o princípio da separação dos poderes, admoestou preventivamente os juízes do Tribunal Constitucional para que tivessem tento no que iriam decidir a este respeito.
• Os assaltos a bancos, que antigamente se faziam de pistola na mão e máscara na cara, fazem-se, agora, por dentro e por valores nunca dantes desviados. O Banco de Portugal,onde são pagos ordenados e reformas milionárias, alegadamente devido à elevada qualidade dos seus servidores, fracassou miseravelmente na detecção atempada do golpe do século verificado no BPN. Também neste caso, a lentidão da Justiça a todos deixa perplexos. E essa perplexidade é tanto maior quanto é evidente que o BPN foi uma criação assente em personalidades de notório passado político, muitas delas próximas do actual PR.
• Neste, como em muitos outros casos que ainda não estão sob a alçada da Justiça, emerge a figura do EX-MINISTRO. Ser ministro de Portugal, nos tempos que correm, já não é o coroar de uma carreira de meritórios serviços à causa pública. É, apenas, uma fase transitória de recolha de informação e de valorização pessoal perante o mundo dos negócios, em que se trata de agradar aos que, mais tarde, os premiarão com bem remunerados empregos.
• A própria sede do poder já não será aquela que a Constituição da República determina, porque poderes semi-ocultos manobram nos bastidores da política, em relação promíscua com o mundo dos negócios. Para tornar o panorama ainda mais tenebroso,descobrem-se actuações ilícitas por parte de responsáveis dos Serviços de Informação, ligações discretas a lojas maçónicas e, finalmente, preocupante envolvimento de figuras destacadas do governo. A manipulação dos media e as pressões sobre quem neles trabalha, pecado comum de todos os governos da actual República, faz-se, agora, ameaçando com a divulgação de pormenores da vida privada de jornalistas, o que nos permite perguntar se essa nova modalidade não terá algo a ver com um certo relacionamento do poder com os agentes transviados dos Serviços de Informação. E tudo isto acontece perante a impassibilidade do poder político e, até, com a tentativa de procurar desvalorizar a gravidade da situação.
• Numa Região Autónoma, o presidente do governo regional, figura de enorme sucesso político, graças às contribuições dos contribuintes cubanos do “Contenente”, marimbando-se para o cumprimento das suas obrigações constitucionais, resolve não estar presente na Assembleia Regional durante o debate de uma moção de censura e lança as maiores diatribes sobre os seus adversários políticos, constantemente tratados como loucos e bandidos.
• Mergulhados numa situação gravíssima, que exigiria do Supremo Magistrado da Nação uma atitude mobilizadora da sociedade portuguesa, o actual PR veio lamentar-se publicamente das dificuldades que teria em pagar as suas despesas, não parecendo aperceber-se de como estava a magoar todo o povo português, sabedor de que S.ª Ex.ª vive com cerca de 20 ordenados mínimos por mês. Pois sucede que, por imperativoconstitucional – artigo 127.º - 3 – a fórmula de juramento do PR “Juro por minha honra desempenhar fielmente as funções em que fico investido e defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa” impõe, justamente, a tarefa primária de zelar pelo respeito da normalidade constitucional. Com a imagem degradada de que hoje usufrui – cuja caracterização me abstenho de recordar –, é legítimo duvidar que se encontre nas condições necessárias ao desempenho de tão exigente missão.
• É muito evidente que Portugal precisa de reformas de grande vulto. Há cerca de dois anos, uma figura prestigiada da política portuguesa e ex-líder de um dos principais partidos políticos, considerou que (cito de cor) “em democracia não é possível fazer reformas”. Seguidamente, foi mesmo ao ponto de sugerir que “o melhor era suspender a democracia por seis meses, fazer as reformas, e regressar, depois, ao funcionamento democrático”. Ouvir uma pessoa responsável e com larga experiência governativa fazer uma afirmação deste tipo só pode significar que algo de muito grave se passa com ocumprimento da Constituição da República.
Dito isto, julgo que haverá duas hipóteses a ponderar:
1.ª Estou redondamente enganado nas considerações que fiz, sendo então muito provável que a Constituição da República esteja de boa saúde e convenientemente guardada;
2.ª Não estou (infelizmente) enganado e, então, é legítimo perguntar como é que asForças Armadas e os seus militares acham que estão a cumprir a determinação legal contida no juramento feito e procurar abrir o indispensável debate.
Granja, 04 de Junho de 2012
David Martelo
Coronel de Infantaria Ref.
Amabilidade do Joaquim Pereira da Silva e do João Fráguas

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Agradecimento

O editor do Alpendre da Lua manifesta o seu agradecimento ao Marcilio Godoi, pela sua decisão de se inscrever como amigo/seguidor deste blogue.

sábado, 2 de junho de 2012

A polícia alemã passou-se!...

FRANKFURT, ALEMANHA:
A polícia alemã enviou uma força para condicionar a manifestação anti-capitalista, em 19 de Maio deste ano. Só que, os agentes retiraram os seus capacetes e juntaram-se aos manifestantes ... Um modelo para todos os policias do mundo,...
Claro! Isto não mostraram nas tv's.
Amabilidade do João Fráguas, que enviou a imagem e o texto.

África: a magia e o seu feitiço...

Clicar nas imagens para as ampliar
 

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Mil estudantes de medicina protestam contra falta de vagas para internato

O problema é que a capacidade do internato médico é de apenas 1500 vagas
Perto de mil estudantes de medicina concentraram-se nesta quinta-feira frente do Ministério da Saúde numa acção simbólica de protesto contra o excesso de alunos e a falta de vagas para o internato médico, fundamental para poderem exercer a profissão.
Numa acção simbólica, os estudantes vestiram batas brancas e ostentavam ao peito “senhas de espera” para poderem completar a formação em medicina. O presidente da Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM), Manuel Abecassis, lamentou a “falta de articulação entre os ministérios da Saúde e do Ensino Superior”.
Esta falta de articulação permite que mais vagas do curso de medicina sejam abertas, sem que haja depois capacidade de respostas para estes estudantes, ao nível do internato médico. O problema é que a capacidade do internato médico é de 1500 vagas, enquanto o número de estudantes a sair das faculdades nos próximos anos chega aos dois mil e vai crescer mais ainda, explicou.
PÚBLICO
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Não se compreende!.... Com tanta falta de médicos no SNS, e com milhares de utentes sem Médico de Família, o Ministério da Saúde não dá saída profissional para  totalidade dos novos licenciados em Medicina, abrindo mais vagas para o Internato Geral, como seria a sua obrigação. Trata-se de um duplo desperdício. Em primiro lugar, não se aproveitam os meios humanos disponíveis, que tanta falta fazem. Em segundo lugar, fica comprometido, em termos sociais e económicos, o retorno do investimento na formação superior daqueles licenciados, que, se não obtiverem a graduação do Internato Geral, não poderão exercer a profissão, para a qual estudaram.
A subordinação deste governo a uma visão economicista da Saúde, mais preocupado com os números do défice do que com a plena funcionalidade do SNS, pretende, em última instância, transferir as responsabilidades assistenciais para os privados. A Saúde e a Segurança Social, dois pilares fundamentais da coesão social, mas que, em termos económicos, apresentam uma elevada rentabilidade potencial, há muito tempo que se encontram na mira dos predadores habituais.

A verdade da economia


Amabilidade do Diamantino Silva