A
Origem das Religiões (*)
Estamos na presença de um texto
rigoroso, que procura tentar compreender a complexa relação entre o Homem e a
Religião. E o autor define, logo no início, o campo da sua visão, com o qual
concordo, quando diz que "a religiosidade, como geralmente a entendemos,
vivida por espíritos conservadores, é uma limitadora das possibilidades
humanas". Mas, além das vivências actuais, baseadas nas Religiões do
Livro, que, no Ocidente, aprofundaram, desde a sua origem, essa capacidade
limitadora da mente dos crentes, o que possibilitou a sua avançada forma de
institucionalização, temos de encontrar, através da Antropologia, a razão
primeira dessa enraizada pré-disposição do Homem para se sujeitar acriticamente
a uma tal situação de subjugação.
Dou como garantido que a crença numa
entidade superior começou com os primeiros grunhidos da Humanidade. Ou seja,
associou-se naturalmente ao desenvolvimento dos mais primitivos pensamentos dos
Homo sapiens, pensamentos ainda
lineares e esquemáticos, e das primeiras tentativas de articular sons guturais,
com os quais pretendiam comunicar. E nesses primeiros pensamentos, embora muito concentrados à volta das
questões da sua subsistência, surgiu naturalmente a primeira pergunta sobre a
sua própria identidade e a identidade de quem construíra o mundo visível a seus
olhos, processo esse que durou milhares de anos, o tempo suficiente para
projectarem a mente para o Além, para uma entidade invisível superior. Nascera
a crença... Mais uns milhares de anos, mais à frente, quando a organização
social evoluiu para as formas superiores da sua hierarquização, aceitando um
líder que se impunha pelo seu poder, é que se inicia o processo da
institucionalização da crença. O próprio poder político necessitava, para se
legitimar, do novo poder que surgia, o poder religioso, normalmente concentrado
no líder, que rapidamente sentiu a necessidade de ser acolitado por clérigos
obedientes.
E assim chegamos ao Judaísmo, ao
Cristianismo e ao Islamismo, a marcarem o tempo da História, e constituindo-se
em objecto e pretexto de muitas guerras.
Alexandre
de Castro
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