Incêndios.
Ministra esperava "maior solidariedade" de parceiros europeus
Portugal
acionou mecanismo europeu de proteção civil. Itália respondeu ao pedido de
ajuda, Espanha já tinha enviado dois aviões
A
ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, mostrou-se esta
quinta-feira insatisfeita com a resposta dos parceiros europeus ao pedido de
ajuda de Portugal civil para fazer face aos muitos incêndios que lavram no
país.
"Estava
à espera de uma maior solidariedade dos parceiros europeus", afirmou a
ministra, sublinhando que Marrocos, apesar de não pertencer à União Europeia,
respondeu prontamente ao pedido de auxílio.
Constança
Urbano de Sousa disse ainda, em Arouca, que o dispositivo de combate a
incêndios tem estado a responder "com enorme determinação" aos vários
fogos que assolam o país, salientando que o trabalho tem sido dificultado pela
"severidade" das condições meteorológicas.
"O
nosso dispositivo de combate a incêndios é robusto, capaz e bem treinado. Ao
longo destes anos foi sendo desenvolvido e está adequado para fazer face a
grandes fenómenos com alguma severidade", assegurou.
***«»***
A
senhora ministra da Administração Interna ainda não percebeu que a Europa não é
um espaço de solidariedade. É um espaço de negócio. Registe-se o altruísmo de
Marrocos, da Espanha e da Itália.
A
senhora ministra (que não tem culpa nenhuma da actual tragédia incendiária)
também ainda não percebeu, e baseando-nos nas declarações por si proferidas,
que por mais meios de combate que existam (bombeiros e helicópteros) para
utilizar nos incêndios florestais, não é possível deter a fúria do fogo,
nem evitar a sua deflagração, na época crítica, se não houver previamente uma
verdadeira política de prevenção, que praticamente não existe.
Ao
contrário do que acontece com os incêndios urbanos, os florestais não podem ser
extintos com água e ar, e a acção dos helicópteros é muito limitada. A
estratégia correcta para evitar a sua ocorrência é "roubar-lhes o
alimento", quer provocando, antes da época crítica (Julho e Agosto),
incêndios controlados nos matagais entre zonas contíguas de denso arvoredo,
quer limpando as matas e, ainda, e isto é importante, estimulando a actividade
da pastorícia. Os rebanhos roubam o material combustível, que alimenta as
chamas. Por este trabalho prestado à sociedade, os proprietários de rebanhos
recebem um subsídio estatal, que o anterior governo reduziu, revertendo uma
parte a favor dos bombeiros. Claro que os bombeiros (uns verdadeiros heróis,
que não sabem chutar a bola) precisam de mais meios físicos e de mais
incentivos, mas que deveriam ser custeados por outras fontes de financiamento,
que não a que estava destinada para os pastores.
Por
outro lado, é necessário romper com os lobies de interesses que giram à volta
do fogo, e que privilegiam a estratégia do combate às chamas, em vez da
estratégia preventiva, ao mesmo tempo que dão a ganhar, a muita gente, dinheiro
sujo. Veja-se o caso do serviço das frotas de helicópteros de empresas
privadas, serviço esse que a Força Aérea está em condições de prestar com
eficácia, a um custo muito menor.
Pelo
que disse, a senhora ministra tem muito que aprender sobre a natureza desta
praga, que devora património e alarma as populações rurais, que apenas têm voz
na comunicação social, quando as suas casas são consumidas pelas chamas.
Alexandre
de Castro
11 AGO 2016
Sem comentários:
Enviar um comentário