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terça-feira, 21 de agosto de 2012

China: O seu crescimento é imparável...

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Amabilidade da Dalia Faceira
**
O crescimento da China é imparável. Mesmo que os países ocidentais, por razões geo-estratégicas, coloquem restrições severas às suas importações, oriundas daquele país, a China, mesmo assim, tem muito por onde se expandir. O seu mercado interno é de um enorme potencial.

Notações: Imagens que marcam...

A morte não tem de residir necessariamente
em locais sombrios e cinzentos.

Os japoneses conseguiram, com a sua tenacidade, fazer de
Hiroshima um local "civilmente" sagrado. O Mundo
vergou-se à força desta memória.

Amabilidade da Dalia Faceira, que enviou as imagens.

Notações: Contrastes fotográficos


Uma realidade onde os extremos nunca se tocam.
Amabilidade da Dalia Faceira, que enviou as imagens.

domingo, 19 de agosto de 2012

O Pássaro Azul...



Poema (Matemático) - Autor anónimo


Poema (Matemático)

Um Quociente apaixonou-se
Um dia
Doidamente
Por uma Incógnita.

Olhou-a com seu olhar inumerável
E viu-a, do Ápice à Base...
Uma Figura Ímpar;
Olhos rombóides, boca trapezóide,
Corpo ortogonal, seios esferóides.

Fez da sua
Uma vida
Paralela à dela.
Até que se encontraram
No Infinito.

"Quem és tu?" indagou ele
Com ânsia radical.
"Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode chamar-me Hipotenusa."

E de falarem descobriram que eram
O que, em aritmética, corresponde
A alma irmãs
Primos-entre-si.

E assim se amaram
Ao quadrado da velocidade da luz.
Numa sexta potenciação
Traçando
Ao sabor do momento
E da paixão
Rectas, curvas, círculos e linhas sinusoidais.

Escandalizaram os ortodoxos
das fórmulas euclidianas
E os exegetas do Universo Finito.

Romperam convenções newtonianas
e pitagóricas.
E, enfim, resolveram casar-se.
Constituir um lar.
Mais que um lar.
Uma Perpendicular.

Convidaram para padrinhos
O Poliedro e a Bissectriz.
E fizeram planos, equações e
diagramas para o futuro
Sonhando com uma felicidade
Integral
E diferencial.

E casaram-se e tiveram
uma secante e três cones
Muito engraçadinhos.
E foram felizes
Até àquele dia
Em que tudo, afinal,
se torna monotonia.

Foi então que surgiu
O Máximo Divisor Comum...
Frequentador de Círculos Concêntricos.
Viciosos.

Ofereceu-lhe, a ela,
Uma Grandeza Absoluta,
E reduziu-a a um Denominador Comum.

Ele, Quociente, percebeu
Que com ela não formava mais Um Todo.
Uma Unidade.
Era o Triângulo,
chamado amoroso.
E desse problema ela era a fracção
Mais ordinária.

Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade.
E tudo que era espúrio passou a ser
Moralidade
Como aliás, em qualquer
Sociedade
Autor anónimo
Amabilidade do Olímpio Alegre Pinto

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Cinco anos de escândalos na elite da banca mundial - Diário Económico*


Fraudes, escândalos, salários milionários e alguma impunidade. O Diário Económico relembra as principais figuras desde o início da crise.

"Existe uma certa diabolização da Banca". A frase é de Faria de Oliveira, em recente entrevista ao Diário Económico. A esta opinião poderíamos juntar a de Lloyd Blankfein, o todo-poderoso presidente da Goldman Sachs, que afirmou que "os banqueiros fazem o trabalho de Deus". O autor desta frase é um dos poucos sobreviventes de Wall Street à crise que começou a fazer vítimas, há cinco anos.
A questão da moral na banca pode parecer simplista, mas surge após a sucessão de casos em instituições que são, ou eram, vistas como pilares do sistema financeiro internacional. A Bear Stearns já não existe, a Merrill Lynch foi comprada; a Lehman ruiu com um estrondo que fez tremer todo o mundo; bancos foram nacionalizados em quase todos os principais mercados. Entre fraudes, má gestão ou apenas azar, há inúmeros exemplos de banqueiros no centro do turbilhão; alguns ajudaram a criá-lo, outros não o souberam combater.

A crise nascida do ‘subprime' começou por arrastar os bancos; isto espalhou-se à economia; o que obrigou a resgates públicos e ao reforço brutal do investimento estatal, para impedir uma recessão que veio a suceder de qualquer forma. Nesta altura, todas as vozes "falavam grosso" para a banca. Esta era a culpada da crise e estava a obrigar os Estados, isto é, os contribuintes, a endividar-se para salvar o sector. Até que a maré - o humor do mercado - mudou, e são os próprios Estados em risco. E, ironia do destino, dependentes dos bancos para se financiarem, nomeadamente nos leilões de dívida pública. A verdade é que todo esse alarido super-regulatório deixou poucas mudanças efectivas, e sobretudo não impediu que continuassem a suceder escândalos na banca, mesmo que já não relacionados com a crise do ‘subprime'.

No elenco ao lado, pode ver boa parte do filme da crise. Entre os protagonistas essenciais estão Dick "O Gorila" Fuld, em cujos braços morreu a Lehman; mas também actores mais recentes, como o presidente do Nomura, que curiosamente cresceu à custa da Lehman. E também Phil Purcell, o antigo CEO da Morgan Stanley que, em 2005, perdeu o emprego por recusar alavancar o banco para embarcar no aparente "almoço grátis" do ‘subprime'.

No centro do turbilhão...

Matt Ridley - Northern Rock
Juntamente com a saída dos funcionários da Lehman dos seus escritórios, as filas de clientes às portas do Northern Rock ficam como a grande imagem do início da crise. Em 2007, tornou-se a primeira vítima da exposição ao ‘subprime' norte-americano, tendo de receber assistência de liquidez de emergência do Banco de Inglaterra. No entanto, tal soube-se, e criou-se uma corrida aos depósitos - a primeira em mais de 100 anos em Inglaterra - que derrubou de vez o banco, que acabou por ser nacionalizado. Já este ano, foi comprado pela Virgin Money, de Richard Branson. À data da nacionalização, o Northern Rock tinha como ‘chairman' Matthew Ridley, que se demitiu em Outubro de 2007. Ridley não era apenas banqueiro: foi jornalista e é um escritor conceituado, sobretudo na área da Ciência.

Chuck Prince - Citigroup
Tornou-se CEO do Citigroup em 2003 e demitiu-se em Novembro de 2007, depois de inesperadamente o banco apresentar perdas no terceiro trimestre, devido às perdas associadas a investimentos como os CDS. Prince saiu do banco com cerca de 38 milhões de dólares de bónus e continua a ser consultor do Citigroup. Ficou ainda mais conhecido pela frase que utilizou para explicar o facto de o banco continuar a fazer negócios altamente alavancados à medida que a crise do ‘subprime' piorava : "Enquanto a música estiver a tocar, tens de te levantar e dançar". Para Prince, como para outros grande banqueiros, o problema foi quando a música acabou.

Stan O'Neal - Merrill Lynch
Tornou-se CEO da Merrill em 2003, depois de ter presidido à divisão de ‘private clients', onde levou adiante despedimentos massivos. Assim que chega ao poder da Merrill Lynch, O'Neal decide livrar-se da cultura de ‘job security', argumentando que isso promovia uma cultura de facilitismo e não de mérito. O'Neil deu maior dimensão às áreas de trading e foi um dos maiores subscritores de CDO colateralizados por crédito hipotecário. Quem questionasse o risco em que o banco estava a incorrer na altura era despedido ou colocado "na prateleira". Uma estratégia que deu origem a enormes bónus, até que em Agosto e Setembro de 2007 a Merrill Lynch anunciou perdas de oito mil milhões de dólares. À medida que a crise piorava O'Neil abordou o Wachovia Bank sobre uma possível fusão, mas sem obter primeiro a aprovação da administração da Merrill, o que levou à sua saída. O'Neil saiu com um pacote de compensação que incluía acções e opções da Merrill avaliadas em 161,5 milhões de dólares na altura. Em Janeiro de 2008, O'Neil foi nomeado para o conselho de administração da Alcoa. A Merrill Lynch foi vendida ao Bank of America, no período mais sensível da crise financeira.

Dick Fuld - Lehman Brothers
Era o CEO do Lehman desde 1994. Era conhecido como o Gorilla em Wall Street devido à sua veia competitiva, ao seu carácter irascível e a uma presença física que intimidava colaboradores e adversários. Esta característica ficou bem clara num vídeo interno do banco, acerca dos ‘short-sellers', no qual Richard Fuld arranca a seguinte frase: "Sou suave, sou adorável, mas o que eu quero mesmo fazer é esticar o braço, arrancar-lhes o coração e comê-lo antes que eles morram". A sua agressividade não se ficava pelo trato, e era adoptada também na forma de fazer negócios e nas apostas financeiras que o banco assumia. Até ao último momento, recusou-se a acreditar que a Reserva Federal fosse até ao fim e mantivesse a recusa em salvar a instituição a que presidia. O dia acabou por ficar como símbolo de que a crise também abatia os gigantes.

Jimmy Cayne - Bear Stearns
Foi o primeiro banco a cair pelas mãos do ‘subprime'. Estava fortemente investido em produtos derivados colateralizados por créditos de má qualidade. Os primeiros sinais do que aí vinha foram dados precisamente por dois fundos do Bear Stearns, ainda em 2007. Em Março de 2008 foi comprado pelo JP Morgan por dez dólares por acção (em Fevereiro de 2008 o banco cotava a 93 dólares por acção). A instituição suspendeu o pagamento de bónus aos seus colaboradores em 2007, mas antes de o fazer Jimmy Cayne recebeu mais de 87 milhões de dólares em dinheiro pelos seus esforços, de 2000 a 2006.

Fred Goodwin - Royal Bank of Scotland
Demitiu-se em Outubro de 2008, com efeito a partir de 31 de Janeiro de 2009. Precisamente um mês antes de o Royal Bank of Scotland apresentar perdas anuais de 24,1 mil milhões de libras, a maior perda anual na história empresarial do Reino Unido. O título de Cavaleiro (knighthood) atribuído em 2004 por "serviços ao sistema bancário" foi cancelado e anulado a 1 de Fevereiro de 2012. O que se compreende, tendo em atenção que a exposição do banco ao sector do ‘subprime' obrigou o Estado britânico a nacionalizar a instituição.

Ken Lewis - Bank of America
Tornou-se CEO, presidente e chairman do BoA em 2001 e saiu em Setembro de 2009. Em Setembro de 2008, e depois de ter recebido 86 mil milhões de dólares da Fed, Lewis escreveu aos seus accionistas dizendo que ele estava ao leme de "um dos mais fortes e mais estáveis bancos do mundo". No início de Janeiro o BoA comprou o Countrywide por 2,5 mil milhões de dólares, um negócio que foi caracterizado por alguns como o pior negócio na história da finança americana, já que o custo total viria a exceder os 40 mil milhões de dólares, devido às perdas do banco relacionadas com o subprime. No dia em que o Lehman Brothers declarou falência, Ken Lewis anunciou a compra do Merrill Lynch, por cerca de 50 mil milhões de dólares. Durante o ano seguinte multiplicaram-se as críticas em relação aos bónus milionários que o BoA continuava a pagar aos colaboradores do Merrill Lynch, ainda mais porque esse dinheiro tinha vindo da Fed.

Robert Diamond - Barclays
Antes de se tornar CEO do Barclays, a 1 de Janeiro de 2011, Bob Diamond ocupou o cargo de CEO do Barclays Capital e foi o responsável pela compra e integração dos activos norte-americanos do falido Lehman Brothers. Bob Diamond foi muitas vezes criticado pelo elevado salário, 63 milhões de libras em 2010, e falta de humildade (foi mesmo criticado por responsáveis governamentais, devido ao seu estilo de vida dispendioso). Em 2011 recebeu um bónus de 6,5 milhões de libras, o maior entre os bancos britânicos. De saída do Barclays devido ao escândalo de manipulação da Libor, Diamond renunciou ao bónus de 20 milhões de libras, mas levou cerca de dois milhões de libras de indemnização.

Kenitchi Watanabe - Nomura
Era o CEO do Nomura desde 2008 e demitiu-se a 26 de Julho último. A sua demissão surge na sequência de uma investigação realizada pelo regulador japonês a vários bancos por suspeitas de ‘inside trading'. O Nomura foi um dos bancos visados, apontando o dedo a uma cultura demasiado orientada para o lucro e para a fraca formação dos funcionários em termos de regras de ‘inside trading'. Um estudo do comité interno de investigação do Nomura referia que num departamento, "o ambiente de trabalho parecia ser o de os funcionários estarem dispostos a tudo fazerem para atingirem os objectivos de vendas". É um dos últimos casos da banca, embora sem relação com o ‘subprime' ou a crise actual. Curiosamente, o Nomura comprou as actividades da Lehman na Europa e na Ásia para se tornar um ‘player' global.

Peter Sands - Standard Chartered
É o último capítulo nesta saga, e o único CEO que se mantém no lugar. As autoridades norte-americanas ameaçam retirar ao Standard Chartered a licença para operar em Nova Iorque, acusando o banco de ter colaborado na lavagem de dinheiro de bancos iranianos, num valor de até 250 mil milhões de dólares. Estes negócios com bancos do Irão violam sanções económicas decretadas pelos EUA. Em resposta, as acções do Standard sofreram fortes quedas, até Peter Sands ter saído em defesa da instituição. Mas não esteve só. O próprio Governador do Banco de Inglaterra Mervyn King veio lamentar não ter sido informado das investigações e a falta de cooperação das autoridades norte-americanas. Já Boris Johnson, o controverso presidente da câmara de Londres, acusou mesmo os EUA de estarem a ser "proteccionistas", atacando um centro financeiro rival por "inveja".

E os sobreviventes...

Lloyd Blankfein - Goldman Sachs
O homem que diz que os bancos fazem "o trabalho de Deus" é, provavelmente, o banqueiro mais poderoso do mundo ou pelo menos visto como tal. Para tal, bastava-lhe ser presidente e CEO da Goldman Sachs, o banco mais influente a nível mundial, por onde já passaram boa parte dos responsáveis políticos e financeiros em muitas partes do globo. Blankfein também teve de suportar perdas e escândalos mas, ao contrário da grande maioria dos concorrentes, manteve-se no lugar e saiu sempre por cima. Recentemente, viu a Goldman saltar para as páginas dos jornais quando um antigo funcionário denunciou publicamente a filosofia reinante no banco. O "Homem Goldman" é altamente competitivo, esbanja testosterona, está "queimado" ao fim de poucos anos de serviço para ser substituído por alguém mais jovem e mais determinado e, sobretudo, coloca os seus interesses e os do banco acima dos dos seus clientes. Blankfein lançou uma operação de charme para responder a estas acusações.

Jamie Dimon - JP Morgan
É o outro grande sobrevivente da crise. Mais, ganhou quota e dimensão enquanto outros definharam ou deixaram pura e simplesmente de existir. O JP Morgan recebeu dinheiros públicos ao abrigo do TARP, apesar de, depois disso, ter admitido que não precisava (as autoridades transferiram dinheiro para muitos bancos, para não mostrar ao público quais os que realmente estavam fragilizados). Sob a direcção de Dimon, o JP Morgan não só devolveu o dinheiro ao Estado como chegou à liderança do mercado financeiro norte-americano no que toca à emissão de cartões de crédito, valor de activos sob gestão e valor de mercado. Recentemente, anunciou uma perda de dois mil milhões de dólares, devido a uma estratégia "com falhas, fracamente revista, fracamente executada e fracamente monitorizada", nas palavras do próprio Dimon. De imediato, Paul Krugman veio publicamente criticar Dimon e o JP Morgan, por estar, de novo, a fazer apostas de risco. Krugman acusa ainda Dimon de ser o principal responsável pelo lóbi político contra mexidas na regulação do sector financeiro
*Tiago Freire e Marta Marques Silva
Diário Económico
Sugerido por Lara Ferraz
***«»***
Perante este descalabro, como é possível não querer admitir que os bancos têm de passar para a órbita da soberania do Estado! É evidente que isto, a nacionalização da banca, só será possível com o desencadeamento de um movimento revolucionário mundial, que tenha por objetivo único promover o bem estar das populações, através de reformas muito profundas que orientem a economia para a produção e distribuição dos recursos e não para a especulação financeira. Enquanto os mercados financeiros continuarem a comandar a política, as crises irão surgir em catadupa, numa espiral vertiginosa, com consequências gravíssimas ao nível dos equilíbrios políticos e militares internacionais, ao mesmo tempo que também irão provocar a degradação do tecido social dos povos mais fragilizados. Tudo isto poderá precipitar a Humanidade no abismo.

domingo, 12 de agosto de 2012

Desmontar a mentira para combater a alienação e dinamizar a luta - por Miguel Urbano Rodrigues


Desmontar a mentira para combater a alienação e dinamizar a luta
A compreensão pelos povos da estratégia exterminista do imperialismo que os ameaça é extremamente dificultada pela ignorância sobre o funcionamento do sistema de poder dos Estados Unidos e pela imagem falsa que prevalece a respeito da sociedade norte-americana não apenas na Europa mas em muitos países subdesenvolvidos.Repetir evidências passou a ser uma necessidade no combate à alienação das grandes maiorias, confundidas e manipuladas pelos responsáveis da crise de civilização que atinge a humanidade.

Talvez nunca antes a insistência em iluminar o óbvio oculto tenha sido tão importante e urgente porque a falsificação da História e a manipulação das massas empurra a humanidade para o abismo.

Essa tarefa assume um carácter revolucionário porque as forças que controlam o capitalismo utilizam as engrenagens do sistema mediático para criar uma realidade virtual que actua como arma decisiva para a formação de uma consciência social passiva, para a robotização do homem.

A compreensão pelos povos da estratégia exterminista do imperialismo que os ameaça é extremamente dificultada pela ignorância sobre o funcionamento do sistema de poder dos Estados Unidos e a imagem falsa que prevalece a respeito da sociedade norte-americana não apenas na Europa mas em muitos países subdesenvolvidos.UM MITO ROMÂNTICONão obstante serem inocultáveis os crimes cometidos pelos EUA nas últimas décadas em guerras de agressão contra diferentes povos, uma grande parte da humanidade continua a ver na pátria de Jefferson e Lincoln uma terra de liberdade e progresso. O mito romântico dos pioneiros do Mayflower é difundido por uma propaganda perversa que insiste em apresentar o povo e o governo dos EUA como vocacionados para defender e liderar a humanidade. Os males do capitalismo seriam circunstanciais e a grande república, presidida agora por um humanista, estaria prestes a superar a crise que a partir dela alastrou pelo mundo.

Não basta afirmar que estamos perante uma perigosa mentira. Desmontar o mito estadounidense é, repito, uma tarefa prioritária na luta contra a alienação das maiorias. O político negro cuja eleição desencadeou uma vaga de esperança entre oprimidos da Terra engavetou os compromissos assumidos com o povo e ao longo do seu mandato deu continuidade a uma estratégia de dominação mundial, ampliando-a perigosamente.

Diferentemente de Bush junior, Obama soube construir uma mascara de estadista sereno e progressista. A sua reeleição, não tenhamos dúvidas, será facilitada porque o candidato republicano que o enfrentará, Mitt Romney, é um político ultra reaccionario, sem carisma.AS GUERRAS IMPERIAIS No Iraque a violência tornou-se endémica, milhares de mercenários substituíram as tropas de combate e um governo fantoche actua como instrumento das transnacionais do petróleo.

No Afeganistão a guerra está perdida. Após onze anos de ocupação, as forças da NATO e as dos EUA somente controlam Kabul e algumas capitais de província. Todas as ofensivas contra a Resistência (que vai muito alem dos Talibãs) fracassaram e nos quartéis e nos Ministérios os recrutas matam com frequência os instrutores estrangeiros, americanos e europeus.

A retirada antecipada das tropas francesas do país colocou um problema inesperado ao Pentágono. Em Washington poucos acreditam que o presidente cumpra o acordo sobre a evacuação do exército de ocupação antes do final de 1014.

Em declarações recentes, Obama, já em campanha eleitoral, retomou o tema da defesa dos «interesses dos EUA no mundo». Essa política implica a existência de centenas de bases militares em mais de uma dezena de países. Na Colômbia, por exemplo, foram instaladas mais oito.

Numa inflexão estratégica, o presidente informou que está em curso uma deslocação para Oriente do poder militar norte-americano. O secretário da Defesa esclareceu que dois terços da US Navy serão deslocados para o Pacifico. Ficou transparente que o objectivo inconfessado é cercar por terra e mar a Rússia e a China.

Vladimir Putin interpretou correctamente a mensagem. Consciente de que na sua escalada agressiva os EUA teriam de reforçar a sua hegemonia no Médio Oriente, abatendo o Irão, antes de definirem aqueles países como «inimigos» potenciais, o presidente russo num discurso firme advertiu Washington de que está a ultrapassar a linha vermelha.

Contrariamente ao que afirmam alguns analistas que cultivam o sensacionalismo, a iminência de uma terceira guerra mundial é, porém, uma improbabilidade. Mas isso graças à firmeza da Rússia. Putin não esqueceu Munique. Usou palavras duras, recordando a agressão ao povo líbio, para lembrar a Obama que já foi longe demais e que não tolerará uma intervenção militar USA-Uniao Europeia na Síria, qualquer que seja o pretexto invocado. ASSASSINAR À DISTÂNCIAO belicismo de Obama é, alias, tão ostensivo que até um jornal do establishment, o New York Times (que o tem apoiado), sentiu a necessidade de revelar que a lista de «terroristas» e dirigentes políticos a aniquilar pelos aviões sem piloto (os famosos drone) é submetida à aprovação do chefe da Casa Branca. Matar a longa distância, numa guerra electrónica de novo tipo, tornou-se uma rotina graças aos progressos da ciência. Leon Panetta, o actual secretário da Defesa, não somente a aprova como a elogia, assim como o general Petraeus, o director da CIA.

O prémio Nobel Obama aprova previamente os alvos humanos seleccionados cujas biografias lhe são enviadas. A esse nível se situa hoje o seu conceito de ética.

Os homens do presidente chegaram à conclusão de que essa modalidade de assassínio não tem suscitado grandes protestos internacionais e evita a perda de pilotos.

O principal inconveniente é a imprecisão desses ataques. No Paquistão, dezenas de aldeões foram mortos em bombardeamentos dos drones nas áreas tribais da fronteira afegã. O erro (assim lhe chamam no Pentágono) gerou uma crise nas relações com o Paquistão quando 26 soldados daquele país foram abatidos por um avião assassino. O governo de Islamabad proibiu a partir de então a travessia da fronteira pelos caminhões que carregam alimentos e armas para as tropas dos EUA e da NATO.

Não obstante os «inevitáveis danos colaterais», os generais do Pentágono definem como revolucionária a guerra barata na qual basta carregar num botão, por vezes a centenas de quilómetros de distância, para atingir alvos humanos seleccionados em gabinetes nos EUA e aprovados pelo Presidente.

A esmagadora maioria dos estadounidenses tem um conhecimento muito superficial do que se passa nas guerras asiáticas do seu país. Mas no Exército alastra um difuso mal-estar. No ano corrente registou- se um record de suicídios de militares. O FANTASMA DA AL QAEDASão qualificados de especialmente satisfatórios os bombardeamentos frequentes a tribos «terroristas» do Iémen e da Somália. Se a CIA informa que uma tribo perdida nas montanhas da outrora chamada Arábia Feliz é acusada de ligações suspeitas com a Al Qaeda, envia-se um drone da base de Djibuti para liquidar o seu chefe. Obama dá o seu aval à operação.

O New York Times, no editorial citado, reconhece com pesar que o actual poder decisório presidencial de assassinar «terroristas» em regiões remotas «não tem precedentes na história presidencial». Monstruoso, mas real: Obama comporta-se como um ciber-guerreiro.

Nessa estratégia criminosa, a invocação da Al Qaeda como a grande ameaça à segurança dos EUA é permanente, obsessiva.

Somente em Março pp. o Google registou 183 milhões de entradas em busca de informações sobre a organização.

OS EUA planearam e executaram a morte de Ben Laden numa operação obscura de forças especiais, violadora da soberania do Paquistão. Mataram já ou afirmam ter assassinado os principais dirigentes da Al Qaeda. Mas o fantasma da Al Qaeda sobreviveu, e é esse dragão, invisível, medonho, que motiva os bombardeamentos dos drones, a guerra electrónica assassina.

O mito da Al Qaeda, o inimigo número 1, tornou-se um pilar da estratégia «anti-terrorismo» dos EUA.

Quantas pessoas, mundo afora, sabem que Ben Laden foi um aliado íntimo dos EUA durante a guerra contra a Revolução Afegã? Poucas.

E poucas são também as que têm conhecimento das relações estreitas que a CIA e a inteligência militar dos EUA mantiveram e mantêm com organizações fundamentalistas islâmicas.

A necessidade de aniquilar a Al Qaeda foi o argumento básico que Bush filho brandiu para justificar o Patriot Act e a invasão e ocupação do Afeganistão, numa cruzada «antiterrorista» em defesa «da liberdade, da democracia, da paz…»

Obama, usando um discurso diferente, muito mais hábil, aprofundou a estratégia de poder dos EUA.

Ao assinar a lei da Autorização da Segurança Nacional, o presidente dos EUA tripudiou sobre a Constituição, transformando o país num Estado militarizado que exibe uma fachada democrática. Internamente subsistem algumas liberdades e direitos, mas a politica externa é a de um estado terrorista.RUSSIA E CHINA AMEAÇADAS A engrenagem imperial está em movimento. Primeiro foi o Iraque, depois o Afeganistão, depois a Líbia. Agora o alvo é a Síria.

A máquina mediática trituradora das consciências repete o método utilizado na campanha que precedeu o ataque armado à Líbia. A CIA e o Pentágono prepararam e financiaram grupos de mercenários que instalaram o caos nas grandes cidades sírias. O presidente Bachar al Asad foi demonizado e, inventada uma realidade virtual- uma Síria imaginária – uma campanha massacrante tenta persuadir centenas de milhões de pessoas de que intervir militarmente naquele pais seria «uma intervenção humanitária» exigida por aquilo a que chamam «a comunidade internacional». Mas o projecto de repetir a tragédia líbia está a esbarrar com a oposição, até hoje inultrapassável, da Rússia.

Insisto: compreender o funcionamento da monstruosa engrenagem montada pelo imperialismo para anestesiar a consciência social e criar um tipo de homem robotizado é uma exigência no combate dos povos em defesa da liberdade, da própria continuidade da vida.

Não exagero ao definir como tarefa revolucionária essa luta.
Miguel Urbano Rodrigues
Vila Nova de Gaia, 13 de Junho de 2012
In ODiário
Amabilidade do Diamantino Silva

sábado, 11 de agosto de 2012

Crónica anunciada do primeiro poema onde entro

Fotografia de João Palmela

Crónica anunciada do primeiro poema onde entro

Deitei-me tarde, levantei-me cedo. O médico faltou. Fiquei azedo, como se tivesse sarro na boca. Resolvi descer à Baixa Pombalina, onde tudo cheira a História. Entrei na Havaneza para ver os cachimbos. Estão pela hora da morte. Vaguei pela Bertrand à procura do livro que ainda irei escrever. O empregado disse-me que já estava esgotado e que a todo o momento esperavam a 2ª edição. Fiquei irritado por ele não me ter reconhecido.
Cá fora, o colorido dos turistas a animar a rua. Desci ao Rossio e senti o perfume da manhã na esplanada do Nicola. Ali fiquei a saborear a cidade e o seu movimento colorido. A luminosidade de Lisboa é única. Disseram-me que é do reflexo do sol no grande estuário do Tejo. O que é certo é que esta luz enfeitiça os olhos. Talvez por isso, eu tenha começado a olhar para todas as mulheres que passavam e em cada uma delas tentava adivinhar aquela que me engravida as horas com as suas palavras. Senti-me preso nesse jogo, onde era o único jogador. Ganhava sempre. A imagem tornava-se cada vez mais nítida e lembrei-me daquela fotografia do rio Azul, o rio que para mim já não é fronteira, um veio de prata embaciado por neblinas, e era por aquela serenidade da paisagem que eu queria estagiar a minha ansiedade de ler todas as respostas às perguntas que ainda não fiz.
E quando cheguei a casa, sabia que a resposta estava ali, ainda sem ser palavra redentora, na carta que já anunciava o poema, que só depois descobri na outra carta, que também chegara.
O sarro da boca desapareceu e apressei-me a perdoar a lamentável falta de memória do empregado da Bertrand. Ele, na realidade, não poderia adivinhar que eu já estava dentro do poema, e a responder ao grito desta “poeta”, que começa a enlouquecer-me os dias e as noites, a pedir-me que lhe escreva, que a invente, que a imagine, que a sinta, inventando-me a mim próprio como namorado enciumado e invertendo aquele jogo, ensaiado ludicamente na esplanada do Nicola, quando ainda não sabia que já era poema, onde aparecia todo inteiro.
Alexandre de Castro
Lisboa, Idos de Março do ano I do encantamento

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Os capitães da areia, de Jorge Amado - por Domingos Lobo


Jorge Amado pertence a uma geração de autores brasileiros que produziu, a partir dos anos 1930, uma literatura que começava – depois do fulgor realista de Machado de Assis – a pensar o Brasil fora da herança arcádica do colonialismo, fugindo aos apelos do modernismo e, até, da Renascença Portuguesa em cuja revista Águia poetas como Ronald de Carvalho e Guilherme de Almeida haviam colaborado.
... Com Capitães da Areia, caminhamos pelas ruas da Bahia com um punhado de adolescentes aos quais, os tempos e a usura dos homens, não deixaram que fossem meninos: o Professor, que lê livros de aventuras para poder sonhar para além do horizonte de ratos do trapiche; o Volta Seca que renascia numa alegria de Primavera ao ouvir as histórias de Lampião, ao qual se juntará para vingar todas as afrontas do mundo; o Sem-Pernas em busca de um naco de ternura que ele sabe existir algures, sonhando se jogar no mar porque no mar os sonhos são todos belos e se deixou morrer num voo sobre a cidade, como um trapezista de circo, para que o não prendessem; o João de Adão, que queria fazer a revolução para que todos fossem iguais e os meninos como ele pudessem ir à escola; Dora, irmã, mãe e noiva, que as febres e os maus tratos levaram cedo para os céus de Omolu e se transformou em mais uma estrela brilhando sobre o mar da Bahia; o Gato, no seu tirocínio para malandro ao jeito da ópera de Brecht/Weill na versão carioca de Chico Buarque; Boa-Vida nas margens de outros apelos; o ingénuo e generoso João Grande; Pirulito que se queria puro para merecer Deus, e Pedro Bala, o capitão, sábio e arguto, sonhando ser como o pai, como o Loiro, morto durante a greve dos estivadores, ser valente e danado como o pai que morreu para mudar o destino da gente.

Jornal Avante
Ver artigo na íntegra:
http://www.avante.pt/pt/2018/temas/121271/

Ligação sugerida pela Vânia Cairo:
http://entretenimento.uol.com.br/noticias/redacao/2012/08/10/jorge-amado-se-mantem-atual-cem-anos-apos-seu-nascimento.htm

A CORRUPÇÃO AO MAIS ALTO NÍVEL


A CORRUPÇÃO AO MAIS ALTO NÍVEL (1)

“Há jogos atrás da cortina, habilidades e corrupção. Este Governo é profundamente corrupto nestas atitudes a que estamos a assistir” - Bispo Januário Torgal Ferreira, 16/07/2012.

LUIS MONTEZ, que é genro de Cavaco Silva, apresentou uma certidão passada pelo serviço de Finanças Lisboa-10, que refere que a empresa tem a sua situação tributária regularizada, mas a verdade é que na lista de processos activos consta uma dívida de 421 mil euros, a que acresce 66 mil euros de juros de mora e e mais de três mil euros de custas.
17 Maio 2006 - "Público"

Dois meses depois da nacionalização do banco, Luís Montez foi chamado ao BPN para pagar 260 mil euros de uma conta caucionada e de uma livrança, escreve a “Sábado”.
13 Janeiro 2011 - "Sábado"

Luís Montez, casado com Patrícia Cavaco Silva, prepara-se para voltar a fazer um investimento na área do imobiliário na costa alentejana. Aparentemente alheio à crise que o país atravessa, o genro do Presidente da República, está a pensar adquirir a Herdade do Sardão.
29 Novembro 2011 - "Público"

Entretanto, e apesar de ESTAR CARREGADO DE DÍVIDAS, o marido de Patrícia Cavaco Silva, Luís Montez, comprou ontem 5ª feira, o PAVILHÃO ATLÂNTICO no Parque das Nações (ex-Parque Expo em Lisboa) por 21,2 MILHÕES DE EUROS.
27 Julho 2011 - "Sábado"


CORRUPÇÃO AO MAIS ALTO NÍVEL (2) A VENDA DO PAVILHÃO ATLÂNTICO

Sabendo-se que Luis Montez, o genro de Cavaco Silva comprou o Pavilhão Atlântico em saldo, que vai recuperar o investimento enquanto o diabo esfrega um olho e que Cavaco Silva está, tal como Vítor Gaspar, protegido da austeridade enquanto pensionista do BdP, a dúvida agora está em saber quantos salários ou impostos nos vão custar o Pavilhão Atlântico. É que se para um grupinho familiar restrito foi um negócio da China comprar uma moderníssima infra-estrutura por três vezes menos do que efectivamente vale, para muitos e muitos outros cidadãos será certamente um novo saque aos salários para compensar este belo negócio do genro do Presidente com a sua influência, indubitavelmente.
Cabendo a Cavaco Silva a promulgação dos OE e sabendo-se da tentação deste governo para medidas inconstitucionais, os portugueses estariam mais tranquilos se o governo não tivesse vendido um pavilhão (que ninguém o obrigou a vender) a um familiar de quem muitas vezes tem a faca e o queijo na mão.
Neste país onde uns sofrem com austeridade e outros enriquecem mais facilmente do que nunca, e cabendo ao governo e ao Presidente da República decidir quem vai passar fome e quem vai poder comprar um BMW novo, seria mais saudável para a democracia que este tipo de negócios não se realizassem ou, caso fosse mesmo necessário, que os preços fossem outros e não este.
Assim sendo, ficamos com a sensação de que alguém foi autorizado a cortar os subsídios e a desculpa de Cavaco para não mandar o OE para o Tribunal Constitucional foi mesmo muito esfarrapada. Até nos podem dizer que o genro do Cavaco Silva é um comerciante como qualquer outro. Pois é, mas o facto é que Portugal já teve outros três presidentes eleitos, todos eles com família e não há memória nem de negócios com acções da SLN / BPN nem de vendas de património público a preço de saldo aos seus familiares. Da mulher de César não se espera apenas que seja honesta, exige-se que pareça.
Este país está mesmo a bater no fundo, e começa a ser difícil encontrar alguém de confiança aqui e ali, sobretudo de Belém a São Bento. Como é possível que um indivíduo carregado de dívidas e sobre quem se aconselha seriamente a não se emprestar dinheiro, pode comprar por 21,2 Milhões de euros esta sofisticada infra-estrutura altamente equipada e que custou 3 vezes mais há 14 anos? Só - obviamente - por ter havido corrupção.

Amabilidade do João Grazina

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Improviso em resposta a um questionário íntimo… - por Ademar


Improviso em resposta a um questionário íntimo…

1. Desmarquei todas as consultas
para não saber a data precisa da minha morte
2. e para não ter de renovar
o guarda-roupa
3. a cor das paredes ficou fantástica
não fora a cegueira das mãos
4. os manuais escolares os jornais e
as revistas velhas não couberam no papelão
5. as estantes da sala não celebraram ainda
o milagre da ressurreição
6. os brinquedos do quarto do espelho
continuam à espera de pilhas novas
7. as velas deixaram de contar
o fogo que as silenciou
8. e as flores que entretanto murcharam
também.
Ademar
20.05.2010
***«»***
Dois dias depois de ter escrito este poema premonitório, o grande poeta Ademar Santos morria. Morreu novo. Admirava-lhe a irreverência insubmissa, a sua fulminante ironia e a sua originalidade poética.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Jornal acusa Alemanha de ser o "quarto reich"


A capa do "Il Giornale" de sexta-feira não precisa de tradução. "Quarto reich", pode ler-se em letras garrafais, em cima de uma fotografia da chanceler Angela Merkel a fazer um gesto com a mão direita, normalmente associado à saudação nazi. O "Il Giornale" é detido por Paolo Berlusconi, irmão de Silvio Berlusconi, ex-primeiro-ministro italiano. O artigo foi publicado na sexta-feira, contribuindo para aquecer ainda mais o tom do debate em torno da crise da zona euro. O jornal argumenta que Berlim colocou Itália e toda a Europa de joelhos. "No Primeiro Reich, a Alemanha também queria o título de Imperador de Roma e nos dois [reichs] seguintes usaram os seus meios contra os outros estados da Europa, duas guerras mundiais e milhões de mortos não foram obviamente suficientes para acalmar o ego alemão", escreve o "Il Giornale", dizendo que, em vez de "usar canhões", desta vez Berlim está a usar o euro. "Desde ontem [quinta-feira] que Itália já não está na Europa, está no Quarto Reich."
Diário de Notícias
***«»***
Por diversas vezes, aqui, no Alpendre da Lua, nos temos referido a Angela Merkel como sendo a Hitler de saias, ao mesmo tempo que, também por diversas vezes, temos afirmado sem rebuços que a Alemanha de Merkel pretende fazer com o euro aquilo que Hitler não conseguiu fazer com os canhões. É confrangedor assistir à impávida passividade dos nossos políticos e comentadores que, por atávico pudor e obedecendo ao exercício da linguagem do politicamente correto, não se atrevem a chamar os bois pelos nomes, ao mesmo tempo que se mostram incapazes de classificar a submissão de Portugal ao memorando da troika como um ato de alta traição à Pátria e de vergonhosa capitulação perante os interesses estrangeiros. Esperemos que o gratificante exemplo do "Il Giornale" os torne mais corajosos e contundentes. Já não existem dúvidas de que está instalada uma guerra financeira na Europa, capitaneada pela Alemanha contra os países do sul, os mais débeis economicamente. 

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Família Cavaco tem uma fada madrinha…

Família Cavaco tem uma fada madrinha…

Uma «fada madrinha» deve ter brilhado sobre o genro do presidente da República, Luís Montez, quando o Conselho de Ministros o escolheu como vencedor do concurso público para a venda do Pavilhão Atlântico. Isto apesar dos vários processos de execução a correr em tribunal, por dívidas a várias empresas…a mesma «boa estrela» que já tinha brilhado quando Cavaco e a filha venderam as acções do BPN antes do colapso da instituição…
Cavaco Silva, que hoje, sábado, de forma patética aconselhou durante uma visita à aldeia olímpica em Londres, os portugueses a fazer como ele próprio e a praticar o que chama de «desporto caseiro («Não deixem de praticar nem que seja o desporto caseiro, andar em cima do tapete, ou então dar um passeio, fazer uma marcha sempre que possível de uma volta de três, quatro quilómetros, andar meia hora por dia, pelo menos, é muito saudável») – os cidadãos deste país que já fazem diariamente «ginástica» para estender o magro orçamento de sobrevivência – tem uma «estrelinha» que olha por ele e pelos seus
familiares mais próximos. Longe vá o agoiro pensar que o facto de ser presidente da República terá sido um factor decisivo no facto de o genro,Luís Montez, derrotar o consórcio que juntava Álvaro Covões, da Everything is New, Cunha Vaz, CIP e a multinacional AEG no concurso público pela aquisição do Pavilhão Atlântico. Mas o certo é que uma «fada madrinha» deve ter brilhado sobre Luís Montez, responsável pela empresa «Música no Coração», quando o Conselho de Ministros o escolheu como vencedor doconcurso para a venda do Pavilhão Atlântico. Apesar dos vários processos de execução a correr em tribunal, por dívidas a várias empresas – segundo apurámos, Montez tem pelo menos 13 processos de execução pendentes…- pagou pelo espaço onde se realizam os grandes shows internacionais em Lisboa, 21,2 milhões de euros, liderando um consórcio que envolveu o BES e a Super Bock. Alguns desses processos remontam a anos anteriores, mas outros são relativos a 2012. Feitas as contas, são várias centenas de milhares de euros que o genro de Cavaco tem em dívida. Apesar de os colaboradors do «Música no Coração» afirmarem que esses processos em causa são todos muito antigos e que apenas se está a tentar difamar o nome do genro de Cavaco Silva e da empresa, o certo é que a «Música no Coração» é considerada de “risco elevado e de crédito não recomendado”, segundo dados revelados por um relatório da empresa Informa D&B.
Pois é: enquanto manda os portugueses «fazer ginástica» para combater as gorduras e o stress da crise, o presidente zela pelos seus..ou alguém lá nos céus zela por eles…agora coube a sorte a Luis Montez, o genro…em 2009, foi a vez do próprio Cavaco Silva e da filha serem bafejados por uma qualquer fada madrinha quando, antes do colapso da instituição, sairam de accionistas da Sociedade Lusa de Negócios (SLN), detentora do Banco Português de Negócios (BPN). Cavaco teve então um ganho de 147,5 mil euros. A sua filha, Patrícia, também teve acções da SLN e lucrou ainda mais ao sair: 209,4 mil euros.Dados revelados pelo jornal «Expresso», em Maio de 2009,que publicou cópias das ordens de venda emitidas por Cavaco Silva e pela filha, endereçadas ao então presidente do conselho de administração da SLN, José Oliveira e Costa (que, como se sabe, encontra-se detido em casa com pulseira electrónica depois de descoberta a fraude na instituição que presidia). Cavaco detinha 105378 acções, adquiridas a um euro cada, que foram depois vendidas a 2,4 euros cada (a SLN não estava cotada na Bolsa e por isso não havia preço de referência, mas, segundo o jornal, este valor estava em linha com outras transações de acções do grupo naquela altura). A filha era detentora de 149640 acções. Não há nada como fazer uma boa ginástica para expurgar os males vindouros…e atrair os bons espíritos…
In "Democracia em Portugal?"
Amabilidade do Olímpio Alegre Pinto

Agradecimento

O editor do Alpendre da Lua manifesta o seu agradecimento ao MAU FEITIO, pela sua decisão de se inscrever como amigo/seguidor deste blogue.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Dois presidentes, duas visões...

Clicar na imagem para a ampliar
Amabilidade da Dalia Faceira
Dois presidentes, duas posturas diferentes. O presidente da Finlândia, com um discurso impressivo, envolvente e patriótico, O presidente indígena, com um discurso subserviente, que obedece à voz do dono, um discurso canalha e, objetivamente, de traição à Pátria. A Finlândia não se submeteu às ordens do FMI, não capitulou, não alienou a sua soberania financeira, prendeu e condenou os políticos e os banqueiros, que foram os culpados da bancarrota, e conseguiu sair da crise de cabeça levantada, constituindo-se num exemplo de como deve enfrentar-se e combater-se a arrogância do capital financeiro internacional. Portugal, pelas mãos dos néscios políticos do arco da traição (PSD/CDS/PS), ajoelhou-se vergonhosamente, numa atitude de vassalagem, perante todas as exigências que lhe foram pedidas e institucionalizou a elevação dos mercados à categoria divina.
De facto, é preciso ter azar, ter de ser governado por dirigentes políticos, a soldo dos interesses estrangeiros. De facto, é preciso ter azar, ter de viver neste jardim à beira mar plantado.

Opinião: Rendimento máximo - por Paulo Morais*

Rendimento máximo

O destino do país está na mão de aposentados. O presidente Cavaco Silva, a primeira figura do Estado, é reformado. A segunda personalidade na hierarquia protocolar, Assunção Esteves, é igualmente pensionista. Também nos governos nacional e regionais há ministros que recebem pensão de reforma, como Miguel Relvas ou até Alberto João Jardim.
No Parlamento, há dezenas de deputados nesta situação. Mas também muitas câmaras são presididas por reformados, do Minho, ao Algarve, de Júlia Paula, em Caminha, a Macário Correia, em Faro.
É imensa a lista de políticos no activo que têm direito a uma pensão. Justificam este opulento rendimento com o facto de terem prestado serviço público ao longo de doze anos ou, em alguns casos, apenas oito. Esta explicação não convence, até porque uma parte significativa deste bando de reformados não só não prestou qualquer relevante serviço à nação como ainda utilizou os cargos públicos para criar uma rede clientelar em benefício próprio. Foi graças a esta teia que muitos enriqueceram e acederam a funções para que nunca estiveram curricularmente habilitados. A manutenção até hoje destes privilégios e prebendas é inaceitável, em particular nos tempos de crise que atravessamos. Sendo certo que a responsabilidade por este anacronismo não é de nenhum destes políticos e ex-políticos em particular - também é verdade que todos têm uma culpa partilhada por não revogarem este sistema absurdo que atribui tenças milionárias à classe que mais vem destruindo o país. Urge substituir este modelo pelo único sistema admissível que é o de que os titulares de cargos públicos, quando os abandonam, sejam indemnizados exactamente nos mesmos termos que qualquer outro trabalhador.
E que passem a reformar-se, como todos os restantes cidadãos, quando a carreira ou a idade o permita. É claro que dirigentes habituados a acumular reformas de luxo com bons salários jamais compreenderão os problemas dos que têm de viver com salários de miséria; ou sequer entenderão as dificuldades dos que sobrevivem apenas com pensões de valor ridículo.
Não serão certamente estes reformados de luxo que conseguirão proceder às reformas estruturais de que Portugal tanto está a precisar. E é esta máfia, composta por políticos no activo que têm direito a uma pensão; que pertencem à classe que mais tem arruinado o país; que utilizam os cargos públicos para criar uma rede clientelar em benefício próprio sem ter prestado qualquer relevante serviço à nação; que enriqueceram e acederam a funções para os
quais nunca estiveram curricularmente habilitados, dizíamos, é esta máfia que está omnipresente nas televisões a explicar-nos reiteradamente como, por termos vindo a levar uma vida "acima das nossas possibilidades", devemos agora fatalmente cair na pobreza, na esmola e na exclusão social, para permitir o "crescimento".
Paulo Morais
* Professor Universitário
Amabilidade de Dalia Faceira

Saúde: Médicos acusam Governo de nomeações com filiação partidária


Médicos acusam Governo de nomeações com filiação partidária
A Ordem e os sindicatos dos Médicos acusam o Governo de nomear elementos dos partidos da maioria PSD/CDS para a direção dos agrupamentos de centros de saúde do Norte. Os organismos dizem que os onze nomeados não têm experiência na área da saúde como a lei obriga. Já a Administração Regional de Saúde diz que cumprem outros critérios e lembra que serem do PSD e do CDS não é argumento de exclusão.
RTP (Paula Rebelo / Manuel Salselas / Marcelo Sá Carvalho
http://www.rtp.pt/noticias/?article=576065&layout=122&visual=61&tm=8
Amabilidade de Pilar Vicente
***«»***
Gerir e coordenar as instituições de saúde públicas não é o mesmo que ser capataz de um armazém de distribuição de batatas. Já nos basta ter como ministro da Saúde um contabilista bancário, que encara a saúde como uma mera mercadoria.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Carta negra ao Primeiro.Ministro de Portugal


Verdizela, 24/06/2012

Exmº Senhor Primeiro-Ministro de Portugal
LISBOA

Exmº Snr:

Tenho 74 anos, sou reformado (descontei para a reforma durante 41 anos apesar de ter trabalhado durante 48) e esperava acabar os meus dias com a tranquilidade que uma vida de trabalho honesto justificava, mas tal está a mostrar-se impossível e daí a razão desta “carta aberta”.
Não, não lhe escrevo para lhe dizer que me mentiu, como mentiu a todos os portugueses, já estou (estamos) habituado à falta de verticalidade daqueles que aparecem nas campanhas eleitorais a prometer o céu para chegados ao poleiro nos transportarem ao inferno, também não lhe escrevo para lhe dizer que sou um dos que, em nome da salvação da Pátria e dos sacrifícios para todos, foi espoliado dos subsídios de férias e Natal, nem ao menos para lhe dizer que o curriculum de V/Exª não justificaria mais do que ser presidente do clube lá do bairro e muito menos para lhe dizer que o falar grosso não representa autoridade e competência, pode, isso sim, ser disfarce de autoritarismo e incompetência…
Porquê então esta carta?
Ignoro as muitas razões que tenho para lhe manifestar o meu protesto e fixo-me apenas numa palavra: VERGONHA.
Acha o Senhor Primeiro-Ministro que quem comunicou, com ar pungente, aos reformados, aos funcionários públicos e ainda a alguns trabalhadores de empresas com alguma ligação ao estado que lhes ia retirar os subsídios de férias e Natal por ganharem a exorbitância de algo mais de 1100 € e em contrapartida nomeia para o seu governo centenas de adjuntos, conselheiros, especialistas com ordenados três ou quatro vezes superiores e direito aos subsídios que aos outros retirou, tem um pingo de vergonha?
Acha o Senhor Primeiro-Ministro que quem fala na necessidade dos sacrifícios serem repartidos por todos os portugueses e requisita para os gabinetes ministeriais funcionários públicos com aumentos de vencimentos mensais de centenas, quando não milhares de euros e direito aos subsídios de férias e Natal, tem alguma vergonha?
Acha o Senhor Primeiro-Ministro que quem disse aos que depois de terem trabalhado durante dez, vinte ou trinta anos perderam o emprego que isso era uma nova oportunidade, tem qualquer tipo de vergonha?
Acha o Senhor Primeiro-Ministro que quem disse aos jovens do nosso país, talvez a geração mais bem preparada de sempre, para procurarem no estrangeiro o pão que Portugal lhes nega, tem réstia de vergonha?
Acha o Senhor Primeiro-Ministro que quem trocou os direitos dos portugueses pela caridadezinha das refeições nas escolas para os filhos famintos de Portugal e pelas cantinas sociais, tem vergonha na cara?
Acha o Senhor Primeiro-Ministro que quem, ar ridiculamente cândido de menino do coro ou chefe de quina da mocidade portuguesa com a bandeira na lapela, aparece a falar aos portugueses, num discurso que eu julgava enterrado em 25 de Abril, com frases enfáticas que em português corrente podemos traduzir como: Morre de fome hoje que amanhã tens comida, sente alguma vergonha do que diz?
Eu respondo Senhor Primeiro-Ministro.
Eu tenho vergonha Sr Primeiro-Ministro.
Eu tenho vergonha de o ter como Primeiro-Ministro do meu país.
Embora no Alentejo, onde nasci, o cumprimento seja devido a todas as pessoas (os velhos da minha meninice chamavam-lhe “salvação”) não posso, por coerência ainda que com mágoa, cumprimentar V/Exa.
José Nogueira Pardal
(carta em papel preto porque estou de luto)
Amabilidade do Carlos Campos de Sousa

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

KLIMT

Opinião: O Tirano - por Santana Castilho


Nenhuma circunstância permite a um político maltratar pessoas. Mas Nuno Crato ofendeu a dignidade profissional de milhares de professores. Fez sofrer inutilmente as suas famílias. Ultrajou o trabalho dos que preparavam o ano lectivo. Tratou grosseiramente o interesse da escola pública, dos pais e das crianças. As duas últimas semanas foram devastadoras e trouxeram-nos uma prática governativa mais perversa e iníqua que a pior do pior tempo de Maria de Lurdes Rodrigues. A seriedade intelectual de Nuno Crato em matéria de Educação implodiu definitivamente".
Santana Castilho, professor do Ensino Superior
PÚBLICO (01 Ago, 2012)

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Carlos Moedas e António Borges: Oa arautos da transparência - por Domingos Ferreira*


Os arautos da transparência, têm como exemplo disso mesmo – transparência – o adjunto do primeiro-ministro, o senhor Carlos Moedas, que, veio agora a saber-se, tem 3 empresas ligadas às Finanças, aos Seguros e à Imagem e Comunicação. Como sócios, teve os senhores Pais do Amaral, Alexandre Relvas e Filipe de Button, a quem comprou todas as quotas em Dezembro passado. Como clientes, tem a Ren, a EDP, o IAPMEI, a ANA, a Liberty Seguros, entre outros.
Nada obsceno, para quem é adjunto de Pedro Passos Coelho!
E não é que o bom do Moedas até comprou as participações dos ex-sócios para "oferecer" o bolo inteiro à mulher?! (Disse-o ele à Sábado).
Não esquecer ainda que Carlos Moedas é um dos homens de confiança do Goldman Sachs, a cabeça do Polvo Financeiro Mundial, onde estava a trabalhar antes de vir para o Governo.
Também António Borges é outro ex-dirigente do Goldman, e que está agora a orientar(!?) as Privatizações da TAP, ANA, GALP, Águas de Portugal, etc.
Adoráveis, estes liberais de trazer por casa, dependentes do Estado, quer para um emprego, quer para os seus negócios.
Lamentavelmente, à política económica suicidária da UE, que resultou nas tragédias que já todos conhecem, acresce a queda do Governo Holandês (ironicamente, acérrimo defensor da austeridade) e o agravamento da recessão em Espanha. Por conseguinte, a zona euro vê o seu espaço de manobra cada vez mais reduzido e os ataques dos especuladores são cada vez mais mortíferos.
Vale a pena lembrar uma vez mais que o Goldman and Sachs, o Citygroup, o Wells Fargo, etc., apostaram biliões de dólares na implosão da moeda única. Na sequência dos avultadíssimos lucros obtidos durante a crise financeira de 2008 e das suspeitas de manipulação de mercado que recaíam sobre estas entidades, o Senado norte ­americano levantou um inquérito que resultou na condenação dos seus gestores.
Ficou também demonstrado que o Goldman and Sachs aconselhou os seus clientes a efectuarem investimentos no mercado de derivados num determinado sentido. Todavia, esta entidade realizou apostas em sentido contrário no mesmo mercado. Deste modo, obtiveram lucros de 17 biliões de dólares (com prejuízo para os seus clientes).
Estes predadores criminosos, disfarçados de banqueiros e investidores respeitáveis, são jogadores de póquer que jogam com as cartas marcadas e, por esta via, auferem lucros avultadíssimos, tornando-se, assim, nos homens mais ricos e influentes do planeta. Entretanto, todos os dias são lançadas milhões de pessoas no desemprego e na pobreza em todo o planeta em resultado desta actividade predatória. Tudo isto, revoltantemente, acontece com a cumplicidade de governantes e das autoridades reguladoras.
Desde a crise financeira de 1929 que o Goldman and Sachs tem estado ligado a todos os escândalos financeiros que envolvem especulação e manipulação de mercado, com os quais tem sempre obtido lucros monstruosos. Acresce que este banco tem armazenado milhares de toneladas de zinco, alumínio, petróleo, cereais, etc., com o objectivo de provocar a subida dos preços e assim obter lucros astronómicos. Desta maneira, condiciona o crescimento da economia mundial, bem como condena milhões de pessoas a fome. No que toca a canibalização económica de um país, a fórmula é simples: o Goldman, com a cumplicidade das agências de rating, declara que um governo está insolvente, como consequência as yields sobem e obriga-o, assim, a pedir mais empréstimos com juros agiotas. Em simultâneo, impõe duras medidas de austeridade que empobrecem esse pais. De seguida, em nome do aumento da competitividade e da modernização, obriga-os a abrir os seus sectores económicos estratégicos (energia, águas, saúde, banca, seguros, etc.) às corporações internacionais. Como as empresas nacionais estão bastante fragilizadas e depauperadas pelas medidas de austeridade e da consequente recessão, não conseguem competir e acabam por ser presa fácil das grandes corporações internacionais. A estratégia predadora do Goldman and Sachs tem sido muito eficiente. Esta passa por infiltrar os seus quadros nas grandes instituições políticas e financeiras internacionais, de forma a condicionar e manipular a evolução política e económica em seu favor e em prejuízo das populações. Desta maneira, dos cargos de CEO do Banco Mundial, do FMI, da FED, etc., fazem parte quadros oriundos do Goldman and Sachs. E na UE estão: Mário Draghi (BCE), Mário Monti e Lucas Papademos (primeiros-ministros de Itália e da Grécia, respectivamente), entre outros. Alguns eurodeputados ficaram estupefactos quando descobriram que alguns consultores da Comissão Europeia, bem como da própria Angela Merkel, tem fortes ligações ao Goldman and Sachs. Este poderoso império do mal, que se exprime através de sociedades anónimas, está a destruir não só a economia e o modelo social, como também as impotentes democracias europeias.
Texto de Domingos Ferreira
* Professor/Investigador Universidade do Texas, EUA, Universidade Nova de Lisboa In
Amabilidade de Carlos Trindade, que enviou este texto.

A Islândia triplicará seu crescimento em 2012, após a prisão de políticos e banqueiros

A Islândia conseguiu acabar com um governo corrupto e parasita. Prendeu os responsáveis pela crise financeira, mandando-os para a prisão.
Começou a redigir uma nova Constituição feita por eles e para eles. E hoje, graças à mobilização, será o país mais próspero de um ocidente submetido a uma tenaz crise de dívida.
É a cidadania islandesa, cuja revolta em 2008 foi silenciada na Europa por temor a que muitos percebessem. Mas conseguiram, graças à força de toda uma nação, o que começou sendo crise se converteu em oportunidade.
Uma oportunidade que os movimentos altermundistas observaram com atenção e o colocaram como modelo realista a seguir.
Consideramos que a história da Islândia é uma das melhores noticias dos tempos actuais.
Sobretudo depois de saber que segundo as previsões da Comissão Europeia, este país do norte atlântico, fechará 2011 com um crescimento de 2,1% e que em 2012, este crescimento será de 1,5%, uma cifra que supera o triplo dos países da zona euro.
A tendência ao crescimento aumentará inclusive em 2013, quando está previsto que alcance 2,7%. Os analistas asseveram que a economia islandesa segue mostrando sintomas de desequilíbrio. E que a incerteza segue presente nos mercados. Porém, voltou a gerar emprego e a dívida pública foi diminuindo de forma palpável.
Este pequeno país do periférico árctico recusou resgatar os bancos. Os deixou cair e aplicou a justiça sobre aqueles que tinham provocado certos
descalabros e desmandes financeiros. Os matizes da história islandesa dos últimos anos são múltiplos. Apesar de transcender parte dos resultados que todo o movimento social conseguiu, pouco foi falado do esforço que este povo realizou. Do limite que alcançaram com a crise e das múltiplas batalhas que ainda estão por se resolver.
Porém, o que é digno de menção é a história que fala de um povo capaz de começar a escrever seu próprio futuro, sem ficar a mercê do que se decida em despachos distantes da realidade cidadã. E embora continuem existindo buracos para preencher e escuros por iluminar.
A revolta islandesa não causou outras vítimas que os políticos e os homens de finanças costumam divulgar. Não derramou nenhuma gota de sangue. Não houve a tão famosa "Primavera Árabe". Nem sequer teve rastro mediático, pois os meios passaram por cima na ponta dos pés.
Mesmo assim, conseguiram seus objectivos de forma limpa e exemplar.
Hoje, seu caso bem pode ser o caminho ilustrativo dos indignados espanhóis, dos movimentos Occupy Wall Street e daqueles que exigirem justiça social e justiça económica em todo o mundo.
Amabilidade do João Fráguas
***
Se o povo do então Vietnam do Norte, na década de sessenta do século passado, humilhou a maior potência militar, os EUA, infligindo uma memorável derrota às suas Forças Armadas, que se julgavam invencíveis, coube ao povo islandês derrotar a cabeça do polvo do capitalismo financeiro internacional, não admitindo a ingerência abusiva do FMI e não alienando a sua soberania cambial e monetária. É um exemplo que envergonha os portugueses, que se deixaram iludir pelo canto das sereias dos partidos do arco da traição.