Ode ao amor
"Uma tarde que jamais esquecerás
chega a tua casa e senta-te à mesa.
Pouco a pouco terá um lugar em cada quarto,
nas paredes e nos móveis estarão as suas marcas,
abrirá a tua cama e amarrotará a almofada.
Os livros da biblioteca, precioso tecido de anos,
acomodar-se-ão ao seu gosto e semelhança,
mudarão de lugar as fotografias antigas.
Outros olhos contemplarão os teus hábitos,
as tuas idas e vindas entre paredes e abraços
e serão diferentes os ruídos quotidianos e os cheiros.
Uma qualquer tarde que jamais esquecerás
o que desarrumou a tua casa e habitou as tuas coisas
sairá pela porta sem dizer adeus.
Terás de começar a fazer de novo a casa,
arrumar os móveis, limpar as paredes,
mudar as fechaduras, quebrar os retratos,
varrer tudo e continuar a viver."
___________María Mercedes Carranza
( Colômbia, Bogotá, 24 de maio de 1945 – 11 de Julho de 2003)
O meu comentário:
Um poema lindíssimo, embora a tradução, que é difícil, não tenha sido capaz de captar a essência subliminar da versão original.
2 comentários:
Lindas y prufundas letras. Beso
Obrigado pela vista, hanna.
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