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domingo, 27 de setembro de 2020

Memória da Guerra Civil





 Memória da Guerra Civil

 
Percorro esta Espanha profunda e ferida,
incendiada
pela metralha...
Farta de fomes de vidas,
esfarrapada
em sangue e dor...
 
Mataram a esperança renascida
no grito solto às portas de Madrid,
pela Pasionária ...
"No passaron" ...
 
Viva la Muerte... Viva la Muerte...
Era o grito ébrio do vendaval do terror
da outra barricada,
arrancado do fundo das entranhas...
Ao som dos clarins,
eles desfilavam em triunfo nas marchas marciais,
invocando a barbárie
nas vibrações dos sabres, de sangue ainda quente,
manchados.
 
Mataram Garcia Lorca, em Granada ...
Mataram a cultura...
E nos curros da praça de Badajoz
ficaram sós
no silêncio da matança,  
deambulando na orgia
da sua loucura e da sua demência !...
 
                                              Alexandre de Castro
 
Lisboa, Abril de 2000


terça-feira, 22 de setembro de 2020

Estou cansado…


Estou cansado…

Estou cansado,
cansado de estar cansado.
Sinto o peso do chumbo
dentro de mim
e durmo embrulhado dentro da noite.
O Tempo foge-me pelos dedos
e queima-me a palma das mãos
e só agora descubro que ele existe
e que é tormento, dor,
uma ferida rasgada no coração,
uma fogueira que arde
e que nada nem ninguém pode apagar.
Já não sou o que era
e já não serei o que sou…
 
                                          Alexandre de Castro
 
Lisboa, Setembro de 2020
 

domingo, 6 de setembro de 2020

Há mulheres que trazem o mar nos olhos



Há mulheres que trazem o mar nos olhos
Não pela cor
Mas pela vastidão da alma
E trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos
Ficam para além do tempo
Como se a maré nunca as levasse
... Da praia onde foram felizes
Há mulheres que trazem o mar nos olhos
pela grandeza da imensidão da alma
pelo infinito modo como abarcam as coisas e os Homens...
Há mulheres que são maré em noites de tardes
e calma.

  Sophia de Mello Breyner Andresen (?)  


Depois de ter publicado este poema, que, na respectiva fonte, apareceu, como sendo da autoria de Sophia de Mello Breyner, recebi, de um leitor anónimo, a seguinte informação:

Este poema não é de Sophia, embora apareça muitas vezes como sendo seu.
Trata-se de uma homenagem a Sophia por parte da juíza Adelina  Barradas de Oliveira que escreve poesia nos tempos livres e publica no seu blogue Cleopatra Moon.
Poema bonito, mas de outra autora.

Leitor anónimo:
Agradeço-lhe a informação prestada, que só hoje li. E peço desculpa aos leitores por este meu engano involuntário.