Último Testemunho de Unamuno...
Tal como Pablo Neruda morreu dias depois do
golpe de Pinochet, também Miguel Unamuno não sobreviveu por muito tempo ao
golpe de Franco.
Morreu amargurado ao ver a sua Espanha dominada
pela barbárie fascista e suportou desassombradamente todos os enxovalhos e
insultos a que o submeteram as autoridades franquistas, logo no início da
Guerra Civil, destacando-se o célebre episódio ocorrido na sessão solene da
abertura do ano académico da Universidade de Salamanca, de que era reitor, onde
o grosseiro general franquista Millán Astray, que presidia, lançou o animalesco
grito "Muera la inteligência".
E foi com este mesmo bárbaro grito que os
assassinos de Garcia Lorca comemoraram com uma bebida, num bar de Granada, a
perpetração do seu hediondo crime.
Unamuno foi um dos mais brilhantes escritores da
sua geração. Pertenceu ao movimento literário, denominado "Geração de
98", onde também pontificavam Ortega y Gasset e Perez de Ayala. É
considerado um Príncipe das Letras Espanholas, juntando o seu nome à Galeria de
Honra formada por Cervantes e Quevedo.
Visitou várias vezes Portugal, onde tinha alguns
amigos, tendo enaltecido o facto das letras portuguesas, com a geração do
Orpheu, terem aderido rapidamente ao movimento modernista, nascido em Itália em
1910.
Alexandre
de Castro