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domingo, 17 de fevereiro de 2019

Último Testemunho de Unamuno...



Último Testemunho de Unamuno...

Tal como Pablo Neruda morreu dias depois do golpe de Pinochet, também Miguel Unamuno não sobreviveu por muito tempo ao golpe de Franco.

Morreu amargurado ao ver a sua Espanha dominada pela barbárie fascista e suportou desassombradamente todos os enxovalhos e insultos a que o submeteram as autoridades franquistas, logo no início da Guerra Civil, destacando-se o célebre episódio ocorrido na sessão solene da abertura do ano académico da Universidade de Salamanca, de que era reitor, onde o grosseiro general franquista Millán Astray, que presidia, lançou o animalesco grito "Muera la inteligência".

E foi com este mesmo bárbaro grito que os assassinos de Garcia Lorca comemoraram com uma bebida, num bar de Granada, a perpetração do seu hediondo crime.

Unamuno foi um dos mais brilhantes escritores da sua geração. Pertenceu ao movimento literário, denominado "Geração de 98", onde também pontificavam Ortega y Gasset e Perez de Ayala. É considerado um Príncipe das Letras Espanholas, juntando o seu nome à Galeria de Honra formada por Cervantes e Quevedo.

Visitou várias vezes Portugal, onde tinha alguns amigos, tendo enaltecido o facto das letras portuguesas, com a geração do Orpheu, terem aderido rapidamente ao movimento modernista, nascido em Itália em 1910.

Alexandre de Castro
04 de Janeiro de 2009