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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Poema onde cabe o silêncio...


Poema onde cabe o silêncio…

Falas-me todos os dias
naqueles teus silêncios mudos
em que és a excelsa  esfinge
e a inefável  musa…
Falas-me com os teus olhos líquidos
pousados na minha sombra
para eu ouvir o eco do teu corpo
e eu sinto o aperto do teu abraço
a envolver o mundo,
e mergulho no teu sono
onde estão guardadas todas as tuas jóias…
Caminho pelos trilhos da escuridão
entre mundos que se repetem e se consomem
na voracidade do tempo…

Jamais me encontrarei comigo próprio…
Sou a raiz viva de uma árvore morta…

Alexandre de Castro

Lisboa, Junho de 2016

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Um país que envelhece é um país que empobrece


Um país que envelhece é um país que empobrece

As perspectivas demográficas, para Portugal, não são animadoras. Até 2080, Portugal perderá 2,6 milhões de habitantes e o número de jovens diminuirá de 1,4 milhões para 900.000, revelou o INE, em Junho passado, ao mesmo tempo que informou que o número de idosos deverá aumentar de 2,2 milhões para 2,8 milhões. “No futuro, mantém-se o declínio populacional e o agravamento do envelhecimento demográfico”, antevê o INE.
Perante estas projecções, no final do século, Portugal será um país de velhos. E um país que envelhece é um país que empobrece. E eu não vejo os nossos políticos, os dos partidos do arco do poder (PS, PSD e CDS), a encararem de frente este grave problema, preocupados que estão, a fim de politicamente sobreviverem, em aplicar apenas políticas de curto e médio prazo, muitas delas viciadas com o traiçoeiro e enganador eleitoralismo.
Em vez de construir, estamos, por antecipação e por inércia, a destruir o Portugal do futuro, assumindo por inteiro aquele adágio “quem cá fica que se amanhe”.

Alexandre de Castro
2019 02 20

domingo, 17 de fevereiro de 2019

Último Testemunho de Unamuno...



Último Testemunho de Unamuno...

Tal como Pablo Neruda morreu dias depois do golpe de Pinochet, também Miguel Unamuno não sobreviveu por muito tempo ao golpe de Franco.

Morreu amargurado ao ver a sua Espanha dominada pela barbárie fascista e suportou desassombradamente todos os enxovalhos e insultos a que o submeteram as autoridades franquistas, logo no início da Guerra Civil, destacando-se o célebre episódio ocorrido na sessão solene da abertura do ano académico da Universidade de Salamanca, de que era reitor, onde o grosseiro general franquista Millán Astray, que presidia, lançou o animalesco grito "Muera la inteligência".

E foi com este mesmo bárbaro grito que os assassinos de Garcia Lorca comemoraram com uma bebida, num bar de Granada, a perpetração do seu hediondo crime.

Unamuno foi um dos mais brilhantes escritores da sua geração. Pertenceu ao movimento literário, denominado "Geração de 98", onde também pontificavam Ortega y Gasset e Perez de Ayala. É considerado um Príncipe das Letras Espanholas, juntando o seu nome à Galeria de Honra formada por Cervantes e Quevedo.

Visitou várias vezes Portugal, onde tinha alguns amigos, tendo enaltecido o facto das letras portuguesas, com a geração do Orpheu, terem aderido rapidamente ao movimento modernista, nascido em Itália em 1910.

Alexandre de Castro
04 de Janeiro de 2009