"Gato
escondido com o rabo de fora"
Foi este provérbio, "Gato escondido com o
rabo de fora", que me veio à mente, quando acabei de ler o discurso de
propaganda do Costa. Lançou para a populaça, que o ouvia, uma série de números
das estatísticas oficiais, para demonstrar que o seu governo, nos vários
índices económicos e sociais, apresentava melhores resultados do que os obtidos
pelo governo da troika, do Passos
Coelho, o que é uma indesmentível verdade. Mas, por outro lado, fugiu a uma
qualquer comparação com a situação existente anteriormente, no tempo do governo
de Sócrates (que ele, pela primeira vez, atacou em público, embora recorrendo
ao humor) e que, excluindo a derrapagem financeira (dívida pública e défice
orçamental) era melhor do que a situação actual, principalmente em relação ao
nível de vida dos portugueses e em relação ao Serviço Nacional de Saúde, cuja
sustentabilidade está a começar a ficar em causa. E, em parte, o mesmo se pode
dizer, em relação a outros sectores de actividade, como é o caso da ferrovia.
Assim, tenho de considerar que Costa proferiu um
discurso populista e eleiçoeiro, ao pretende esconder o que não lhe é favorável
e deixando, no entanto, o rabo de fora,
ao não falar naquilo que vai mal. Não falou, por exemplo, no plano de privatização
progressiva de sectores importantes do Serviço Nacional de Saúde, no qual Maria
de Belém já está trabalhar, seguindo uma linha liberalizante que, quando o
próximo governo do PS entrar em funções, na próxima legislatura, irá alinhar e
entroncar com a proposta de Rui Rio, que segue a mesma linha e a mesma
orientação.
Nunca como agora, nos últimos anos, foi tão
necessária a força e a determinação do Partido Comunista, para contrariar na
mesa das negociações, no Parlamento e na rua a política de direita do PS, sempre
muito bem alinhada com as superiores recomendações (eu até diria, ordens) da
comissão europeia, que é o braço direito da czarina
de Berlim (o outro braço é o de Macron, que, agora, vai começar a trabalhar no
Plano de Segurança Europeia).
Alexandre
de Castro