Páginas

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

"Gato escondido com o rabo de fora"



"Gato escondido com o rabo de fora"


Foi este provérbio, "Gato escondido com o rabo de fora", que me veio à mente, quando acabei de ler o discurso de propaganda do Costa. Lançou para a populaça, que o ouvia, uma série de números das estatísticas oficiais, para demonstrar que o seu governo, nos vários índices económicos e sociais, apresentava melhores resultados do que os obtidos pelo governo da troika, do Passos Coelho, o que é uma indesmentível verdade. Mas, por outro lado, fugiu a uma qualquer comparação com a situação existente anteriormente, no tempo do governo de Sócrates (que ele, pela primeira vez, atacou em público, embora recorrendo ao humor) e que, excluindo a derrapagem financeira (dívida pública e défice orçamental) era melhor do que a situação actual, principalmente em relação ao nível de vida dos portugueses e em relação ao Serviço Nacional de Saúde, cuja sustentabilidade está a começar a ficar em causa. E, em parte, o mesmo se pode dizer, em relação a outros sectores de actividade, como é o caso da ferrovia.

Assim, tenho de considerar que Costa proferiu um discurso populista e eleiçoeiro, ao pretende esconder o que não lhe é favorável e deixando, no entanto, o rabo de fora, ao não falar naquilo que vai mal. Não falou, por exemplo, no plano de privatização progressiva de sectores importantes do Serviço Nacional de Saúde, no qual Maria de Belém já está trabalhar, seguindo uma linha liberalizante que, quando o próximo governo do PS entrar em funções, na próxima legislatura, irá alinhar e entroncar com a proposta de Rui Rio, que segue a mesma linha e a mesma orientação.

Nunca como agora, nos últimos anos, foi tão necessária a força e a determinação do Partido Comunista, para contrariar na mesa das negociações, no Parlamento e na rua a política de direita do PS, sempre muito bem alinhada com as superiores recomendações (eu até diria, ordens) da comissão europeia, que é o braço direito da czarina de Berlim (o outro braço é o de Macron, que, agora, vai começar a trabalhar no Plano de Segurança Europeia).

Alexandre de Castro  
2018 08 27