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quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Presunção e água benta, cada um toma a que quer…



Presunção e água benta, cada um toma a que quer…

“Ainda não aprenderam a ler-me: tentam abrir a porta com a chave que trazem no bolso, pequenina, estreita. E surpreende-me que não vejam que basta empurrar a maçaneta com um dedo”.
António Lobo Antunes

In Revista Visão - O vivo e puro amor de que sou feito.
[Citado por Marina Costa]
***«»***

Fora dos holofotes da fama, que granjeou como grande romancista, António Lobo Antunes não é assim tão magnânimo como pretende fazer crer, com a belíssima metáfora da chave, da maçaneta e da porta. Diz, quem o conhece pessoalmente, que é um homem azedo e pedante e que gosta de ver o mundo a seus pés.

No entanto, esta afirmação não ofusca nem obnubila o seu génio, como escritor, bem evidente, principalmente, nos seus primeiros romances.

Ele nunca perdoou o facto de ter sido preterido na atribuição do Prémio Nobel da Literatura, em relação a Saramago, e não compreendeu que o Memorial do Convento é uma obra de dimensão universal, que se impôs pela sua densa textura e pela sua grandiosa temática. Nesta obra, Saramago falou com as centenárias pedras do convento de Mafra e com as suas sombras, reconstruindo a história desse tempo opaco, de uma religiosidade fanática e cruel, que não salvava as almas, antes as queimava no patíbulo, onde ardia o fogo purificador da fogueira inquisitorial.
Alexandre de Castro
2018 08 30

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

"Gato escondido com o rabo de fora"



"Gato escondido com o rabo de fora"


Foi este provérbio, "Gato escondido com o rabo de fora", que me veio à mente, quando acabei de ler o discurso de propaganda do Costa. Lançou para a populaça, que o ouvia, uma série de números das estatísticas oficiais, para demonstrar que o seu governo, nos vários índices económicos e sociais, apresentava melhores resultados do que os obtidos pelo governo da troika, do Passos Coelho, o que é uma indesmentível verdade. Mas, por outro lado, fugiu a uma qualquer comparação com a situação existente anteriormente, no tempo do governo de Sócrates (que ele, pela primeira vez, atacou em público, embora recorrendo ao humor) e que, excluindo a derrapagem financeira (dívida pública e défice orçamental) era melhor do que a situação actual, principalmente em relação ao nível de vida dos portugueses e em relação ao Serviço Nacional de Saúde, cuja sustentabilidade está a começar a ficar em causa. E, em parte, o mesmo se pode dizer, em relação a outros sectores de actividade, como é o caso da ferrovia.

Assim, tenho de considerar que Costa proferiu um discurso populista e eleiçoeiro, ao pretende esconder o que não lhe é favorável e deixando, no entanto, o rabo de fora, ao não falar naquilo que vai mal. Não falou, por exemplo, no plano de privatização progressiva de sectores importantes do Serviço Nacional de Saúde, no qual Maria de Belém já está trabalhar, seguindo uma linha liberalizante que, quando o próximo governo do PS entrar em funções, na próxima legislatura, irá alinhar e entroncar com a proposta de Rui Rio, que segue a mesma linha e a mesma orientação.

Nunca como agora, nos últimos anos, foi tão necessária a força e a determinação do Partido Comunista, para contrariar na mesa das negociações, no Parlamento e na rua a política de direita do PS, sempre muito bem alinhada com as superiores recomendações (eu até diria, ordens) da comissão europeia, que é o braço direito da czarina de Berlim (o outro braço é o de Macron, que, agora, vai começar a trabalhar no Plano de Segurança Europeia).

Alexandre de Castro  
2018 08 27

The Kid,Charlie Chaplin fight scene one of the funniest scenes in kid

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sábado, 25 de agosto de 2018

PS e PSD querem destruir o Serviço Nacional de Saúde


APONTAMENTO

Só os néscios é que não vêem ou não querem ver que, para garantir o equilíbrio orçamental e para reduzir a dívida, o PS e o PSD estão apostados, cumprindo secretas recomendações de Bruxelas e de Berlim (agora transmitidas, via Centeno), em reduzir a despesa no Estado Social (Saúde e Educação), pondo assim em causa a sustentabilidade de duas instituições de uma "autêntica e verdadeira natureza democrática", uma vez que elas tratam de igual maneira todos os cidadãos.
Se esta política de contenção (um novo tipo de austeridade) continuar, no futuro próximo, e ao nível da Saúde, iremos assistir a um súbito aumento da taxa de mortalidade, principalmente entre os idosos, por uma manifesta insuficiência de capacidade de resposta dos serviços de Saúde, devido à falta de meios humanos e físicos. Actualmente, esta realidade já se instalou em muitos hospitais, em que os doentes graves não são vistos atempadamente, numa primeira consulta.
No próximo ano vão ocorre duas eleições. É com o nosso voto consciente que devemos rejeitar os partidos que querem destruir o Estado Social.

Alexandre de Castro

2018 08 25

terça-feira, 21 de agosto de 2018

FNAM denuncia documento sobre Saúde do PSD.



Comissão Executiva da FNAM
FEDERAÇÃO NACIONAL DOS MÉDICOS

O documento para a política de Saúde do Conselho Estratégico Nacional do PSD é uma escandalosa assumpção da destruição do SNS


A divulgação, ontem, de uma notícia em alguns orgãos de comunicação sobre a elaboração de um documento relativo à política da saúde para o nosso país a nível do PSD, implica as seguintes apreciações da parte da FNAM:

1- Apesar das notícias não divulgarem o conteúdo desse documento, a referência a alguns dos seus princípios enquadradores revelam que estamos perante uma clara linha de orientação partidária visando a destruição do SNS e o desencadeamento de um processo privatizador em benefício de empresas privadas que já subsistem à custa dos dinheiros públicos.

2- Esses princípios enquadradores não podem suscitar qualquer dúvida sobre os reais objectivos desse documento porque são uma cópia dos mesmos “expedientes” lançados em diversos países para destruir os serviços públicos de saúde e proceder à sua integral privatização.

3- O facto de o grupo de trabalho partidário que elaborou esse documento ser coordenado por um ex- ministro da saúde, Luís Filipe Pereira, que sempre se destacou por ter um assumido ódio visceral ao SNS mostra bem os objectivos subjacentes a essa iniciativa.

4- O facto de nesse grupo de trabalho estarem elementos que são assalariados de um grupo económico privado com negócios na área da saúde e que usufrui de dinheiros públicos, constitui uma intolerável promiscuidade entre interesses públicos e privados quando alguns intervenientes políticos tanto têm pregado a moralidade da vida política.

5- A FNAM, que está obrigada por disposições estatutárias e do seu programa de acção a defender intransigentemente o SNS e as carreiras médicas, terá uma atitude interventiva de enorme empenhamento na contestação e denúncia destas políticas que visam a privatização da saúde e a destruição do SNS. A assumpção desta posição político-partidária vai introduzir um novo factor de discussão nas próximas eleições nacionais que as tornarão num “plebiscito “ à manutenção do SNS.

Lisboa, 21/8/2018

A Comissão Executiva da FNAM
FEDERAÇÃO NACIONAL DOS MÉDICOS