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sexta-feira, 16 de julho de 2021

 


A uma poeta que voa nas asas dos pássaros...

 

Também eu te invento, todos os dias...

Também eu desespero com o absoluto inatingível...

Também és aconchego da minha alma torturada...

Também te leio, com deleite...

Também te espero, na viagem redentora do pássaro azul,

no alvoroço da madrugada...

Também te amo, embora tu não saibas...

E eu que não posso sentir-te, nem ver o teu olhar!...

Nem contigo respirar os aromas dos teus poemas

porque, para mim, o dia será sempre noite

e é na noite que eu expio as minhas penas....

 

Alexandre de Castro

 

Lisboa, Julho de 2016




 




Passei ao lado de uma nuvem negra, mas não morri…
Os anjos deram-me como morto, mas enganaram-se, e já se preparavam para me levarem à presença do Divino.
Consegui inverter a marcha, sem eles se aperceberem, e, sorrateiramente, comecei a descer por uma enorme escadaria de mármore, engalanada com grinaldas, e que me levou ao sítio de onde tinha partido.
E, finalmente, foi aí, que compreendi o que era a vertigem do tempo e a celeridada da vida.
Alexandre de Castro
Lisboa, Julho de 2021