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sábado, 8 de maio de 2021

Foi naquela tarde, em Borlänge...






Foi naquela tarde, em Borlänge...

 

À Tessa Asplund, a afro-sueca, de aspecto frágil, que fez parar a frente de uma manifestação de neo-nazis 

O teu gesto, que da razão fez a força, desarmou os que, através da força, querem ter sempre razão.

Há momentos de uma difusa claridade, em que a verdade se ilumina de repente e de uma forma fulminante.

AC

 

Foi naquela tarde, em Borlänge,

negra de bandeiras, de suásticas e de caveiras,

que, da fragilidade trémula de um caule,

nasceu uma flor.

Uma pérola negra do rebento de uma semente antiga

- da memória do tempo dos escravos -

venceu a Besta, que não pára de escoicinhar.

A arma secreta e mortífera foi esse teu gesto digno

de entrares nua no covill

e de derrubares as muralhas,

da fortaleza onde habitam as serpentes.

Ergueste o teu punho de prata,

onde guardas as sombras dos teus sonhos

e eu já não tive tempo

de oferecer-te um cravo vermelho, de Abril...

 

Alexandre de Castro

 

Lisboa, Maio de 2016

 

Ver notícia: 

https://www.jn.pt/mundo/interior/imagem-de-mulher-negra-a-enfrentar-neo-nazis-torna-se-viral-5159663.html


segunda-feira, 3 de maio de 2021

Poema aos ventos dos céus

 


Poema aos ventos dos céus

 

 Ah!... Como é dilacerante

a luta entre o Espírito e a carne

entre a Matéria e o Verbo

a Terra treme debaixo dos meus pés

quando amo

e todos os sonhos do mundo

cabem dentro de mim…

 

Não há paz no Universo

para meu sossego…

 

Procuro-te, oh deusa dos céus

dentro da minha visão lunática

que me leva ao princípio dos abismos…

 

Tudo se apaga à minha volta

e só consigo ver o luzeiro do céu estrelado,

e ouvir o galope dos ventos cósmicos

que te fecundam…

 

Alexandre de Castro

 

Lisboa, Outubro de 2015