terça-feira, 11 de junho de 2019
terça-feira, 21 de maio de 2019
Dissertação sobre o Big Bang…
Dissertação
sobre o Big Bang…
E naquele momento zero em que tudo começou,
no primeiro segundo cósmico,
surgido a partir do Nada
a energia, concentrada e tensa, explodiu
fazendo saltar matéria incandescente a alta
velocidade
para formar estrelas, cometas, planetas e
galáxias
a ensaiar uma louca dança orbital
e a obedecer com precisão infinita
à lei da gravitação universal.
Newton ainda estava a muitos anos-luz de
distância
na escala temporal, até uma maçã o despertar.
Galileu leu todos os sinais dos céus,
observou, fez experiências, analisou e calculou
e tudo ficou mais claro e transparente
para um cabal e definitivo entendimento.
Nem o Papa, que o mandou calar,
nem a sentença da Sagrada Inquisição
estancou aquele pensamento perverso
de ser a Terra continuamente a rodar
e de nunca ter sido o centro do Universo
desmentindo assim as verdades divinas
vertidas pela Fé nas Escrituras
e o Mundo continuou a girar, a girar,
rasgando segredos e descobrindo infinitos
com estrelas ainda a nascer
e outras a desaparecer, em lenta agonia cósmica
até um buraco negro as devorar
como se tudo se reduzisse a uma liminar equação
entre energia e matéria, na sua matemática
relação
e que Einstein revolucionariamente resolveu.
Mas há ainda uma outra lei desconhecida,
a do ciclo e do contra-ciclo, marcada pelo
tempo,
com o Universo a inverter-se e a matéria a
contrair-se
quando a
energia se esgotar e o espaço terminar,
deixando de se dilatar
aparecendo, então, uma força descomunal
a esmagar galáxias, estrelas, cometas e planetas
(fulminando a Humanidade, se ela ainda existir)
até a matéria se dissolver
e a energia regressar ao ponto inicial
para um outro Big Bang começar…
Alexandre de Castro
Lisboa,
Dezembro de 2008
sexta-feira, 17 de maio de 2019
terça-feira, 30 de abril de 2019
segunda-feira, 22 de abril de 2019
quinta-feira, 18 de abril de 2019
Dissertação sobre a ode à liberdade…
Dissertação
sobre a ode à liberdade…
A todos os tarrafalistas
e aos que tombaram pela liberdade
Já só tenho muros à minha volta
grades nas janelas sem vidraças
para que as palavras arrefeçam lentamente
escrevo nas paredes
os nomes e os símbolos
daquilo em que acredito
e já não tenho medo do carcereiro
nem do degredo
levo as mãos para as algemas
e olhos e alma para chorar
mas serei amanhã um homem livre…
Lisboa,
Novembro de 2007
sábado, 6 de abril de 2019
Brenda Fassie, a "Madona dos municípios"
Brenda Fassie, a "Madona dos municípios"
A "poeta" Maria Gomes homenageou, no Google+, Brenda Fassie, a cantora negra sul-africana, a quem a revista Time chamou a "Madona dos municípios", e que morreu precocemente em Maio de 2004. Era a voz dos marginalizados, escreve a "poeta", no seu texto. Era a voz da negritude, acrescentarei eu, num país que viveu a humilhação e o horror do apartheid.
Deixo aqui, a acompanhar o vídeo da malograda cantora, na sua interpretação de "Meneza", o texto e o belíssimo poema, que a "poeta" Maria Gomes lhe dedicou.
Deixo aqui, a acompanhar o vídeo da malograda cantora, na sua interpretação de "Meneza", o texto e o belíssimo poema, que a "poeta" Maria Gomes lhe dedicou.
Alexandre de Castro
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"A Madonna dos municípios" foi Brenda Fassie, cantora pop sul-africana. A sua voz foi a voz dos marginalizados do apartheid.
A sua voz leva-me aos difíceis anos 90, anos de guerra. Ressoava noite adentro, vindo algures das redondezas da minha casa... e eu ficava, muito quieta, entregue àqueles acordes e à noite, sentindo um
renascer da esperança. Brenda foi, também para mim, a luz da noite escura.
Ainda é.
renascer da esperança. Brenda foi, também para mim, a luz da noite escura.
Ainda é.
"A Madonna dos municípios" morreu aos 39 anos em Joanesburgo, a 9 de Maio de 2004, com uma overdose de cocaína. Seu colapso e consequente internamento no hospital Sunninghill foi notícia de primeira página na imprensa sul-africana. Nelson Mandela e Thabo Mbeki visitaram-na no hospital.
Poema
Imorredoura voz, mãe da serenidade aflorando
do abraço infinito em que regresso,
haverá um país talhado na cartografia do amor?
Ó fogo que arde, ó flor do tumulto,
dai-me uma ave imaginária, uma paisagem real,
para que eu viva um caudal de enlevo
e erga as cinzas do poema na obstinação e na candura.
__________mariagomes
//
2019 04 06
domingo, 24 de março de 2019
A "decapitação" de Theresa May
A
"decapitação" de Theresa May
Se Theresa May - uma política que me convenceu,
embora eu me encontre nos antípodas da sua linha ideológica - for
"decapitada" pelos deputados do seu próprio partido, o Reino Unido,
com o tempo, passará a ser uma colónia da Alemanha, como já o são Portugal e a
Grécia. Não colónias do tipo clássico, como o foram as colónias africanas do
passado, mas colónias em que a dominação é ocultada pela acção política e
financeira da UE, e que o cidadão comum não percebe. Deste modo, com a UE e
também com a instituição do Euro (à qual o Reino Unido ainda não aderiu), a
Alemanha, paulatinamente, está a marcar pontos, para obter o ambicionado
estatuto de grande potência mundial. Está a conseguir aquilo que não conseguiu
com as duas guerras mundiais, que desencadeou no século XX, e que, como
consequência, ditaram o declínio da Europa.
Theresa May, apesar de não ser favorável ao
Brexit, assumiu, como ponto de honra, obedecer ao resultado do referendo, que
lhe foi adverso, e tudo fez para que o Reino Unido saísse do campo armadilhado
da UE. Esta coerência e esta honestidade, que é rara no mundo da política, têm
de lhe ser reconhecidas.
Alexandre
de Castro
2019 03 24
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019
Poema onde cabe o silêncio...
Poema onde cabe o
silêncio…
Falas-me
todos os dias
naqueles
teus silêncios mudos
em
que és a excelsa esfinge
e
a inefável musa…
Falas-me
com os teus olhos líquidos
pousados
na minha sombra
para
eu ouvir o eco do teu corpo
e
eu sinto o aperto do teu abraço
a
envolver o mundo,
e
mergulho no teu sono
onde
estão guardadas todas as tuas jóias…
Caminho
pelos trilhos da escuridão
entre
mundos que se repetem e se consomem
na
voracidade do tempo…
Jamais
me encontrarei comigo próprio…
Sou a raiz viva de uma árvore morta…
Alexandre
de Castro
Lisboa,
Junho de 2016
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019
Um país que envelhece é um país que empobrece
Um país que envelhece é um país que empobrece
As perspectivas demográficas, para Portugal, não
são animadoras. Até 2080, Portugal perderá 2,6 milhões de habitantes e o número
de jovens diminuirá de 1,4 milhões para 900.000, revelou o INE, em Junho
passado, ao mesmo tempo que informou que o número de idosos deverá aumentar de
2,2 milhões para 2,8 milhões. “No futuro, mantém-se o declínio populacional e o
agravamento do envelhecimento demográfico”, antevê o INE.
Perante estas projecções, no final do século,
Portugal será um país de velhos. E um país que envelhece é um país que empobrece.
E eu não vejo os nossos políticos, os dos partidos do arco do poder (PS, PSD e
CDS), a encararem de frente este grave problema, preocupados que estão, a fim
de politicamente sobreviverem, em aplicar apenas políticas de curto e médio
prazo, muitas delas viciadas com o traiçoeiro e enganador eleitoralismo.
Em vez de construir, estamos, por antecipação e
por inércia, a destruir o Portugal do futuro, assumindo por inteiro aquele
adágio “quem cá fica que se amanhe”.
Alexandre
de Castro
2019 02 20
domingo, 17 de fevereiro de 2019
Último Testemunho de Unamuno...
Último Testemunho de Unamuno...
Tal como Pablo Neruda morreu dias depois do
golpe de Pinochet, também Miguel Unamuno não sobreviveu por muito tempo ao
golpe de Franco.
Morreu amargurado ao ver a sua Espanha dominada
pela barbárie fascista e suportou desassombradamente todos os enxovalhos e
insultos a que o submeteram as autoridades franquistas, logo no início da
Guerra Civil, destacando-se o célebre episódio ocorrido na sessão solene da
abertura do ano académico da Universidade de Salamanca, de que era reitor, onde
o grosseiro general franquista Millán Astray, que presidia, lançou o animalesco
grito "Muera la inteligência".
E foi com este mesmo bárbaro grito que os
assassinos de Garcia Lorca comemoraram com uma bebida, num bar de Granada, a
perpetração do seu hediondo crime.
Unamuno foi um dos mais brilhantes escritores da
sua geração. Pertenceu ao movimento literário, denominado "Geração de
98", onde também pontificavam Ortega y Gasset e Perez de Ayala. É
considerado um Príncipe das Letras Espanholas, juntando o seu nome à Galeria de
Honra formada por Cervantes e Quevedo.
Visitou várias vezes Portugal, onde tinha alguns
amigos, tendo enaltecido o facto das letras portuguesas, com a geração do
Orpheu, terem aderido rapidamente ao movimento modernista, nascido em Itália em
1910.
Alexandre
de Castro
sábado, 16 de fevereiro de 2019
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019
quinta-feira, 31 de janeiro de 2019
A realidade na Venezuela é esta: garantir, por parte dos EUA - e tal como aconteceu no Iraque e na Líbia - o controlo das maiores reserva de petróleo do mundo
Para se perceberem melhor as hipócritas
intenções dos EUA e dos países ocidentais, seus fiéis aliados, é necessário
rever o que se passou no Iraque e na Líbia, em que as respectivas invasões
militares, que destruíram aqueles dois países, foram justificadas pela cruzada
da democracia, e precedida pela diabolização de Saddam Hussein e de Kadafi, que
foram barbaramente assassinados, por mercenários dos países invasores. E o
denominador comum entre aqueles dois martirizados países e a Venezuela, é que
todos eles têm petróleo, no seu subsolo. Se a Venezuela de Maduro sucumbir aos
lacaios treinados pela CIA, os EUA ficam a dominar as principais reservas de
petróleo do mundo, o que constituirá uma enorme vantagem estratégica em relação
à Rússia e à China. E andam por aí uns tolos a reduzirem tudo isto à democracia, aos Direitos Humanos e à Liberdade, quando tudo não passa de uma
grosseira cabala para justificar o saque.
Alexandre de Castro
2019 01 30
sábado, 26 de janeiro de 2019
O Mundo emocionou-se com o drama do pequeno Julen
O Mundo
emocionou-se com o drama do pequeno Julen
Chegou ao fim o drama do pequeno Julen, que teve
um fim decepcionante, embora esperado. Um drama que emocionou o mundo, numa
grande e silenciosa manifestação solidária global, como já não se via há muito
tempo. Resta registar e louvar o esforço e a abnegação de toda a equipa de
salvamento, que, em condições muito adversas, foi rápida e eficiente na sua
actuação. Julgo que todos os seus elementos teriam chorado, perante o facto de
não terem encontrado o Julen com vida. Ficou, contudo, a consolação de
resgatarem o seu corpo morto, para que os seus pais o possam enterrar com toda
a dignidade, que a morte de um ente querido reclama.
Alexandre
de Castro
sábado, 19 de janeiro de 2019
A Revolta da Marinha Grande em 1934
A 18 de Janeiro de 1934, a Marinha Grande
acordou com um levantamento operário vidreiro contra a fascização dos
sindicatos enquadrada pelo Estatuto Nacional do Trabalho. Os revoltosos
conseguiram tomar o poder por algumas horas, mas a repressão de Salazar
acabaria por esmagar a revolta e enclausurar os revoltosos nos cárceres do
fascismo, onde alguns jaziram. Em 29 de Outubro desse ano, 57 marinhenses que
participaram no 18 de Janeiro inauguraram o Campo do Tarrafal, na ilha de
Santiago, em Cabo Verde
Jornal
AbrilAbril
***«»***
Estes homens foram os “Heróis” de um tempo em
que a fome não era uma metáfora.
Alexandre
de Castro
2019 01 19
segunda-feira, 14 de janeiro de 2019
MASSACRE INDÍGENA, MATO GROSSO DO SUL
AMAZÓNIA:
O massacre
das populações indígenas e a desmatação da Amazónia
Este apelo desesperado de uma indígena Guaanys
Kaiowà é de 2016. Em lágrimas, ela denunciava o massacre que estava a ser
perpetrado sobre o seu povo.
O mundo ficou calado e mudo!... Os governos
ocidentais, tão diligentes em condenar os países considerados inimigos de
estimação, por estes, supostamente, não respeitaram os direitos humanos, também
ficaram calados, tentando, assim, esconder a sua cumplicidade. O mesmo se pode
dizer da comunicação social, toda ela nas mãos das classes possidentes, que à
distância comandam o poder político.
E, com a eleição do fascista Bolsonaro, as
comunidades índias correm o risco de ser dizimadas, para abrir caminho ao
sector do agro-negócio, que pretende instalar-se na Amazónia, desmatando-a e
destruindo-a progressivamente, acções estas, que irão contribuir para o
agravamento das alterações climáticas.
Estamos na presença de crimes contra a
Humanidade, que é necessário denunciar em todas as instâncias. E a divulgação,
através das
redes sociais, deste vídeo e deste texto, poderá ser o início de um longo
caminho, se todos colaborarem.
Alexandre
de Castro
terça-feira, 18 de dezembro de 2018
LOUVOR
Centro Oncológico Dra.
Natália Chaves - Carnaxide
LOUVOR
A crítica fundamentada e objectiva envolve ou o
protesto indignado ou o elogio rasgado. E, neste caso, é o autêntico elogio que
o subscritor pretende expressar neste pequeno apontamento.
A primeira impressão positiva a registar, para
quem cruza este espaço, o Centro Oncológico Dra. Natália Chaves, remete para a
concepção arquitectónica do edifício, a marcar a sua modernidade, através do
estilo sóbrio das suas linhas rectilíneas e da nobreza, ajustadamente simples e
desnudada, dos materiais utilizados, quer no seu exterior, onde se consegue uma
harmonia com a paisagem ajardinada envolvente, quer, principalmente, no seu
interior, onde, num cruzamento de uma combinação feliz, se descobre uma
estética, despojada de inúteis maneirismos, e, ao mesmo tempo, se consegue
obter a respectiva funcionalidade, para o fim em vista.
Uma outra observação positiva, a registar, e
esta, talvez, a mais importante e a mais significativa, já que se trata da
humanização deste espaço, vai dirigida directamente para os funcionários da
instituição, com quem o subscritor mais lidou, ao longo destes dois meses do
seu tratamento. Embora não se encontre credenciado para proceder a uma qualquer
avaliação sobre as respectivas competências técnicas, o subscritor, de uma
forma indirecta e sumária, pode anotar, com toda a segurança, o bom desempenho
profissional desses funcionários, que se detecta pela forma expedita e segura
como cumprem os rigorosos protocolos instituídos, para cada função a
desempenhar. E tudo isto só é possível, porque a direcção da instituição soube
assumir uma gestão criteriosa e rigorosa dos procedimentos a aplicar para todas
as funcionalidades inerentes à sua missão. Assim se explica a ausência de
confusões e, a cada momento, o surgimento de uma grande aglomeração de doentes,
ao mesmo tempo que se proporciona e o seu atendimento atempado.
E, tal como uma cereja em cima de bolo, é de
registar a enorme e espontânea simpatia, sem ser compulsivamente forçada, com
que todos funcionários da instituição envolvem os doentes. E aqui, embora não
pretenda discriminar ninguém, e, talvez, porque o acaso determinou uma maior
frequência de contactos no processo de atendimento, é de toda a justiça
destacar a simpatia e o aprumo profissional da recepcionista, D. Sónia Canelas.
E é, principalmente, pelo ângulo desta
perspectiva humanizante, que o subscritor regista, com agrado, o seu
agradecimento aos profissionais de enfermagem e aos técnicos de radioterapia,
bem diferenciados tecnicamente, às recepcionistas, diligentes e simpáticas, no
atendimento, aos funcionários administrativos e aos imprescindíveis
funcionários auxiliares, e isto sem esquecer a valiosa prestação da médica,
Dra. Rosário Vicente, assim como a oportuna intervenção avulsa da senhora
enfermeira Paula Dias, a quem o subscritor apelidou amavelmente de a sua
querida torturadora.
Alexandre
Lopes de Castro
Jornalista
Lisboa,17 de Dezembro de
2018
domingo, 2 de dezembro de 2018
A França sempre nos habituou a ser a aurora das revoluções.
A França sempre nos habituou a ser a aurora das
revoluções. E, agora, já não são os estudantes românticos do Maio 68 a
manifestar-se, nem os operários a fazer greves, uns e outros já domesticados
pelo sistema. Agora, são todos aqueles franceses da França profunda e "do
fim do mês difícil", que apoiam este movimento dos coletes amarelos, um
movimento que poderá vir a ser capturado pela extrema - direita, se é que o
referido movimento – sem liderança visível e que se apresenta como uma
estrutura inorgânica e horizontal – não nasceu por uma sua secreta inspiração.
De qualquer maneira, vem-nos à cabeça o Maio 68.
Alexandre
de Castro
segunda-feira, 29 de outubro de 2018
No Brasil, ganhou o fascismo...
No Brasil, ganhou o fascismo...
O fascista Bolsonaro ganhou. Perdeu a democracia
e perdeu o Brasil. E, possivelmente, vão perder muitos países, na América
Latina e na Europa, onde os partidos radicais de extrema-direita, já
instalados, vão ganhar, por contágio, um novo alento, para tentarem a
fascização do poder político, inspirando-se no exemplo de Hitler, que também
ganhou o poder, através de eleições, explorando com astúcia a fraqueza dos
partidos democráticos tradicionais, que se esgotavam nas suas contradições.
O Brasil é um país democraticamente fraco, muito
dividido etnicamente e socialmente, escandalosamente desigual na distribuição
da riqueza e com uma incultura política elevada, a tal ponto que acabou por
eleger um presidente que prometeu recorrer, implicitamente, ao assassinato das
minorias. Hitler também também prometeu assassinar os judeus, e cumpriu.
Não pretendo fazer futurologia, mas vaticino que
as coisas, no Brasil, vão correr muito mal.
Alexandre
de Castro
sábado, 27 de outubro de 2018
O Brasil a caminho do seu labirinto...
O Brasil a
caminho do seu labirinto
Eu já não tenho dúvidas de que estas eleições,
no Brasil, foram milimetricamente preparadas para desencadear um movimento insurreccional
generalizado, que justifique a institucionalização de um regime autoritário e
repressivo, que restrinja as liberdades e que dissemine o medo e o terror.
Quando agentes do Estado, em vésperas de uma
eleição, de uma importância crucial, invadem as universidades para intimidar
professores e alunos, suspeitos de ideologias de esquerda (ver aqui), é porque
existe uma oculta intenção de apagar as pegadas da democracia brasileira e de
iniciar um novo ciclo, o das "ditaduras
democráticas" ou das "democracias musculadas".
Amanhã, quando Bolsonaro começar a fazer as
razias étnicas e políticas, que prometeu, os que nele votarem não poderão vir
dizer que não sabiam, nem se poderão queixar, no caso de vierem a ser vítimas
da sua fúria e da sua crueldade fascista.
Alexandre
de Castro
2018 10 27
domingo, 21 de outubro de 2018
Considerações sobre o dilema da democracia
Considerações
sobre o dilema da democracia
Alexandre Guerra escreveu, no jornal PÚBLICO, de
30 de Setembro último, um artigo muito didáctico e muito bem estruturado, sob o
título “O dilema da democracia", em que, no fundo, pretendia encontrar uma
explicação para o sucesso das democracias ditas (i)leberais (Rússia e Turquia e
outros países), em que, segundo ele, os eleitores, paradoxalmente, e em plena
liberdade, têm escolhido normalmente um líder autoritário, uma ocorrência que
ele estranha.
Isto acontece, porque o autor, implicitamente,
parte do errado princípio de que as democracias liberais dos países ocidentais
enquadram o sistema político mais perfeito, o que, para mim, não é verdade. E
não é verdade, porque nas chamadas democracias liberais, como as instituídas na
Europa e nos EUA, o sistema encontra-se viciado, uma vez que tudo foi
concebido, no pós-guerra, para que aos eleitores fossem apresentados dois
fortes partidos políticos, um retintamente liberal e o outro ornamentado com
uma cosmética socializante, e que apenas divergiriam nos pormenores da
governação, sendo, contudo, obrigatoriamente iguais, nos aspectos
verdadeiramente estruturantes do poder político e na obstinada aceitação do
modelo económico liberal único, anti-socialista e anticomunista.
Assim, através deste enganador processo, os
actuais regimes políticos liberais garantem aos detentores do grande capital o
controlo indirecto e remoto de toda uma política que os favoreça. E isto não é
imediatamente percebido, pela maioria dos eleitores.
Alexandre
de Castro.
terça-feira, 16 de outubro de 2018
Saúde: a gestão pública, a gestão privada e a parasitação dos dinheiros públicos - Mário Jorge Neves
Saúde: a gestão pública, a gestão privada e a parasitação dos dinheiros públicos
Durante largos anos a máquina de propaganda
político-ideológica dos sectores privados e dos quadrantes partidários à
direita, insistiram na cassete da superioridade da gestão privada em relação à
gestão pública.
À medida que a dura realidade dos factos foi
mostrando as sucessivas e catastróficas falências de grandes impérios
multinacionais essa cassete perdeu vitalidade e foi procurando encontrar novas
formas de propaganda mais ou menos dissimulada contra os serviços públicos de
saúde sempre envoltas em abundante terminologia tecnocrática.
Aliás, estes mesmos sectores surgiram há meia
dúzia de anos atrás, em plena crise económica, a apelar à nacionalização dos
bancos falidos.
A última versão desta propaganda surgiu com a
apresentação pública do documento estratégico para a Saúde da actual direcção
do PSD ao afirmar expressamente que “... para a população nada muda, sendo
indiferente para os utentes se a unidade é gerida pela iniciativa privada,
pública ou social”.
Indiferente? Mas que embuste monumental !!!
Para os utentes não é indiferente porque a sua
carga fiscal serviria para financiar empresas privadas parasitárias dos
dinheiros públicos e assistiríamos, como noutros países, como é o caso mais
gritante dos Estados Unidos, à selecção adversa dos doentes e à mera procura do
lucro que iria beneficiar os accionistas das empresas a quem a gestão privada
fosse entregue.
Por outro lado, a gestão pública e a gestão
privada têm objectivos distintos e não misturáveis. Não se tratam de modelos
assépticos nos planos político e ideológico.
A campanha política que tem envolvido maiores
investimentos “publicitários” dos detractores do SNS é, como já referi, a da
suposta superioridade natural da gestão privada relativamente à gestão pública.
Segundo os arautos desta campanha, a gestão
pública seria sempre ruinosa, conduzia a graves desperdícios, e traduzia-se por
baixos níveis de eficiência. Além disso, o Estado era sempre um mau gestor, não
demonstrando capacidade para rentabilizar os recursos existentes, conduzindo a
uma permanente insatisfação dos cidadãos.
Quanto à gestão privada, a sua própria natureza
seria, desde logo, uma garantia de êxito e possibilitaria obter resultados
muito superiores a nível do funcionamento dos serviços de saúde e da própria
satisfação dos utentes. De acordo com a experiência existente em diversos
países e com múltiplos estudos efectuados, mesmo no plano específico da saúde,
não se verifica qualquer evidência acerca desta apregoada
superioridade.
Uma das operações teóricas e políticas mais bem
sucedidas do neoliberalismo foi instaurar os debates em torno da oposição
estatal / privado.
A deslocação do debate para este eixo traduz-se
numa situação de favorecimento das teses neoliberais, em que o estatal é
caracterizado como ineficiente, aquele que cobra impostos e desenvolve maus
serviços à população, como burocrático, como corrupto, como opressor, enquanto
que o privado é promovido como espaço de liberdade individual, de criação, de
imaginação, de dinamismo.
Como refere o Prof. Emir Sader, a oposição
estatal / privado reduz o debate a dois termos que, na realidade, não são
necessariamente contraditórios, porque o estatal não é um pólo, mas um campo de
disputa que, nos nossos tempos, é hegemonizado pelos interesses privados.
Quanto ao privado, ele não constitui a esfera
dos indivíduos, mas representa os interesses mercantis, como se verifica nos
processos de privatização, que não se traduziram em processos de desestatização
em favor dos indivíduos e beneficiaram as grandes corporações privadas, as que
dominam o mercado.
Dentro do próprio Estado desenvolve-se, de forma
surda ou aberta, o conflito e a luta entre os que defendem os interesses
públicos e os interesses mercantis, entre o que Pierre Bourdieu chamou de
braços esquerdo e direito do Estado. Nesse sentido, a polarização essencial não
se verifica entre o estatal e o privado, mas entre o público e o mercantil (
Emir Sader;Público Versus mercantile).
Em meados da década de 1980, o Banco Mundial
(BM) publicou um documento intitulado “O financiamento dos serviços de saúde
dos países em desenvolvimento: Uma agenda para a reforma”. (Frenk, J.. El
financiamento como instrumento de política pública. Bol. Of. Sanit. Panam.,
103(6), 1987.) Este documento colocava, entre outras, as seguintes concepções
orientadoras:
Os serviços curativos só produzem benefícios
privados, ou seja, benefícios ao consumidor directo do serviço e não à
sociedade no seu conjunto.
Existência de um sector dominante de serviços
curativos localizados no sector privado, e de um sector governamental paralelo
de prevenção e tratamento básico para os pobres.
Defesa de um modelo fragmentado de prestação de
cuidados.
Cobrança de taxas aos utentes dos serviços de
saúde.
Desenvolvimento de seguros de saúde.
Emprego eficiente dos recursos não
governamentais, (numa clara perspectiva de rápido desenvolvimento da iniciativa
privada).
Apologia extrema da suposta superioridade total
dos serviços privados.
Descentralização dos serviços governamentais de
saúde, acompanhada da forte diminuição do volume de serviços da
responsabilidade do Estado.
A doutrina ideológica neoliberal deriva deste
tipo de documentos oriundos de entidades multinacionais como o BM,
representando a sua designação, por si só, uma tentativa de denegrir o
liberalismo e o seu significado de progresso social e político.
Enquanto nos séculos XVIII E XIX o liberalismo
foi a expressão do próprio desenvolvimento do capitalismo empenhado em liquidar
as excessivas tutelas e os entraves feudais, o neoliberalismo traduz-se, agora,
numa acção oposta ao desenvolvimento e progresso das sociedades.
A palavra neoliberalismo passou a ser uma forma
elegante de chamar aos mais conservadores o que antes era designado por
retrógrado ou reaccionário e uma etiqueta com que se encobre a moderna economia
de mercado.
Analisando os factos no seu respectivo contexto
histórico, importa ter em conta que no século XIX o liberalismo significou a
consolidação dos conceitos de liberdade e democracia, encarnando os esforços de
progresso, de avanço científico e de desenvolvimento das nações.
O liberalismo opôs-se ao dirigismo do Estado,
enfrentou o despotismo, foi ideário da tolerância e da fraternidade humana.
Os graves resultados económicos e sociais a que
tem conduzido a “economia de casino” do neoliberalismo só poderá prosseguir com
regimes políticos cada vez mais autoritários e repressivos.
São estes resultados que têm determinado, em
grande medida, a emergência da extrema-direita em diversos países europeus e
latino-americanos.
Defender a gestão por privados nos serviços
públicos é o mesmo que querer misturar azeite e água.
A gestão pública e a gestão privada têm
finalidades diferentes.
A gestão pública tem como foco fundamental o bem
comum da sociedade e a sua evolução civilizacional, a gestão privada está
vocacionada para o lucro, o consumo e o negócio.
A gestão pública existe para atingir uma missão
que é considerada socialmente valiosa, a gestão privada existe para maximizar o
património dos accionistas, tendo com critério de bom desempenho o resultado
financeiro.
A gestão pública visa a criação de valor público
e a gestão privada visa ganhar dinheiro para os seus acccionistas e
proprietários mediante a produção de bens e serviços vendidos com lucro.
As organizações públicas têm um controle político do Estado por meio de eleições. Já nas empresas privadas, o controle é exercido pelo mercado por meio da concorrência entre as companhias e pelos accionistas.
É possível assegurar o bem comum com a gestão
privada de serviços públicos?
É possível conciliar bem comum e desenvolvimento
social com a maximização dos lucros dos accionistas?
Uma das cassetes propagandísticas desses
sectores partidários e comerciais foi a de que sendo uma gestão privada
saberiam gerir melhor.
Mas o que é escandaloso é estes sectores
insistirem no seu fundamentalismo com a burka neoliberal, quando há poucos anos
atrás assistimos à derrocada de diversas multinacionais e grandes consórcios
bancários, reveladores do fracasso da gestão privada. É igualmente escandaloso
que virem os seus apetites para os serviços públicos de saúde quando o nosso
SNS está entre os melhores sistemas de saúde a nível mundial e quando é o
próprio director –geral da OMS a afirmá-lo de forma eloquente.
Apesar das insuficiências e limitações do nosso
SNS, que se tornam mais perceptíveis porque se trata de um serviço público que
presta serviços todas as horas de cada dia e todos os dias de cada ano, aquilo
que está em causa é sua redinamização e adequação às novas exigências,
defendendo-o de quem quer apropriar-se dos dinheiros públicos para aumentar os
lucros dos seus accionistas.
Perante a dimensão da ofensiva contra o SNS,
importa agregar amplos apoios e vontades que impeçam a destruição da maior
conquista política, social e humana da nossa Democracia.
Mário
Jorge Neves, médico, dirigente sindical
sexta-feira, 12 de outubro de 2018
Morreu o Capitão de Abril, Coronel Diamantino Gertrudes
Morreu o
Capitão de Abril,
Coronel
Diamantino Gertrudes
Morreu o meu grande amigo Diamantino Gertrudes,
um dos valorosos capitães de Abril.
Sublinho aqui as suas grandes qualidades morais
e a sua nobreza e integridade de carácter, assim como a amizade que nos uniu,
desde os tempos do liceu de Lamego e do liceu de Viseu, além de destacar as
virtualidades da sua obra literária, que, como romancista, evidenciou.
Nos tempos actuais, uniu-nos também a
cumplicidade da mesma identidade ideológica.
Vou recordá-lo sempre com muita saudade.
O então capitão Diamantino Gertrudes, que
comandou, na redentora madrugada de 25 de Abril de 1974, uma coluna militar, e que
partiu do quartel de Viseu (RI14) com destino a Lisboa. libertou, pelo caminho,
os presos políticos do Forte de Peniche, ao mesmo tempo que encarcerou os
respectivos guardas prisionais.
Alexandre
de Castro
2018 10 12
***«»***
Deixo
também aqui o texto necrológio do amigo comum, Joaquim Pereira Silva, em cujo
site li a dolorosa notícia e de onde retirei o vídeo com a entrevista do
Diamantino (coronel de Infantaria reformado):
"Para
que a memória se não apague.
Faleceu
hoje o meu grande amigo, Coronel Diamantino Gertrudes da Silva, capitão de
Abril.
Pela sua
verticalidade, coerência e honestidade intelectual, merece toda a minha
gratidão.
Sinto-me
honrado pela amizade que sempre me dedicou".
domingo, 7 de outubro de 2018
A mancha especulativa no arrendamento de habitação alastra em Lisboa
A mancha especulativa no arrendamento de habitação alastra
em Lisboa
Os agentes das grandes agências imobiliárias,
nacionais e estrangeiras, descobriram um lucrativo nicho no mercado da
habitação, e querem (a bem da Nação) transformar Lisboa numa cidade
internacional, habitada por reformados ricos de outras nacionalidades. Os
predadores iniciaram a sua acção, há uns seis anos atrás, mediando a compre e
venda dos palacetes históricos, depois, assaltaram de surpresa, sem dó nem
piedade, os bairros históricos da cidade, provocando, com os despejos ocorridos,
uma autêntica razia entre a população idosa e pobre, que foi varrida do mapa,
com indemnizações miseráveis. E, agora, já começaram a espalhar a mancha
especulativa pela avenida Almirante Reis, Areeiro e bairro de Alvalade, o que
já está a inflacionar os valores das rendas, valores esses impossíveis de
suportar pela classe média.
Este é o resultado da legislação da Assunção
Cristas, do governo da "troika",
que, na sua acção legislativa, eliminou direitos, que protegiam os
arrendatários idosos, e que, só agora, o governo PS, empurrado pelo PCP e BE,
minorou em parte, pois ainda ficaram algumas pontas soltas na nova legislação,
às quais os especuladores vão agarrar-se, para continuar a sua acção predadora
e desumana.
Alexandre de Castro
2018 10 07
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