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sexta-feira, 10 de julho de 2009

BPP: Dá-me um porco, que eu dar-te-ei um chouriço...


BPP: Um novo esquema manhoso para sacar dinheiro ao Estado

Se quisermos perceber o significado do conceito “empreendedorismo” em Portugal, aquele que os empresários, banqueiros e gestores assimilaram ao longo do tempo para seu exclusivo benefício, basta olhar para a última manobra ensaiada à volta do BBP, um banco destinado a gerir unicamente as grandes e médias fortunas, na base da especulação bolsista, e que, por isso mesmo, não tinha nenhuma relevância para a economia nacional.
A Orey Antunes, uma empresa centenária, dedicada ao sector da navegação, num golpe de génio assaloiado, resolveu apresentar à Comissão de Mercado de Valores Imobiliários, ao Banco de Portugal e ao governo, uma proposta de compra, à Privado Holding, do BPP e de mais duas das suas empresas, pelo valor simbólico de um euro, com a condição de o Estado integrar a futura estrutura accionista daquele banco, reconvertendo em acções preferenciais o aval concedido em Dezembro de 2008 a um empréstimo de um consórcio bancário, no valor de 450 milhões de euros, o que evitou momentaneamente a sua falência. Nessa mesma proposta, a Orey Antunes, através do seu presidente executivo, Duarte d’ Orey, reclama o domínio total da gestão do banco.
Com este esquema manhoso, e segundo uma fonte ligada ao processo, citada pelo jornal Público, o Estado entraria com dinheiro vivo, executando o aval junto dos bancos credores do BPP, mas seriam estes a engrossar a estrutura accionista. O estado ficaria apenas com acções preferenciais, com direito aos dividendos correspondentes.
Seria a suprema consumação da metáfora, “se me deres um porco, dou-te um chouriço”.
Mantendo a coerência das posições assumidas anteriormente, o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, já veio tranquilizar a opinião pública, alarmada perante mais esta tentativa de despudorado assalto aos dinheiros públicos, adiantando que aquele negócio não interessa ao Estado, sendo apenas da exclusiva responsabilidade das entidades privadas envolvidas.
Neste caso concreto, elogia-se, a este ministro, a indefectível postura de defesa do interesse dos contribuintes, que já estão fartos de dar porcos, e de apenas receber chouriços.

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